Poesia Intimista

Daniela Diana
Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

A poesia intimista (ou introspectiva) é uma classificação dada aos poemas que possuem um caráter mais íntimo. Ou seja, que expõe as emoções e sentimentos do autor, do eu lírico ou das personagens envolvidas.

Trata-se de uma tendência explorada sobretudo pelos escritores modernistas, ainda que seja notório sua existência em outras escolas literárias, por exemplo, no simbolismo.

Principais características da poesia intimista

  • Exploração da alma humana;
  • Introspecção, emoção e reflexão;
  • Sensibilidade e musicalidade;
  • Conflitos pessoais do indivíduo;
  • Valorização do psicológico;
  • Questões espirituais e metafísicas;
  • Universo onírico (sonho);
  • Exploração do consciente e inconsciente.

Literatura Intimista no Brasil

No Brasil, muitos escritores modernos adotaram a literatura intimista seja na prosa ou na poesia. Sem dúvida, na literatura intimista produzida no Brasil, merecem destaque as escritoras modernistas Clarice Lispector e Cecília Meireles.

Ambas produziram obras em prosa e poesia e, além delas, outros escritores brasileiros se dedicaram a essa tendência, a saber: Lya Luft, Lygia Fagundes Telles, Fernando Sabino, dentre outros.

Poesia Intimista de Cecília Meireles

Cecilia Meireles é uma das mais importantes representantes da poesia intimista no Brasil. Em sua obra, composta de poesias, contos, crônicas e literatura infantil, podemos observar características do simbolismo e do modernismo.

Desse modo, Cecília revela maior preocupação em compreender a alma humana, mesclando o sonho, a realidade e a fantasia.

Assim, produziu diversas obras poéticas numa linguagem simples, lírica, mística, filosófica e notadamente com forte visão e sensibilidade feminina. Sua poesia é, por vezes, questionadora e melancólica, ao revelar aspectos do interior do ser humano.

Exemplo de Poesia Intimista

Romantismo, de Cecília Meireles

Quem tivesse um amor, nesta noite de lua,
para pensar um belo pensamento
e pousá-lo no vento!

Quem tivesse um amor – longe, certo e impossível –
para se ver chorando, e gostar de chorar.
e adormecer de lágrimas e luar!

Quem tivesse um amor, e, entre o mar e as estrelas,
partisse por nuvens, dormente e acordado,
levitando apenas, pelo amor levado...

Quem tivesse um amor, sem dúvida nem mácula,
sem antes nem depois: verdade e alegoria...
Ah! Quem tivesse... (Mas, quem teve? quem teria?)

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Daniela Diana
Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.