A história da Roma Antiga

Lucas Pereira
Revisão por Lucas Pereira
Professor de História

A cidade de Roma nasceu como uma pequena aldeia e se tornou um dos maiores impérios da Antiguidade.

Situada na Península Itálica, centro do Mediterrâneo europeu, Roma era o centro da vida política e econômica da região.

Fundação de Roma

A fundação de Roma está envolta em lendas. Segundo a narrativa do poeta Virgílio, em sua obra Eneida, os romanos descendem de Enéias, herói troiano, que fugiu para a Itália após a destruição de Troia pelos gregos, por volta de 1400 a.C.

Segundo a lenda, os gêmeos Rômulo e Remo, descendentes de Enéias, foram jogados no rio Tibre, por ordem de Amúlio, usurpador do trono.

Romulo e Remo Rubens

Detalhe da pintura de Rubens que retrata Rômulo e Remo amamentados por uma loba

Amamentados por uma loba e depois criados por um camponês, os irmãos voltam para destronar Amúlio.

Os irmãos receberam a missão de fundar Roma, em 753 a.C. Rômulo, após desentendimentos, assassinou Remo e se transformou no primeiro rei de Roma.

Na realidade, Roma formou-se da fusão de sete pequenas aldeias de pastores latinos e sabinos situadas às margens do rio Tibre. Depois de conquistada pelos etruscos chegou a ser uma verdadeira cidade-Estado.

Saiba mais sobre a lenda de Rômulo e Remo.

Monarquia Romana (753 a.C. a 509 a.C.)

Em Roma, a sociedade era formada basicamente por três classes sociais:

  • os patrícios: a classe dominante, formada por nobres e proprietários de terra;
  • os clientes: que viviam da dependência e favores dos patrícios, sendo prestadores de serviços.
  • os plebeus: que eram constituídos por comerciantes, artesãos, camponeses e pequenos proprietários;
  • os escravos: considerados propriedade de outra pessoa, geralmente dos patrícios. Eram obtidos por meio de conquistas militares de outros povos, nascimento ou por dívidas.

Na monarquia romana, o rei exercia funções executiva, judicial e religiosa.

Era assistido pela Assembleia Curiata, que estava formada por trinta chefes de famílias patrícias. Sua função mudou ao longo dos séculos, mas eram responsáveis por ratificar leis, tratar de assuntos jurídicos e realizar a eleição do rei.

Em certos períodos, a Assembleia Curiata deteve mais influência que o Senado, ainda que o Rei concentrasse o poder em suas mãos.

O Senado, composto pelos patrícios, assessorava o rei e tinha o poder de vetar as leis apresentadas pelo monarca.

As lendas narram os acontecimentos dos sete reinados da época. Durante o governo dos três últimos, que eram etruscos, o poder político dos patrícios passou a ser ameaçado.

A aproximação dos reis com a plebe descontentavam os patrícios. Em 509 a.C., o último rei etrusco foi deposto e um golpe político marcou o fim da monarquia.

República Romana (509 a.C. a 27 a.C.)

A implantação da república significou a afirmação do Senado, o órgão de maior poder político entre os romanos. O poder executivo ficou a cargo das magistraturas, ocupadas pelos patrícios.

A república romana foi marcada pela luta de classes entre patrícios e plebeus. Enquanto os plebeus buscavam ampliar seus direitos, os patrícios lutavam para preservar privilégios e defender seus interesses políticos e econômicos, mantendo os plebeus sob sua dominação.

Entre 449 e 287 a.C. os plebeus organizaram cinco revoltas que resultaram em várias conquistas: Tribunos da plebe, Leis das XII Tábuas, Leis Licínias e Lei Canuleia. Com essas medidas, os plebeus alcançaram alguma influência política e adquiriram novos direitos dentro da República.

Saiba mais sobre a República Romana.

A Expansão Romana

Guerra Punica elefante

Durante as Guerras Púnicas foram utilizados elefantes como animais de combate

A primeira etapa das conquistas romanas foi marcada pelo domínio de toda a Península Itálica, ocorrida entre os séculos V a.C. e III a.C.

A segunda etapa foi o início das Guerras de Roma contra Cartago, chamadas Guerras Púnicas (264 a 146 a.C.). Em 146 a.C. Cartago foi totalmente destruída. Em pouco mais de cem anos, toda a bacia do Mediterrâneo já era de Roma.

Crise da República

Na República romana, a escravidão era a base de toda produção e o número de escravos ultrapassava os de homens livres. O grande número de escravos também causava desemprego entre os plebeus, que não conseguiam competir com os baixos custos do trabalho escravo. A violência contra os escravos causou dezenas de revoltas.

Uma das principais revoltas escravos foi liderada por Espártaco entre 73 a 71 a.C. À frente das forças rebeldes, Espártaco ameaçou o poder de Roma.

Para tentar garantir a estabilidade política, em 60 a.C., o Senado indicou três líderes políticos ao consulado, Pompeu, Crasso e Júlio César, que formaram o primeiro Triunvirato.

Após a morte de Júlio César, foi instituído o segundo Triunvirato constituído por Marco Antônio, Otávio Augusto e Lépido.

As disputas de poder eram frequentes. Otávio recebeu do senado o título de Prínceps (principal ou primeiro cidadão) foi a primeira fase do império disfarçado de República.

Império Romano (27 a.C. a 476)

Imperio Romano

Mapa dos territórios dominados pelo Império Romano por volta de 70 d.C.

O imperador Otávio Augusto (27 a.C. a 14 d.C.) reorganizou a sociedade romana. Ampliou a distribuição de pão e trigo e de divertimentos públicos - a política do pão e circo.

Depois de Augusto, várias dinastias se sucederam. Entre os principais imperadores estão:

  • Tibério (14 a 37);
  • Calígula (37 a 41);
  • Nero (54 a 68);
  • Tito (79 a 81);
  • Trajano (98 a 117);
  • Adriano (117-138);
  • Marco Aurélio (161 a 180).

Leia também: Império Romano e Imperadores Romanos.

Decadência do Império Romano

A partir de 235 d.C., o Império começou a ser governado pelos imperadores-soldados, cujo principal objetivo era combater as invasões.

Do ponto de vista político, o século III d.C. caracterizou-se pela grave instabilidade política. Num período de apenas meio século (235 a 284 d.C.) Roma teve 26 imperadores, dos quais 24 foram assassinados.

Com a morte do imperador Teodósio, em 395, o Império Romano foi dividido entre seus filhos Honório e Arcádio.
Honório ficou com o Império Romano do Ocidente, com a capital em Roma, e Arcádio ficou com o Império Romano do Oriente, cuja capital era Constantinopla.

Em 476, o Império Romano do Ocidente desintegrou-se e o imperador Rômulo Augusto foi deposto. O ano de 476 é considerado pelos historiadores o marco divisório da Antiguidade para a Idade Média.

Da poderosa Roma, restou apenas o Império Romano do Oriente, que se manteria até 1453.

Estude mais sobre a Civilização Romana.

Curiosidades

  • Devido à expansão territorial, durante o império, os romanos passaram a representar 25% da população mundial.
  • Os canhotos eram vistos como pessoas de má-sorte e não confiáveis. Esta crença permaneceu até pouco tempo, quando as crianças eram obrigadas a escrever com a mão direita.
  • Os romanos prezavam muito pela higiene. As classes abastadas tinham água encanada em casa e os pobres possuíam fontes perto de suas residências. Igualmente, iam regularmente aos banhos públicos.
  • A urina era aproveitada para diversos fins por conta do ácido e outros componentes: usavam para clarear os dentes, lavar a roupa e fazer moedas.
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Questões de Vestibular

1. (Mackenzie) As Guerras Púnicas, conflitos entre Roma e Cartago, no século II a.C., foram motivadas:

a) pela disputa pelo controle do comércio no Mar Negro e posse das colônias gregas.
b) pelo controle das regiões da Trácia e Macedônia e o monopólio do comércio no Mediterrâneo.
c) pelo domínio da Sicília e disputa pelo controle do comércio no Mar Mediterrâneo.
d) pela divisão do Império Romano entre os generais romanos e a submissão de Siracusa a Cartago.
e) pelo conflito entre o mundo romano em expansão e o mundo bárbaro persa.

c) pelo domínio da Sicília e disputa pelo controle do comércio no Mar Mediterrâneo.

2. (Mackenzie) Durante a República Romana, a conquista da igualdade civil e política, os tribunos da plebe e a lei das Doze tábuas foram decorrentes:

a) da marginalização política, discriminação social e desigualdade econômica que afetavam a plebe romana.
b) da crise do sistema escravista de produção, transformando escravos em colonos e consequente declínio da agricultura.
c) do elevado poder do exército, que para conter a pressão das invasões bárbaras realizou reformas político-administrativas.
d) do afluxo de riqueza para Roma devido às conquistas e enfraquecimento da classe equestre.
e) da elevação do cristianismo que pregava a igualdade de todos os homens.

a) da marginalização política, discriminação social e desigualdade econômica que afetavam a plebe romana.

Continue praticando seus conhecimentos com mais Exercícios sobre Roma Antiga.

Veja mais: Grécia Antiga e Etruscos.

Referências Bibliográficas

FREITAS NETO, José Alves de e TASINAFO, Célio Ricardo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2006.

FUNARI, Pedro Paulo A. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2006.

Lucas Pereira
Revisão por Lucas Pereira
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2013), com mestrado em Ensino de História pela mesma instituição (2020). Atua como professor de História na educação básica e em cursos pré-vestibulares desde 2013. Desde 2016, também desenvolve conteúdos educativos na área de História.
Juliana Bezerra
Edição por Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.