Revolução Pernambucana

Ligia Lemos de Castro
Ligia Lemos de Castro
Professora de História

Ocorrida em 1817, em Pernambuco, a Revolução Pernambucana ou Revolução dos Padres foi uma revolta emancipacionista, sendo uma das mais importantes revoluções brasileiras.

Influenciados pelas ideias iluministas e pela Revolução Francesa, seus participantes tinham por objetivo a independência em relação à Coroa Portuguesa e a implantação de uma república.

Foi o único movimento emancipacionista, durante o período de dominação portuguesa, a conseguir tomar o poder. Assim, seus participantes ultrapassaram a fase de conspiração e proclamaram a República, instaurada em Pernambuco durante os quase três meses de duração da revolução.

Causas da Revolução Pernambucana

Na sequência da criação, por Napoleão Bonaparte, do Bloqueio Continental, a Corte Real Portuguesa transferiu-se para o Brasil em 1808.

A presença da família real provocou descontentamento dos súditos brasileiros, devido aos gastos necessários ao estabelecimento da Corte, que levaram ao aumento e criação de novos impostos.

À época, Pernambuco era a capitania mais rica do Brasil. Pernambuco custeava boa parte dos gastos, em detrimento de cuidar de problemas locais, como o enfrentamento da seca e o pagamento de seus soldados. Tudo isso gerou descontentamento popular.

Outro fator foi a disseminação de ideias liberais e iluministas, inclusive entre membros do clero pernambucano. Tais ideias também circulavam através da maçonaria, da qual participavam alguns dos líderes do movimento.

Como a Revolução Pernambucana aconteceu

O estado que mais se revoltou com a situação do país foi Pernambuco que, ainda, enfrentou m grave problema com a seca na região, levando centenas de pessoas à morte.

Assim, os revoltosos planejaram a revolução que se iniciou com a ocupação de Recife e a prisão do governador do Estado de Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro.

Eram liderados por Domingos José Martins e José de Barros Lima, conhecido como o “Leão Coroado”.

Foi implantado um governo provisório, cujas principais medidas foram a libertação de presos políticos, a redução de impostos e a liberdade de imprensa.

O objetivo era tornar o Brasil independente de Portugal e implantar a república.

A revolta é também conhecida como a Revolta dos Padres, devido ao número considerável de padres que nela tomaram lugar. Cerca de 70 sacerdotes se envolveram na revolução, inclusive pegando em armas e persuadindo fiéis a participarem do movimento.

Acredita-se que o envolvimento dos padres, incluindo o famoso Frei Caneca, se deu pela orientação pedagógica do Seminário de Olinda, bastante influenciada pelo chamado reformismo ilustrado.

Frei Caneca mais tarde seria o líder da Confederação do Equador.

Os revoltosos buscaram apoio das capitanias vizinhas (Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará), sem, contudo, contar com o apoio necessário à expansão da revolução. Suas lideranças também procuraram apoio externo, sobretudo dos Estados Unidos, sem sucesso.

Consequências da Revolução Pernambucana

Receoso das iniciativas dos revolucionários, D. João VI dá ordens para repressão violenta do movimento, enviando tropas militares para Pernambuco. O combate, com duração de 75 dias, foi dos mais violentos contra um movimento emancipacionista.

Vencidos, os revoltosos foram presos e, muitos deles, condenados à morte pelo crime de lesa-majestade, sendo a maioria das lideranças enforcadas e esquartejadas.

Outra punição foi o desmembramento da comarca de Alagoas, que então fazia parte do território pernambucano. Alagoas tornou-se uma capitania, em reconhecimento da Coroa por ter se mantido fiel ao rei.

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Referências Bibliográficas

CABRAL, Flávio. Pernambucana: a revolta que desacomoda a Corte portuguesa. Revista do Instituto Humanitas Unisinos, Nº 512, Ano XVII, 02 de outubro de 2017. Disponível em: https://www.ihuonline.unisinos.br/media/pdf/IHUOnlineEdicao512.pdf (acesso em 27/04/2024).

Ligia Lemos de Castro
Ligia Lemos de Castro
Professora de História formada pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Docência na Educação à Distância pela Universidade Federal de São Carlos. Leciona História para turmas do Ensino Fundamental II desde 2017.