Entenda o que foi o Renascimento Urbano
O Renascimento Urbano está associado ao florescimento e desenvolvimento das cidades medievais, os “burgos”, que eram cidades que na maioria das vezes pertenciam a grandes senhores feudais.
No fim da Idade Média, a vida urbana voltou a ganhar força na Europa. Isso porque, no período medieval, o continente viveu um período de intensa ruralização.
O Renascimento Urbano representou uma das vertentes que formaram o movimento Renascentista, ao lado do Renascimento Cultural e Comercial.
Renascimento Comercial e sua importância no Renascimento Urbano
O Renascimento Urbano está intimamente associado ao Renascimento Comercial, na medida que o crescimento dos burgos só começou a surgir quando o comércio se expandiu, a partir das feiras-livres (encontros para realização de comércio).
Assim, o sistema autossuficiente feudal, baseado nas trocas (escambo), foi substituído pelas relações comerciais (venda de produtos).
Essas relações foram fortalecidas pelo desenvolvimento das cidades e do sistema econômico (surgimento da moeda e dos bancos), na medida em que ampliaram as fontes de renda e as relações de produção.
Ademais, o caráter agrário e estamental do feudalismo deu lugar à urbanização e estrutura de classes, com mobilidade social.
Contexto histórico: o declínio do Feudalismo
No último período da Idade Média, denominado Baixa Idade Média (século X ao século XV), a Europa passava por diversas transformações nos campos político, econômico e social, de forma que a Tomada de Constantinopla, em 1453, representou o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna.
Esse período esteve marcado pela decadência do sistema feudal, formado basicamente de dois grupos sociais:
- os senhores (proprietários de terras, os feudos)
- os servos (trabalhavam e viviam nos feudos).
A sociedade feudal era estamental, posto que não possuía mobilidade social, ou seja, se nasceu servo, morrerá servo.
Acima do senhor feudal estavam o Rei, a Nobreza e o Clero, os três grupos que detinham o poder.
Dessa forma, o Rei representava o poder supremo, seguido da nobreza (importante figuras) e o Clero, associado ao poder religioso da Igreja Católica.
Esse último grupo dominante possuía claros privilégios em relação ao povo, de modo que somente eles tinham acesso aos assuntos políticos, econômicos e religiosos, bem como ao conhecimento dos livros, posto que representavam a parcela mínima que sabia ler e escrever.
As Cruzadas e a explosão demográfica: a Europa em busca de novos lugares para ocupação
A explosão demográfica oriunda das Cruzadas, gerou uma população marginalizada que foi em busca de libertar a Terra Santa. Ao retornar, essa população ficou sem emprego, terras e dinheiro.
Outro fator relacionado a esse aumento populacional nos feudos foi a melhoria das técnicas agrícolas. Entre elas, podemos destacar:
- rotação de culturas;
- moinho hidráulico;
- charrua.
Diante disso, o desenvolvimento das rotas comerciais europeias a partir das Cruzadas e da intensificação do comércio, sobretudo de especiarias no Mar Mediterrâneo, tornaram evidente o florescimento dos Burgos.
Os burgos eram pequenas cidades medievais fortificadas que, anteriormente, estavam ligados ao feudo apenas como centros religiosos e militares donde habitavam os reis, nobres, bispos e alguns comerciantes.
Com o passar do tempo, se tornaram importantes centros comerciais e de vida urbana, em contraposição aos feudos que, aos poucos, foram caindo em decadência.
Diante desse contexto, alguns servos, insatisfeitos com as condições rudes e estáticas do sistema feudal, fugiam (ou eram expulsos pelos senhores) para os burgos, em busca de melhores condições de vida, desde o trabalho livre assalariado.
A burguesia e as corporações de ofício
Junto a isso, surge a burguesia, uma nova classe social empenhada em adquirir melhores condições de vida por meio do trabalho.
Ela era formada por comerciantes: ferreiros, alfaiates, sapateiros, artesãos, dentre outros.
Os nomes “burguês” e “burguesia” derivam do termo “burgos”, posto que os burgueses passaram a ser chamados assim por serem os habitantes dos burgos.
Foi nesse contexto de efervescência comercial, cultural e urbana que os artesãos criaram as “Corporações de Ofício” (organizações que reuniam pessoas que exerciam a mesma profissão).
Is comerciantes estabeleceram as “Guildas Medievais” (associação de pessoas de diversas profissões) e as “Hansas” (associação de comerciantes), da qual se destaca a Liga Hanseática.
Por fim, o “Movimento Comunal”, demostrou a luta dos burgueses a fim de emanciparem os burgos que ainda pertenciam aos senhores feudais.
Cidades francesas e italianas participaram do confronto, sendo denominadas de "comunas". Dessa forma, aos poucos, as cidades foram conquistando sua autonomia, pondo fim ao sistema rural do feudalismo.
Saiba mais sobre o tema com a leitura dos artigos:
- Renascimento: Características e Contexto Histórico
- Fases do Renascimento
- Renascimento Cultural
- Renascimento Artístico
- Renascimento Científico
- Formação das Monarquias Nacionais
- Arquitetura Renascentista
- Questões sobre o Renascimento
- Corporações de ofício
SOUZA, Thiago. Entenda o que foi o Renascimento Urbano. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/renascimento-urbano/. Acesso em: