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Reino de Axum: a história e características do império africano

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Professor de História

O Reino de Axum foi um importante reino africano situado no Nordeste da África, na atual região da Etiópia e Eritreia.

Trata-se de um dos mais poderosos reinos africanos da Antiguidade, cuja riqueza vinha principalmente do comércio, além da mineração e da agricultura.

Além disso, o Reino de Axum se tornou conhecido por ser o primeiro reino africano a converter-se ao cristianismo.

Como resultado dessa conversão, fundou-se uma vertente cristã no Nordeste da África que permanece viva até os dias atuais: a Igreja Ortodoxa Etíope.

Entre seus feitos notáveis está o desenvolvimento de uma escrita e de uma língua própria, o ge'ez (também chamado de gêz ou gêes). Também é lembrado pela construção de monumentos e edificações reconhecidos hoje como patrimônios culturais da humanidade.

No auge de sua história, sua capital, também chamada Axum, tornou-se o maior mercado de todo o Norte da África.

Imagem de moedas cunhadas no Reino de Axum, com a retrato do rei local.
Moedas cunhadas pelo Império Axum, que revela a riqueza e o talento comercial deste Reino. (Fonte: Wikicommons).

A História do Reino de Axum

A região onde se situava o Reino de Axum é uma das áreas com vestígios humanos mais antigos já conhecidos. Estima-se que algumas comunidades agrárias se formaram na região desde a pré-história.

A partir do século I d.C., a cidade de Axum se destacou na região e conseguiu unificar as demais comunidades.

O maior destaque da cidade de Axum se explica principalmente por sua geografia favorável. A cidade se situava numa região muito fértil, e que estava estrategicamente posicionada no caminho de importantes rotas comerciais.

Sua localização vantajosa permitiu que os axumitas enriquecessem através do comércio. Entre os principais produtos comercializados, destaca-se o ouro, tecidos, marfins, peles de animais, óleos, vinhos e vidraçaria.

Entre os séculos IV e VI d.C., o Reino de Axum se expandiu e conquistou territórios vizinhos, destacando-se a região que hoje corresponde ao Iêmen e a atual região do Sudão, onde se situava o Reino de Kush (ou Cuxe).

Foi também no século IV que o Reino de Axum entrou em contato com cristãos, especialmente vindo do Egito.

Estima-se que esses cristãos vieram do Egito – região que ficou sob controle romano por um longo período. A religião cristã espalhou-se rapidamente entre os axumitas, que se converteram à nova fé pela ação de Frumêncio, religioso de origem síria, durante o governo do Rei Ezana II.

O reino de Axum atingiu seu auge por volta do século VI d.C., quando a população de sua capital ultrapassou 20 mil habitantes.

Porém, a chegada de novos povos na região enfraqueceu aos poucos o domínio da cidade de Axum. Povos nômades que se estabeleceram em território axumita causaram divisões e tensões internas, enfraquecendo o Reino.

Além disso, o avanço do islamismo também agravou a crise do império axumita, que perdeu sua liderança comercial no Mar Vermelho. O empobrecimento do solo por uso excessivo também contribuiu para a queda deste reino.

Desta forma, o Império de Axum perdeu aos poucos o destaque para outras cidades e reinos da região, especialmente a partir do século VIII d.C.

Características do Reino de Axum

O Reino Axumita foi um dos grandes reinos da Antiguidade, muito ligado ao comércio.

A localização geográfica do reino favoreceu a participação em trocas comerciais que ligavam a região entre o Norte e o Centro da África, além da Península Arábica.

Socialmente, a sociedade de Axum era hierarquizada e dividida em rígidos estamentos. Nela, o rei figurava no topo, seguido pelos nobres, pelos sacerdotes e comerciantes, e, por fim, pela população em geral.

O poder político em Axum era centralizado nas mãos do rei, que acumulava autoridade militar, administrativa ou mesmo religiosa. Ele governava com o apoio de uma elite nobre e de chefes locais leais ao reino.

Diplomaticamente, o Reino de Axum manteve importantes laços com o Império Romano do Oriente (o Império Bizantino). A proximidade entre os dois reinos envolvia tanto aspectos comerciais, como estratégicos e religiosos.

Outra característica importante do Reino de Axum é o desenvolvimento de uma escrita própria, o ge’ez. Essa língua ainda é utilizada em contextos litúrgicos e culturais na Etiópia, fortemente ligada à Igreja Ortodoxa Etíope.

Importância e legado do Reino de Axum

O Reino de Axum deixou importantes legados para a África e para a humanidade.

Primeiramente, é sempre lembrado como o primeiro reino cristão da África. Essa conversão levou à formação de uma importante vertente cristã no mundo até hoje, a Igreja Ortodoxa da Etiópia.

Além disso, o reino de Axum deixou uma língua própria, o ge’ez. Trata-se de uma língua viva até os dias atuais, que recebe grande destaque pela Igreja local.

Além disso, o Reino de Axum deixou construções importantes e reconhecidas como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela UNESCO. Entre eles, destaca-se o Obelisco de Axum, com mais de 29 metros de altura e construído durante o século IV d.C.

Cena do Obelisco de Axum, monumento localizado atualmente na Etiópia.
O Obelisco de Axum, construído por volta do século IV d.C. e atualmente localizado na Etiópia (Wikicommons).

A história e a cultura axumita estão muito ligadas ao nacionalismo e à identidade da Etiópia moderna, país no qual o território do antigo Reino se localiza.

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Referências Bibliográficas

AZEVEDO, Gislane. SERIACOPI, Reinaldo. História: Da Pré-História à Antiguidade. São Paulo: Ática, 2015.

FREITAS NETO, José Alves de e TASINAFO, Célio Ricardo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2006.

MACEDO, José Rivair. História da África. São Paulo: Contexto, 2013.

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2013), com mestrado em Ensino de História pela mesma instituição (2020). Atua como professor de História na educação básica e em cursos pré-vestibulares desde 2013. Desde 2016, também desenvolve conteúdos educativos na área de História.