Semiótica: entenda o que é e para quê serve (com exemplos)

Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora licenciada em Letras

Semiótica é a ciência que estuda os signos que usamos para nos expressarmos na forma escrita, falada ou através de imagens.

O estudo da semiótica contempla vários aspectos do signo, como classificar e descrever formas, tipos (verbais, visuais, sonoros) e seus efeitos na comunicação, o que resulta numa percepção abrangente sobre os signos.

Para recordar, signo é a representação, ou as representações, de algo. Por exemplo, a palavra bola, o desenho feito por uma criança de uma bola, a fotografia de uma bola são signos da bola.

Em resumo, e segundo pesquisadora brasileira Santaella (1983, p.13) “A Semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis (...)”.

A ciência semiótica, ou teoria geral dos signos, teve origem no final do século XIX através dos estudos realizados por Charles Sanders Peirce (1839-1914).

A palavra semiótica tem origem grega, de semeion, que significa signo.

Para quê serve a semiótica

A semiótica serve para melhorarmos a forma como recebemos e como transmitimos uma mensagem, ou seja, serve para melhorarmos a forma como nos comunicamos.

Isso acontece porque a semiótica estuda os signos verbais e não verbais sob vários aspectos e considera também o seu contexto.

Desta forma, entendemos melhor os signos e aperfeiçoamos a nossa capacidade de interpretá-los diariamente.

Tríade semiótica de Peirce (com exemplos)

Tríade semiótica de Peirce é como se chamam as partes que constituem os signos:

  1. signo ou representamen (primeiridade)
  2. objeto (secundidade)
  3. interpretante (terceiridade)

Signo ou representamen (primeiridade) é a primeira impressão que temos das coisas. Exemplos:

  • o cartão postal de uma praia;
  • uma placa de trânsito com a palavra "pare";
  • o som de uma sirene.

Objeto (secundidade) é o contato entre um signo com outro, estabelecendo uma comparação. Exemplos:

  • a praia real que consta no cartão postal;
  • a ação de parar o carro;
  • a presença de uma ambulância.

Interpretante (terceiridade) é a relação estabelecida entre o signo e o objeto, estabelecendo hábito, memória, ou seja, é a interpretação do signo. Exemplos:

  • a sensação de descanso, a lembrança das últimas férias de alguém;
  • o motorista que entende que deve parar ao ver a placa;
  • o motorista que entende que deve dar passagem à ambulância, porque há uma emergência.
exemplo de tríade semiótica de Peirce
Exemplos de tríade semiótica de Peirce

Como analisar a semiótica de um signo

De acordo com Peirce, análise semiótica de um signo deve ser feita em três fases:

  1. fase da contemplação
  2. fase da discriminação
  3. fase da generalização

Primeira fase: contemplação

Contemplar um signo é observá-lo com atenção e paciência. Para tanto, a primeira fase de uma análise semiótica sugere que deixemos que os signos nos transmitam suas qualidades sem fazermos nenhuma interpretação deles, ou seja, sem considerar os nossos conhecimentos de mundo.

Segunda fase: discriminação

Discriminar um signo é classificá-lo considerando suas especificidades. Assim, a segunda fase de uma análise semiótica sugere que classifiquemos os signos fazendo uma separação das suas características particulares.

Terceira fase: generalização

Generalizar um signo é separar as suas características gerais das suas características particulares. Desta forma, a terceira fase de uma análise semiótica sugere que separemos o que os signos têm em comum com os outros signos.

Ramos da semiótica

Há várias correntes da semiótica, considerando a semiótica de Peirce, a semiótica é dividida em três ramos:

  • gramática especulativa
  • lógica crítica
  • retórica especulativa

A gramática especulativa estuda todos os tipos de signos, suas formas, classificação e a informação que eles transmitem.

A lógica crítica estuda os tipos de indícios, raciocínios ou argumentos relacionados aos signos.

A retórica especulativa estuda os métodos que têm origem em cada tipo de raciocínio.

Leia também:

Referências Bibliográficas

RODRIGUES, Linduarte Pereira. A tríade semiótica. Discursividade, v. 8, 2021.

SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica. 6 ed. São Paulo: Brasiliense, 1988. 120 p. (Coleção Primeiros Passos)

Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora, produz conteúdos educativos (de língua portuguesa e também relacionados a datas comemorativas) desde 2015. Licenciada em Letras pela Universidade Católica de Santos (habilitação para Ensino Fundamental II e Ensino Médio) e formada no Curso de Magistério (habilitação para Educação Infantil e Ensino Fundamental I).