Pré-história Brasileira
Chama-se pré-história brasileira ou período pré-cabralino, o momento para a história do Brasil antes da chegada do navegador português Pedro Álvares Cabral, em 1500.
Na atualidade, o uso do termo “pré-história” tem sido criticado, por denotar uma visão eurocêntrica de mundo, na qual se negava a história dos povos que não possuíam escrita.
Desta forma, têm sido preferidos os termos “pré-cabralino” (antes de Pedro Álvares Cabral) ou “pré-colombiano” (antes de Cristóvão Colombo).
Os pesquisadores também têm buscado alternativas para as fases deste período histórico, tradicionalmente dividido em paleolítico, mesolítico e neolítico.
Deste modo, os arqueólogos brasileiros têm utilizado a periodização pelas eras geológicas, quando mudanças climáticas alteraram os modos de vida dos povos que ocupavam este território.
Assim, temos: pleistoceno (início do povoamento do continente, há pelo menos 12 mil anos ou mais) e holoceno (de 12 mil anos atrás até a chegada dos colonizadores europeus).
A principal fonte de estudos para a história pré-cabralina é a arqueologia, pela análise de vestígios materiais, como fósseis e pinturas rupestres, dentre outros. Para datas mais recentes, também têm sido utilizados estudos linguísticos e da mitologia dos povos indígenas.
Primeiros humanos no Brasil
A presença humana no território hoje ocupado pelo Brasil data de, pelo menos, 12 mil anos, conforme evidências arqueológicas.
Ao menos duas diferentes rotas migratórias contribuíram para o deslocamento na América pré-colombiana (antes da chegada de Cristóvão Colombo, em 1492).
Os primeiros humanos surgiram na África há 3,2 milhões de anos. Assim, é correto afirmar que os seres humanos vieram daquele continente através de ondas migratórias.
A corrente mais aceita é a migração através da passagem do Estreito de Bering em diferentes períodos. Desta maneira, os seres humanos chegaram ao Alasca e, de lá, partiram para o restante do continente.
Outra rota de deslocamento seria a do Pacífico. Como a altura do mar era mais baixa e havia mais ilhas ao longo do oceano, os seres humanos puderam vir navegando à Patagônia e à região que hoje corresponde ao Brasil.
Características dos primeiros habitantes do Brasil
Os habitantes da pré-história brasileira são divididos em três grupos: caçadores-coletores, povos agricultores e povos do litoral.
Caçadores-coletores
Viviam em quase todo o território nacional entre 50 mil e 2,5 mil anos. Ocupavam do Sul ao Nordeste, habitavam cavernas e a floresta, usavam arcos e flechas, boleadeiras e bumerangues feitos de pedra.
Alimentavam-se de carne de caça de pequenos animais, peixes, moluscos e frutos. No Nordeste é possível encontrar exemplos da arte rupestre destas pessoas que retratavam o cotidiano, a guerra, a dança e a caça.
No Sul, destaca-se os "homens de Umbu", que viveram nos pampas gaúchos. Estes foram os responsáveis pelo uso de arco e flecha herdado pelos indígenas brasileiros.
Povos do litoral ou sambaquis
Os povos do litoral ocupavam a costa brasileira desde o Espírito Santo até o Rio Grande do Sul há 6 mil anos. Alimentavam-se, basicamente, de frutos do mar, mas também eram coletores.
Os homens dos sambaquis eram sedentários, pois não tinham necessidade de deslocar-se para buscar alimentos.
As conchas descartadas, com as quais obtinham os moluscos, foram se amontoando e, assim, foram aproveitadas para construção de casas. O termo “sambaquis” tem origem na língua tupi-guarani e significa, justamente, “monte de conchas”. Estes são os principais vestígios para estudar este povo.
Também foram localizadas sepulturas nas quais os corpos eram enterrados com vários objetos e pintados de vermelhos. Para os arqueólogos, isto é um indício de que os homens sambaquis realizavam ritos funerários e acreditavam numa outra vida.
Povos agricultores
Viveram de 3,5 mil a 1,5 mil anos atrás. Habitavam cabanas ou casas subterrâneas e eram conhecedores da técnica da cerâmica.
No Rio Grande do Sul foram chamados de Itararés e no Sudeste e Nordeste, de Tupis. Esses povos deram origem aos povos indígenas do Brasil.
Os tupis conheciam a agricultura e, por isso, eram sedentários. A cerâmica era usada para armazenar alimentos e como urnas funerárias quando alguém falecia.
Sítios arqueológicos brasileiros
Os sítios arqueológicos são locais onde foi detectada a presença de seres humanos na pré-história.
No Boqueirão da Pedra Furada (PI), um grupo de arqueólogos, chefiado pela arqueóloga brasileira Niède Guidon, notificou a presença de facas, machados e fogueiras com aproximadamente 48 mil anos. Esta datação, portanto, contesta aquela mais comumente aceita de que o povoamento do território brasileiro teria se iniciado há cerca de 12 mil anos.
Na região da Lagoa Santa, em Minas Gerais, foi encontrado o fóssil Luzia, de 12 500 a 13 000 anos. Ali, também foi achado o Homem de Lagoa Santa, que teria vivido há 12 mil anos.
Outros importantes sítios arqueológicos no Brasil são Santana do Riacho (MG), Caatinga do Moura (BA) e o Parque Nacional da Serra da Capivara (PI).
Para praticar: Questões sobre a Pré-História (com o gabarito comentado)
Leia também:
- Pré-História: o que foi, suas características e períodos
- Primeiros Povos da América
- Estreito de Bering
Referências Bibliográficas
GUARINELLO, Norberto Luiz. Os primeiros habitantes do Brasil. São Paulo: Atual, 2009 (Coleção a Vida no Tempo).
PROUS, André. O Brasil antes dos brasileiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
CASTRO, Ligia. Pré-história Brasileira. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/pre-historia-brasileira/. Acesso em: