Poesia Simbolista

Daniela Diana
Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

A poesia simbolista é aquela produzida no final do século XIX durante o movimento simbolista. Ele teve início na França com a publicação da obra “As Flores do Mal” (1857) do escritor francês Charles Baudelaire (1821-1867).

A poesia simbolista está repleta de misticismo e musicalidade, característica explorada, sobretudo, pelo uso das figuras de som (aliteração, assonância, onomatopeia e paronomásia) e ainda, pela escolha de temas como o amor, o tédio, a morte e a espiritualidade humana.

Principais características da poesia simbolista

  • Negação dos valores do realismo e naturalismo
  • Oposição ao Racionalismo e Materialismo
  • Subjetivismo, individualismo e musicalidade
  • Uso de figuras de linguagem
  • Misticismo, fantasia e espiritualismo
  • Temáticas sombrias, misteriosas, religiosas e sensuais
  • Linguagem imprecisa e vaga
  • Exploração da criatividade e imaginação
  • Aspectos do consciente e subconsciente

Poesia Simbolista Brasileira

Na poesia simbolista brasileira merecem destaque os escritores Cruz e Sousa (1861-1898), Alphonsus de Guimaraens (1870-1921) e Augusto dos Anjos (1884-1914).

Exemplos de Poesia Simbolista

Para compreender melhor a poesia simbolista segue abaixo dois exemplos:

Elevação

Por sobre os pantanais, os vales orvalhados,
As montanhas, os bosques, as nuvens, os mares,
Para além do ígneo sol e do éter que há nos ares,
Para além dos confins dos tetos estrelados,

Flutuas, meu espírito, ágil peregrino,
E, como um nadador que nas águas afunda,
Sulcas alegremente a imensidão profunda
Com um lascivo e fluido gozo masculino.

Vai mais, vai mais além do lodo repelente,
Vai te purificar onde o ar se faz mais fino,
E bebe, qual licor translúcido e divino,
O puro fogo que enche o espaço transparente.

Depois do tédio e dos desgostos e das penas
Que gravam com seu peso a vida dolorosa,
Feliz daquele a quem uma asa vigorosa
Pode lançar às várzeas claras e serenas;

Aquele que, ao pensar, qual pássaro veloz,
De manhã rumo aos céus liberto se distende,
Que paira sobre a vida e sem esforço entende
A linguagem da flor e das coisas sem voz!

(“As Flores do Mal” de Charles Baudelaire)

Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava longe do céu...
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar. . .
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma, subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

(Alphonsus de Guimaraens)

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Daniela Diana
Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.