Questões sobre o Racionalismo | Filosofia (com gabarito)
Responda às questões sobre o Racionalismo. Confira as respostas e aprenda mais com as explicações do gabarito.
Questão 1
O que a corrente racionalista defende?
a) Os racionalistas defendem que os sentidos são a única fonte de conhecimento que o homem possui e que trazem um conhecimento verdadeiro da realidade;
b) Eles defendem que nem a razão nem os sentidos trazem conhecimentos confiáveis e verdadeiros, com efeito, é uma falácia acreditar que haja uma verdade universal;
c) A corrente racionalista defende que somente a razão é capaz de obter um conhecimento verdadeiro e universal sobre a realidade;
d) O racionalismo defende que a fonte de nosso conhecimento é Deus, assim, somente os profetas, que se comunicaram com o divino, podem ter acesso e transmitir a verdade.
Resposta: c)
A corrente filosófica do racionalismo recebe esse nome devido à importância que a razão tem aos seus defensores.
Dentro do campo da teoria do conhecimento que busca responder “o que e como podemos conhecer as coisas?”, essa corrente ressalta “a razão” como algo que especifica o homem e a aponta como a única fonte segura de se obter a verdade sobre o mundo. Além disso, muitos teóricos dessa corrente defendem que existem princípios universais que são inatos no homem (princípios que já estão em sua mente). Logo, a razão seria a porta de acesso ao conhecimento desses princípios.
O racionalismo, convencionalmente, é caracterizado como sendo oposto ao Empirismo, corrente que defende que os sentidos são a causa das ideias, não havendo, portanto, qualquer ideia inata no homem.
Questão 2
Marque alternativa que contenha um importante nome do Racionalismo?
a) John Locke;
b) Aristóteles;
c) Jean-Jacques Rousseau;
d) René Descartes.
Resposta: d)
René Descartes (1596-1650) foi um dos importantes nomes do racionalismo moderno, junto de Leibniz e Espinosa. Considerado pai da Filosofia Moderna, Descartes demonstra a necessidade de se estabelecer um método, a fim de alicerçar o conhecimento em certezas claras e evidentes, derivadas da razão.
Aristóteles é um pensador antigo que deu base aos empiristas, como John Locke, uma vez que o conhecimento para ele, não é algo derivado de ideias inatas, mas desenvolvido a partir dos sentidos. Já Rousseau é um dos nomes que fazem parte da corrente contratualista e que vai pensar a formação social.
Questão 3
Qual das alternativas abaixo NÃO apresenta uma das regras do método investigativo racionalista de René Descartes?
a) Sempre pôr em dúvida aquilo que não se mostra como algo evidente e claro;
b) Dividir os problemas em diversas partes, de modo a facilitar o exame e sua resolução;
c) Reconhecer a existência de oposição entre todas a sentenças que possam ser formuladas, encontrando uma síntese entre tais oposições;
d) Resolver os problema de modo ordenado e conduzir o conhecimento, indo do mais simples ao mais complexo, de modo a elevá-lo.
Resposta: c)
O método presente na alternativa c) é o método dialético, com base no pensamento de Hegel, filósofo de um período posterior a Descartes.
Descartes formulou em seu Discurso do Método, quatro regras para seu método investigativo em favor de um conhecimento solidamente verdadeiro:
1) A primeira busca não dar crédito ou estabelecer como sendo verdade qualquer ideia que não se mostre ao intelecto como claro e evidente (regra, convencionalmente chamada de “Regra da Evidência” e que foi formulada na alternativa a));
2) A segunda, chamada convencionalmente de “Regra da Análise”, tem a função de “dividir as dificuldades”, o quanto fosse necessário, a fim de resolvê-las mais facilmente (regra presente na alternativa b));
3) A terceira, conhecida como “Regra da Síntese”, é uma regra ordenadora e desenvolvedora do conhecimento, tendo vínculo direto com a segunda. Após dividir e começar a resolver os problemas, é preciso, segundo Descartes, conduzir os pensamentos, começando pelas ideias mais simples de se conhecer e seguindo ordenadamente para os raciocínios compostos ou mais complexos (regra presente na alternativa d));
4) A quarta regra, por fim, procura fazer enumerações completas e uma revisão do conhecimento adquirido, a fim de corrigir qualquer equívoco.
Questão 4
Qual dos trechos abaixo NÃO pertence à corrente racionalista?
a) “Ora, uma vez que nas ideias de Deus há uma infinidade de universos possíveis, e todavia um só deles pode existir, deve haver uma razão suficiente que determine Deus a escolher um de preferência a outro. E esta razão se pode encontrar apenas na conveniência, isto é, no grau de perfeição implicado por cada um destes mundos possíveis”.
b) “Não me parece que o intelecto tenha o mínimo indício de uma ideia que não Ihe provenha de urna ou de outra destas duas fontes. Os objetos externos fornecem ao espírito as ideias das qualidades sensíveis, que são todas as diversas percepções que eles produzem em nós; e o espírito fornece ao intelecto as ideias das próprias operações".
c) “Tudo que existe, existe em Deus, e sem Deus, nada pode existir nem ser concebido”.
d) “Tudo o que recebi, até presentemente, como o mais verdadeiro e seguro, aprendi-o dos sentidos ou pelos sentidos: ora, experimentei algumas vezes que esses sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez”.
Resposta: b)
A frase pertence a John Locke, representante da escola empirista - opositora do racionalismo. Nela ele dá ênfase que o conhecimento que obtemos não deriva de outra coisa, senão dos sentidos. (REALE, G.; ANTISERI, 2005, p. 112).
O trecho presente na alternativa a) é de Gottfried Leibniz (REALE, G.; ANTISERI, 2005, p. 66), o da alternativa c) é de Baruch Espinosa (2009, I, proposição 15) e da alternativa d) de René Descartes (Meditação I), três pensadores da corrente racionalista.
Questão 5
Leia o texto:
“Mas há algum, não sei qual, enganador mui poderoso e mui ardiloso que emprega toda a sua indústria em enganar-me sempre. Não há, pois, dúvida alguma de que sou, se ele me engana; e, por mais que me engane, não poderá jamais fazer com que eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. De sorte que, após ter pensado bastante nisto e de ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter por constante que esta proposição, eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou que a concebo em meu espírito”. (DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. Tradução de J. Guinsburg e Bento Prado Junior. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1983)
O trecho acima traz um elemento muito importante do pensamento de Descartes
a) o estabelecimento do Cogito, ou seja, da primeira certeza que fundamenta a filosofia cartesiana, derivada da dúvida radical;
b) o argumento do Deus enganador que serve para manutenção do rigor investigativo;
c) a elaboração das regras do método investigativo;
d) a crítica às ideias dos céticos, a partir da ideia de um Deus enganador.
Resposta: a)
Descartes no trecho ressalta a certeza da ideia da proposição “eu sou, eu existo”, ideia essa desenvolvida a partir do argumento do Deus enganador.
Uma forma simples de entender a relação entre o argumento do gênio maligno/enganador e a existência do sujeito pensante é a partir do seguinte raciocínio: se há um ser e este nos engana, então, é porque nós existimos para sermos enganados.
O fato de duvidarmos dessas ideias ou de refletirmos sobre os possíveis enganos orquestrados pelo Deus enganador só reforçam o fato de sermos existentes.
Questão 6
Para mais exercícios:
Exercícios de Filosofia (com respostas explicadas)
Exercícios sobre Ideologia | Filosofia (com questões explicadas)
Referências Bibliográficas
CHAUI, M. Espinosa: uma filosofia da liberdade. São Paulo: Moderna, 1995.
DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. Tradução de J. Guinsburg e Bento Prado Junior. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
MARCONDES, D. Iniciação à História da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar.
REALE, G.; ANTISERI, D. História da Filosofia 4: de Spinoza a Kant. São Paulo: Paulus, 2005.
SPINOZA, B. Ética. Tradução de Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.
AGUENA, Anita. Questões sobre o Racionalismo | Filosofia (com gabarito). Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/questoes-sobre-o-racionalismo-filosofia-com-gabarito/. Acesso em: