Poesia Parnasiana
A Poesia Parnasiana reflete o realismo poético, embora existam pontos discordantes entre os dois movimentos.
Na Poesia Parnasiana, a estética é traduzida pela "arte pela arte" ou, ainda, a "arte sobre a arte". É o movimento da perfeição literária.
Características da poesia parnasiana
- Endeusamento à forma perfeita
- Rigidez dos versos
- Postura anti-romântica
- Objetividade Temática
- Negação ao sentimentalismo
- Impessoalidade
- Impassibilidade
- Descrições objetivas
- Culto à arte da Antiguidade Clássica
- Rima rica, rara e perfeita
Influências da poesia parnasiana
O Parnasianismo é um movimento literário surgido na França e tem como inspiração o Parnaso Contemporâneo, o monte grego consagrado a Apolo, deus da luz e das artes. O monte ainda é uma homenagem às musas mitológicas ligadas à arte.
A poesia parnasiana brasileira
A Poesia Parnasiana reflete a reação na literatura poética às grandes transformações ocorridas ao fim do século XIX e início do século XX. Essa mesma estética da perfeição inicia-se no ao fim da década de 1870.
Em 1878, os jornais cariocas passam a exibir o movimento que ficou conhecido como Batalha do Parnaso. O Parnasianismo perdura até a Semana de Arte Moderna de 1922.
A perfeição, contudo, não impõe a subjetividade. Ao contrário, a Poesia Parnasiana assume uma clara postura anti-romântica. Há o culto à forma, uma objetividade temática que surge tendo a negação ao sentimentalismo típico e claro do Romantismo.
A Poesia Parnasiana ainda incita a impessoalidade e a impassibilidade. O resultado ao abandono do subjetivismo, considerado decadente, é uma poesia universalista, tendo como marca descrições objetivas e impessoais.
Autores brasileiros parnasianos
Os autores brasileiros que assumem o modelo Parnasiano de maior destaque são Olavo Bilac, Raimundo Corrêa e Alberto de Oliveira. Juntos, formam a chamada Tríade Parnasiana.
Os autores ainda lançam mão do racionalismo e das formas perfeitas, típicas da Antiguidade Clássica. O resultado é uma poesia de meditação, com indução ao pensamento filosófico.
O culto à arte da Antiguidade Clássica também é marcante neste movimento. Assim, a forma fixa apresentada é a de sonetos, tendo a métrica revelada por versos alexandrinos - que têm 12 sílabas - e os versos decassílabos perfeitos.
A rima deve ser rica, rara e perfeita, ou seja, há o endeusamento da forma. Tudo isso contrapondo-se aos versos livres e bancos.
1. Alberto de Oliveira (1857-1937)
Alberto de Oliveira é considerado um dos mais fieis autores do Parnasianismo no Brasil. O autor começa a seguir as características da Poesia Parnasiana a partir de sua segunda obra, "Meridionais". O livro é considerado o mais perfeito de todos as obras parnasianas.
A temática de Alberta Oliveira ficou restrita ao âmbito das rigorosas determinações da escola. Entre eles, uma poética descritiva que abrangia desde a natureza até meros objetos, com exaltação clara às formas.
Uma impassibilidade por vezes traída pelos tons intimistas de alguns sonetos, o culto da arte pela arte e a exaltação da Antiguidade Clássica.
Em seus poemas, deve-se destacar a perfeição formal, a métrica rígida e a linguagem extremamente trabalhada, que às vezes chega ao rebuscamento.
Seus poemas mais conhecidos são os: Vaso Grego, Vaso Chinês e A estátua.
Vaso Chinês
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármore luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.
Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
2. Raimundo Correia (1859-1911)
Raimundo Correia iniciou a trajetória de autor enquadrado na escola do Romantismo, com o livro "Primeiros Sonhos", publicado em 1879. A obra demonstra clara influência do estilo de Gonçalves Dias, passeando até Castro Alves.
O autor assume o Parnasianismo a partir do livro Sinfonias, publicado em 1883.
Sua temática é a da moda da época: a natureza, a perfeição formal dos objetos, a cultura clássica; merece destaque apenas sua poesia filosófica, de meditação, marcada pela desilusão e por um forte pessimismo.
Há de se destacar, também, a força lírica de Raimundo Correia, principalmente ao cantar a natureza quando atinge belos versos impressionistas.
As Pombas
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
3. Olavo Bilac (1865-1918)
Olavo Bilac é o único dos autores da Tríade Parnasiana a iniciar os trabalhos assumindo de maneira integral a estética da escola literária. Procurou, desde o início de seu trabalho, a perfeição formal tão característica do movimento.
Bilac escrevia versos perfeitamente metrificados. Para Bilac, o poeta deve trabalhar a poesia pacientemente - como se fosse um monge beneditino - do mesmo modo que um ourives trabalha uma joia, buscando o relevo, a perfeição formal, servindo a Deusa Forma.
O autor lança mão de uma linguagem elaborada. É comum se valer de constantes inversões da estrutura gramatical, da busca um efeito poético mais rico para os padrões parnasianos.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito.
Assim procedo. Minha pena
Segue essa norma.
Por te servir, Deusa Serena,
Serena Forma.
Saiba mais sobre o tema:
Para praticar: Exercícios sobre Parnasianismo
DIANA, Daniela. Poesia Parnasiana. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/poesia-parnasiana/. Acesso em: