Reino de Axum: a história e características do império africano
O Reino de Axum foi um importante reino africano situado no Nordeste da África, na atual região da Etiópia e Eritreia.
Trata-se de um dos mais poderosos reinos africanos da Antiguidade, cuja riqueza vinha principalmente do comércio, além da mineração e da agricultura.
Além disso, o Reino de Axum se tornou conhecido por ser o primeiro reino africano a converter-se ao cristianismo.
Como resultado dessa conversão, fundou-se uma vertente cristã no Nordeste da África que permanece viva até os dias atuais: a Igreja Ortodoxa Etíope.
Entre seus feitos notáveis está o desenvolvimento de uma escrita e de uma língua própria, o ge'ez (também chamado de gêz ou gêes). Também é lembrado pela construção de monumentos e edificações reconhecidos hoje como patrimônios culturais da humanidade.
No auge de sua história, sua capital, também chamada Axum, tornou-se o maior mercado de todo o Norte da África.

A História do Reino de Axum
A região onde se situava o Reino de Axum é uma das áreas com vestígios humanos mais antigos já conhecidos. Estima-se que algumas comunidades agrárias se formaram na região desde a pré-história.
A partir do século I d.C., a cidade de Axum se destacou na região e conseguiu unificar as demais comunidades.
O maior destaque da cidade de Axum se explica principalmente por sua geografia favorável. A cidade se situava numa região muito fértil, e que estava estrategicamente posicionada no caminho de importantes rotas comerciais.
Sua localização vantajosa permitiu que os axumitas enriquecessem através do comércio. Entre os principais produtos comercializados, destaca-se o ouro, tecidos, marfins, peles de animais, óleos, vinhos e vidraçaria.
Entre os séculos IV e VI d.C., o Reino de Axum se expandiu e conquistou territórios vizinhos, destacando-se a região que hoje corresponde ao Iêmen e a atual região do Sudão, onde se situava o Reino de Kush (ou Cuxe).
Foi também no século IV que o Reino de Axum entrou em contato com cristãos, especialmente vindo do Egito.
Estima-se que esses cristãos vieram do Egito – região que ficou sob controle romano por um longo período. A religião cristã espalhou-se rapidamente entre os axumitas, que se converteram à nova fé pela ação de Frumêncio, religioso de origem síria, durante o governo do Rei Ezana II.
O reino de Axum atingiu seu auge por volta do século VI d.C., quando a população de sua capital ultrapassou 20 mil habitantes.
Porém, a chegada de novos povos na região enfraqueceu aos poucos o domínio da cidade de Axum. Povos nômades que se estabeleceram em território axumita causaram divisões e tensões internas, enfraquecendo o Reino.
Além disso, o avanço do islamismo também agravou a crise do império axumita, que perdeu sua liderança comercial no Mar Vermelho. O empobrecimento do solo por uso excessivo também contribuiu para a queda deste reino.
Desta forma, o Império de Axum perdeu aos poucos o destaque para outras cidades e reinos da região, especialmente a partir do século VIII d.C.
Características do Reino de Axum
O Reino Axumita foi um dos grandes reinos da Antiguidade, muito ligado ao comércio.
A localização geográfica do reino favoreceu a participação em trocas comerciais que ligavam a região entre o Norte e o Centro da África, além da Península Arábica.
Socialmente, a sociedade de Axum era hierarquizada e dividida em rígidos estamentos. Nela, o rei figurava no topo, seguido pelos nobres, pelos sacerdotes e comerciantes, e, por fim, pela população em geral.
O poder político em Axum era centralizado nas mãos do rei, que acumulava autoridade militar, administrativa ou mesmo religiosa. Ele governava com o apoio de uma elite nobre e de chefes locais leais ao reino.
Diplomaticamente, o Reino de Axum manteve importantes laços com o Império Romano do Oriente (o Império Bizantino). A proximidade entre os dois reinos envolvia tanto aspectos comerciais, como estratégicos e religiosos.
Outra característica importante do Reino de Axum é o desenvolvimento de uma escrita própria, o ge’ez. Essa língua ainda é utilizada em contextos litúrgicos e culturais na Etiópia, fortemente ligada à Igreja Ortodoxa Etíope.
Importância e legado do Reino de Axum
O Reino de Axum deixou importantes legados para a África e para a humanidade.
Primeiramente, é sempre lembrado como o primeiro reino cristão da África. Essa conversão levou à formação de uma importante vertente cristã no mundo até hoje, a Igreja Ortodoxa da Etiópia.
Além disso, o reino de Axum deixou uma língua própria, o ge’ez. Trata-se de uma língua viva até os dias atuais, que recebe grande destaque pela Igreja local.
Além disso, o Reino de Axum deixou construções importantes e reconhecidas como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela UNESCO. Entre eles, destaca-se o Obelisco de Axum, com mais de 29 metros de altura e construído durante o século IV d.C.

A história e a cultura axumita estão muito ligadas ao nacionalismo e à identidade da Etiópia moderna, país no qual o território do antigo Reino se localiza.
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Referências Bibliográficas
AZEVEDO, Gislane. SERIACOPI, Reinaldo. História: Da Pré-História à Antiguidade. São Paulo: Ática, 2015.
FREITAS NETO, José Alves de e TASINAFO, Célio Ricardo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2006.
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PEREIRA, Lucas. Reino de Axum: a história e características do império africano. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/reino-de-axum-a-historia-e-caracteristicas-do-imperio-africano/. Acesso em: