Principais Batalhas da Primeira Guerra Mundial
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) registrou inúmeras batalhas que causaram um enorme número de baixas.
Por ser um conflito global, em algumas batalhas participaram soldados dos cinco continentes.
Destacamos as contendas travadas durante a guerra seja por motivos estratégicos ou por seu elevado número de vítimas fatais.
1. Batalha de Tannemberg
- Data: 23 de agosto a 2 de setembro
- Frentes de combate: Rússia x Alemanha
- Local: Prússia Oriental
- Resultado: vitória alemã
- Baixas: 160 mil
- Prisioneiros de guerra: 100 mil russos.
Histórico
Quando a Primeira Guerra Mundial começou, o Segundo Exército Russo recebeu o comando de invadir a Prússia Ocidental.
O exército russo, comandado pelo general Alexander Samsonov, avançou lentamente pelo sudeste da província. O objetivo era unir forças com o general Paul von Rennankampf, que avançava pelo nordeste.
Os russos, inicialmente, combateram com êxito durante seis dias. No entanto, os alemães tinham armas mais modernas e recuperaram o terreno. Quando percebeu que estava em desvantagem, o general Samsonov tentou recuar, mas era tarde. Diante da derrota, o general russo acabaria se suicidando.
Somente 10 mil dos 150 mil soldados russos conseguiram escapar. Além do elevado número de prisioneiros, os alemães capturaram 500 canhões russos. Por sua parte, o exército alemão perdeu 20 mil homens.
A Batalha de Tanneberg foi a primeira em que dois célebres generais alemães trabalhariam juntos: Paul von Hindenburg, mais tarde presidente da República de Weimar e Erich Ludendorff.
2. Primeira Batalha do Marne
- Data: 5 a 12 de setembro de 1914
- Frentes de combate: Alemanha x França e o Império Britânico
- Local: rio Marne, França
- Resultado: vitória dos aliados França e Império Britânico
- Baixas: 250 mil, sendo 80 mil soldados franceses mortos e 12.733 ingleses. Os alemães tiveram perdas semelhantes às dos franceses.
Histórico
No fim de 1914, as forças francesas e britânicas estavam recuando por conta da invasão alemã. O exército alemão partia em direção a Paris e os aliados batiam em retirada.
Em 3 de setembro, 500 mil civis franceses deixaram a capital da França. O exército francês recebeu a ordem do general Joseph Joffre para alinhar ao longo do rio Sena.
A vigilância foi mantida a 60 quilômetros ao sul do rio Marne. O Império Britânico enviou tropas para auxiliar nos combates contra os alemães.
No dia 6 de setembro, o exército francês atacou as forças alemães. Os aliados usaram táxis em Paris para conseguir chegar na linha de frente.
O exército alemão recebeu o comando para recuar no dia 9 de setembro. Um dia depois, a batalha chegava ao fim com grandes perdas e danos para ambos lados.
Nesta batalha, os franceses se deram conta da importância do uso das trincheiras na guerra. Antes, achavam desonroso um soldado cavar um buraco e esconder-se durante a luta.
A batalha do Marne marca uma ponto de inflexão na Primeira Guerra:
- derrotados pelos Aliados, o Império Alemão teria que lutar em duas frentes;
- a França deveria mudar suas táticas militares;
- o Império Russo teria que lutar para recuperar os territórios perdidos e expulsar o invasor germânico.
Desta maneira, a esperança de que o conflito terminasse antes do Natal foi sepultado.
3. Batalha de Gallipoli
- Data: 25 de abril de 1915 a 9 de janeiro de 1916
- Frentes de combate: Aliados Império Britânico e França contra o Império Otomano
- Local: Península de Gallipoli e Estreito de Dardanelos, no Império Otomano (atual Turquia)
- Resultado: Vitória do Império Otomano
- Baixas: 35 mil britânicos, 10 mil australianos e neozelandeses,10 mil franceses, 86 mil mortos turcos.
Histórico
Os britânicos atacaram os turcos em 19 de fevereiro de 1915. Bombardeios foram lançados no Estreito de Dardanelos com o objetivo era avançar por ali e tomar conta da Península de Gallipoli.
O Império Britânico e a França enviaram 18 navios de guerra para a região de combate em 18 de março. Três das embarcações foram atingidas por minas e resultaram em 700 mortes. Havia, ainda, outros três navios danificados.
Para garantir que tomaria a península de Gallipoli, os aliados enviaram mais soldados para a região. Desta vez, o Império Britânico abasteceu o front com 70 mil homens da Austrália e da Nova Zelândia.
O reforço também contava com soldados franceses. O ataque começou no dia 25 de abril de 1915 e os Aliados se retiraram em janeiro de 1916, após suas tropas terem sido dizimadas.
Um dos responsáveis por esta carnificina foi o Primeiro Lorde do Almirantado, Winston Churchill que se demitiu após o episódio.
4. Batalha da Jutlândia
- Data: 31 de maio e 1º de junho de 1916
- Frentes de combate: Britânicos e alemães
- Meio: Naval
- Local: Mar do Norte, próximo à Dinamarca
- Resultado: Inconclusivo. Os dois lados reivindicaram a vitória. Taticamente, a Alemanha venceu e, estrategicamente, o Império Britânico
- Baixas: 6.094 britânicas e 2.551 alemãs.
Histórico
Essa foi a maior batalha naval da Primeira Guerra Mundial e da história. Envolveu as duas maiores frotas navais do mundo, a britânica e a alemã, numa disputa em alto mar.
O combate contou com cem mil homens e 250 navios de guerra do Império Britânico e alemães.
O objetivo da Alemanha era derrotar a superioridade do Império Britânico no mar. O combate teve início quando o comandante da frota alemã Reinhardt von Scheer, enviou 40 navios para o Mar do Norte.
O comando inglês era exercido por David Beatty e John Jellicoe, que assistiram ao afundamento de três navios logo no primeiro dia da batalha.
Entretanto, as perdas não os fizeram desistir do combate. A frota do Império Britânico efetuou manobras para bloquear o caminho de volta dos alemães, que fugiram para o norte.
O Império Britânico perdeu 6.784 homens e 14 navios que totalizavam 110 mil toneladas. Entre os alemães, 3.058 soldados morreram e a perda de 11 navios que perfaziam 62 mil toneladas sucumbiram perante o bombardeio britânico.
Em muitos desses navios não houve sobreviventes.
Como quase todos os conflitos da Primeira Guerra Mundial, esta batalha teve um custo humano e material altíssimo. O Império alemão saiu-se vitorioso, mas graças a propaganda britânica, os ingleses também se consideraram vencedores.
Ao fim do confronto, os Aliados mantiveram o bloqueio, e a Alemanha não voltaria mais a tentar uma batalha marítima desta envergadura. Essa tática foi decisiva para o fim da guerra e a derrota dos alemães.
5. Batalha de Verdun
- Data: 21 de fevereiro a 20 de dezembro de 1916
- Frentes de combate: Alemanha contra a França
- Local: Verdun, França
- Resultado: vitória dos franceses
- Baixas: 1 milhão de feridos ou desaparecidos. Houve cerca de 450 mil mortes de ambos os lados.
Histórico
A batalha de Verdun foi iniciada após o Império Alemão decidir levar a guerra na direção do Ocidente e não contra a Rússia, no Leste.
A meta era atacar os franceses e tentar negociar a paz em separado. A estratégia deu errado e houve intensa reação dos franceses, que saíram vencedores.
Os alemães avançaram rápido e entraram em campo com 143 mil soldados. A defesa dos franceses contou com 63 mil homens.
Essa batalha é chamada por nomes pouco elogiosos como "vala comum de franceses" e "moedor de carne". A referência ocorre por conta do número de vítimas. Foram 450 mil mortes em quase 300 dias de combate.
6. Batalha de Somme
- Data: 1º de julho a 18 de novembro de 1916
- Frentes de combate: Forças aliadas britânicas e francesas contra a Alemanha
- Local: Somme, região da Picardia, França
- Resultado: vitória das forças aliadas
- Baixas: 600 mil vítimas dos Aliados e 465 mil alemães. Um terço dos soldados morreu.
Histórico
A batalha de Somme é considerada uma das mais sangrentas da Primeira Guerra Mundial.
Em 6 de dezembro de 1915 os Aliados decidiram fazer uma ação conjunta contra os alemães cujo objetivo era conter o avanço do exército Alemão na área.
O Império Britânico mandou reforçar as tropas francesas que lutavam em Verdun. Com uma tropa despreparada, formada principalmente por voluntários, 19 mil britânicos morreram somente no primeiro dia de combate.
Os soldados alemães, por sua vez, utilizaram os lança-chamas para atacar as trincheiras adversárias. Somente no segundo dia de batalha fizeram cerca de 3.000 prisioneiros entre os Aliados.
As baixas não foram suficientes para motivar o comando britânico a recuar. Para fortalecer o front, foram enviados soldados das colônias britânicas tais quais Austrália, África do Sul, Nova Zelândia e Canadá. O reforço deu bons resultados e os alemães perderam 250 mil homens até agosto.
A Alemanha também estava em desvantagem porque a frota de navios do Império Britânico cercou o Mar do Norte e o Mar Adriático impedindo que o país recebesse víveres. A medida gerou severa escassez de alimentos para os alemães.
Os tanques de guerra foram usados pela primeira vez nesse combate. O exército britânico utilizou 48 tanques Mark I, mas só 21 chegaram ao front, pois o restante quebrou no caminho.
Também neste combate, o alemão Adolf Hitler ficou ferido e foi hospitalizado por dois meses.
7. Terceira Batalha de Ypres
- Data: 31 de julho a 10 de novembro de 1917
- Frentes de combate: Império Britânico, Bélgica e França contra Alemanha
- Local: Flandres Ocidental, na Bélgica
- Resultado: vitória das forças aliadas
- Baixas: 857,1 mil mortos e desaparecidos.
Histórico
A batalha de Ypres também foi chamada de batalha de Passchendaele. O combate envolveu soldados canadenses, britânicos e sul-africanos contra os alemães. Calcula-se que a batalha tenha envolvido 4 milhões de soldados em ambos lados.
O objetivo era controlar as zonas sul e leste de Ypres, considerada estratégica pelos aliados. Após a conquista, os aliados planejavam avançar até Thouront e bloquear a estrada de ferro controlada pelos alemães.
O conflito aconteceu no verão que estava particularmente chuvoso naquele ano. Quando a batalha começou, a aviação britânica não pode participar do bombardeio devido a neblina.
Durante a batalha foram utilizados 136 tanques dos quais apenas 52 conseguiram avançar sobre o terreno enlameado. Entretanto, desta vez, esses veículos não foram de muita serventia, pois 22 quebraram e 19 foram postos fora de ação pelos alemães.
O exército alemão resistiu, mesmo com o clima bastante úmido. Contudo, começaram a enfrentar motins na Marinha e no Exército, o que enfraquecia a moral das tropas.
Como nenhum dos lados conseguia avançar, os Aliados mudaram de estratégia concentrando os esforços em alguns pontos. Deste modo, os alemães recuaram e os canadenses tomaram Ypres.
Houve, ainda, a quarta e a quinta batalhas de Ypres.
8. Batalha de Caporetto
- Data: 24 de outubro a 12 de novembro de 1917
- Frentes de combate: Alemanha e Áustria-Hungria contra a Itália
- Local: Kobarid, atual Eslovênia
- Resultado: vitória do exército da Alemanha e da Áustria-Hungria
- Baixas: 10 a 13 mil italianos e 50 mil alemães e austríacos.
- Prisioneiros de guerra: 260 mil prisioneiros italianos que se renderam voluntariamente.
Histórico
Caporetto era apenas uma cidade pequena como tantas outras, mas após a batalha se tornou sinônimo de derrota.
As forças alemães e austríacas empregaram as táticas de guerra de trincheiras, usaram gás venenoso. Ainda tiveram a ajuda das condições meteorológicas, pois a neblina os ajudou a avançar. O resultado foram 11 mil soldados italianos mortos e 20 mil feridos.
Como as linhas de comunicação estavam cortadas, o Estado-Maior italiano não conseguia se comunicar com seus oficiais. Sem comando, os soldados se rendiam em massa a fim de escapar da morte certa.
Mais de um milhão de civis também fugiram com medo das consequências da invasão.
Os alemães e austro-húngaros conseguiram avançar mais de 100 km em direção a Veneza. A Alemanha só foi detida quando o exército se aproximou do Rio Piave.
Nessa região, os aliados franceses, britânicos e norte-americanos barraram a ofensiva.
9. Batalha de Cambrai
- Data: 20 de novembro a 7 de dezembro de 1917
- Frentes de combate: Forças aliadas do Império Britânico e Estados Unidos contra a Alemanha
- Local: Cambrai, França
- Resultado: vitória dos britânicos
- Baixas: 90 mil.
Histórico
O comando de guerra do Império Britânico aplicou novas táticas de infantaria e artilharia nessa batalha. O objetivo era tomar a Linha de Hindenburg e chegar próximo ao cume de Bourlon. Dessa maneira, seria mais fácil ameaçar o exército alemão.
A batalha foi marcada, principalmente, pelo combate de artilharia e infantaria. Entre as estratégias estava a de usar tanques para destruir as cercas de arame farpado usadas nas trincheiras pelos alemães.
A tática deu certo e os britânicos conseguiram penetrar 1000 km nas linhas alemãs e fazerem 10.000 prisioneiros. Dessa vez, os tanques foram fundamentais para garantir o avanço das tropas.
Foi a primeira vitória rápida e convincente numa guerra na qual era difícil avaliar quem ganhava as batalhas. Isso ajudou a elevar a moral britânica.
10. Batalha de Amiens
- Data: 8 a 12 de agosto de 1918
- Frentes de combate: forças aliadas da França, Estados Unidos e Império Britânico contra a Alemanha
- Local: leste de Amiens, Picardia, França
- Resultado: vitória decisiva das forças aliadas
- Baixas: 52 mil entre mortos e desaparecidos
- Prisioneiros de guerra: 27,8 mil.
Histórico
Também é conhecida como a Terceira Batalha de Picardy. Esse confronto marco o início da Ofensiva dos Cem dias, que marcou o fim da Primeira Grande Guerra Mundial.
Os Aliados viviam um momento especial, pois os americanos haviam entrado ao seu lado na guerra e tropas americanas já se encontravam em solo europeu. Igualmente, colhiam vitórias nos Balcãs e no Oriente Médio.
Por outro lado, o Império Alemão havia assinado a paz com a Rússia no Tratado Brest-Litovski e poderiam concentrar todas as forças na frente ocidental. Porém, tinham o problema de se verem abandonados por seus aliados.
Logo no primeiro dia, os britânicos conseguiram avançar 11 km e fazer vários presos entre os alemães que se rendiam. Isso deu ânimo em outros pontos de combate fazendo recomeçar batalhas em Verdun, Arras e Noyons.
Desgastados e sem meios para conseguir lutar, os alemães pediram um armistício em 11 de novembro de 1918.
Apesar de marcar o início do fim da grande guerra, a Ofensiva dos Cem dias, iniciada em Amiens, deixa números impressionantes: quase 2 milhões de pessoas perderam a vida em pouco mais de 3 meses de luta.
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BEZERRA, Juliana. Principais Batalhas da Primeira Guerra Mundial. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/principais-batalhas-da-primeira-guerra-mundial/. Acesso em: