Renascimento: características e contexto histórico
O Renascimento foi um movimento cultural, artístico e político, surgido na Itália no século XIV e se estendeu até o século XVII por toda a Europa.
Inspirado nos valores da Antiguidade Clássica e gerado pelas modificações econômicas e sociais ocorridas na Baixa Idade Média, o Renascimento reformulou a vida medieval e deu início à Idade Moderna.
Origem do Renascimento: conceito, mudanças e cidades renascentistas
O termo Renascimento foi criado no século XVI para descrever o movimento artístico que surgiu um século antes. Posteriormente, esse conceito acabou incorporando também as mudanças sociais e políticas do período, embora sua ideia apresente contestações hoje em dia.
O conceito "Renascimento" carrega a ideia de que esse período trouxe profundas e drásticas mudanças para o contexto europeu. Porém, apesar de ter sido um momento de alterações consideráveis para o velho continente, não houve uma total ruptura com as características existentes na Idade Média.
Afinal, o surgimento do Renascimento ocorreu nas próprias cidades medievais, desenvolvidas dentro do longo processo de retomada das rotas de comércio entre a Europa e o Oriente. Destacam-se principalmente as cidades situadas na Península Itálica, como Veneza, Gênova, Florença e Roma, centros de grande importância para o Renascimento Cultural.
Estas regiões enriqueceram com o desenvolvimento do comércio no Mar Mediterrâneo, dando origem a uma rica burguesia mercantil. A fim de se afirmarem socialmente, estes comerciantes patrocinavam artistas e escritores - uma prática chamada de mecenato - que inauguraram uma forma de fazer arte.
A Igreja e a nobreza também foram mecenas de artistas como Michelangelo, Domenico Ghirlandaio, Pietro della Francesa, entre muitos outros.
Cultura renascentista
Destacamos cinco características marcantes da cultura renascentista:
Racionalismo - a razão era o único caminho para se chegar ao conhecimento. Tudo poderia ser explicado pela razão e pela ciência.
Cientificismo - todo conhecimento deveria ser demonstrado através da experiência científica.
Individualismo - o ser humano buscava afirmar a sua própria personalidade, mostrar seus talentos, atingir a fama e satisfazer suas ambições, através da concepção de que o direito individual estava acima do direito coletivo.
Antropocentrismo - o homem é visto como a suprema criação de Deus e como centro do universo. O homem agora é o centro do pensamento do próprio homem.
Classicismo - os artistas buscam sua inspiração na Antiguidade Clássica greco-romana para fazer suas obras.
Mapa mental sobre o Renascimento
Renascimento artístico
Alguns dos principais artistas do Renascimento foram:
Leonardo da Vinci: matemático, físico, anatomista, inventor, arquiteto, escultor e pintor, ele foi o exemplo máximo do homem renascentista que domina várias ciências - a essa característica chamamos de universalismo. Por isso, é considerado um gênio absoluto. A Mona Lisa e A Última Ceia são suas obras-primas.
Rafael Sanzio: foi um mestre da pintura e famoso por saber transmitir sentimentos delicados através de suas imagens de Nossa Senhora. Uma de suas obras principais é a Madona do Prado.
Michelangelo: artista italiano cuja obra foi marcada pelo humanismo. Além de pintor, foi um dos maiores escultores do Renascimento. Entre suas obras destacam-se a Pietá, David, A Criação de Adão e O Juízo Final. Também foi o responsável por pintar o teto da Capela Sistina.
Humanismo renascentista
O Humanismo foi um movimento de glorificação do homem e da natureza humana, que surgiu nas cidades da Península Itálica, em meados do século XIV.
O homem, considerado a obra mais perfeita do Criador, seria capaz de compreender, modificar e até dominar a natureza. Por isso, os humanistas buscavam estudar as ações do homem e suas características fundamentais, recorrendo a escritos de autores da Antiguidade, como os filósofos gregos Platão e Aristóteles.
A religião não perdeu importância, mas também passou a ser questionada e a ser alvo de reflexões. Esse movimento favoreceu o surgimento de novas correntes cristãs, como o protestantismo.
O estudo dos textos antigos, igualmente, despertou o gosto pela pesquisa histórica e pelo conhecimento das línguas clássicas, como o latim e o grego.
Desta forma, o humanismo se tornou referência para muitos pensadores nos séculos seguintes, como os filósofos iluministas do século XVIII.
Renascimento literário
O Renascimento deu origem a grandes gênios da literatura, entre eles:
Dante Alighieri: escritor italiano, autor do grande poema Divina Comédia.
Maquiavel: autor de O Príncipe, obra precursora da ciência política, onde o autor apresenta conselhos aos governadores da época.
Shakespeare: considerado um dos maiores dramaturgos de todos os tempos. Abordou em sua obra os conflitos humanos nas mais diversas dimensões: pessoais, sociais, políticas. Escreveu comédias e tragédias, como Romeu e Julieta, Macbeth, A Megera Domada, Otelo e várias outras.
Miguel de Cervantes: autor espanhol da obra Dom Quixote, uma crítica contundente da cavalaria medieval.
Luís de Camões: teve destaque na literatura renascentista em Portugal, autor do grande poema épico Os Lusíadas.
Renascimento científico
O Renascimento foi marcado por importantes descobertas científicas, notadamente nos campos da astronomia, da física, da medicina, da matemática e da geografia.
Um dos destaques desse movimento foi o astrônomo e matemático polonês Nicolau Copérnico, que contestou a teoria geocêntrica defendida pela Igreja ao afirmar que "a Terra não é o centro do universo, mas simplesmente um planeta que gira em torno do Sol".
Galileu Galilei descobriu os anéis de Saturno, as manchas solares, os satélites de Júpiter. Perseguido e ameaçado pela Igreja, Galileu foi obrigado a negar publicamente suas ideias e descobertas.
Na medicina, os conhecimentos avançaram com trabalhos e experiências sobre circulação sanguínea, métodos de cauterização e princípios gerais de anatomia.
Renascimento comercial
Todas essas inovações só foram possíveis graças ao crescimento comercial que houve na Baixa Idade Média.
Quando as colheitas eram boas e sobravam alimentos, estes eram vendidos nas feiras itinerantes. Com o incremento comercial, os vendedores passaram a se fixar em determinados locais que ficaram conhecidos como burgos. Assim, quem morava no burgo foi chamado de burguês.
Nas feiras, era mais fácil usar moedas do que o sistema de trocas. No entanto, como cada feudo tinha sua própria moeda, ficava difícil saber qual seria o valor correto. Dessa forma, surgiram pessoas especializadas na troca monetária (câmbio) e outras em fazer empréstimos e garantir pagamentos, dando origem aos primeiros bancos.
Nessa época, o dinheiro inaugurou uma outra forma de pensar e de se relacionar em sociedade, onde os produtos seriam medidos pela quantidade de dinheiro que custavam.
Leia também:
- Fases do Renascimento
- Características do Renascimento
- Renascimento cultural
- Renascimento urbano
- Renascimento científico
- Renascimento artístico
Para praticar: Exercícios sobre o Renascimento
Referências Bibliográficas
ARRUDA, José Jobson de A. e PILETTI, Nelson. Toda a História. São Paulo: Ática, 2007.
VAINFAS, Ronaldo [et al]. História – Volume Único. São Paulo: Saraiva, 2014.
PEREIRA, Lucas. Renascimento: características e contexto histórico. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/renascimento-caracteristicas-e-contexto-historico/. Acesso em: