Socialismo: entenda o que é, suas características e origem
O socialismo é uma ideologia política e econômica que busca criar uma sociedade onde todos tenham acesso igualitário aos recursos e às oportunidades.
Isso significa que, em vez de algumas poucas pessoas controlarem a maioria das riquezas e dos meios de produção (como fábricas, terras e empresas), esses recursos seriam controlados coletivamente pela sociedade como um todo.
Por isso, a ideologia socialista propõe a distribuição igualitária de renda, extinção da propriedade privada burguesa, socialização dos meios de produção, economia planificada e, além disso, a tomada do poder por parte do proletariado.
O socialismo visa a consolidação de uma sociedade sem classes, onde bens e propriedades passam a ser de todos. O objetivo é acabar com a exploração entre pessoas e com as grandes diferenças econômicas entre os indivíduos, ou seja, a divisão entre pobres e ricos.
Socialismo (resumo completo)
O que é
Socialismo é uma ideologia política e econômica que busca a igualdade social e a propriedade coletiva dos meios de produção, onde os recursos são distribuídos de forma justa entre todos.
Características
- Propriedade coletiva dos meios de produção.
- Distribuição igualitária da riqueza.
- Foco no bem-estar social.
- Eliminação da exploração dos trabalhadores.
- Planejamento econômico centralizado.
Como surgiu
O socialismo surgiu como reação às desigualdades do capitalismo, especialmente durante a Revolução Industrial. Karl Marx e Friedrich Engels foram figuras-chave, defendendo a revolução dos trabalhadores para criar uma sociedade socialista.
Países socialistas
Atualmente, países como China, Cuba, Vietnã, Laos e Coreia do Norte se identificam como socialistas, com economias onde o governo tem controle significativo.
Principais características do socialismo
Propriedade coletiva dos meios de produção
Em uma sociedade socialista, as fábricas, terras, empresas e outros meios de produção não são de propriedade privada (pertencente a um indivíduo), mas sim de todos os cidadãos.
Isso pode acontecer de diferentes formas, como por meio de cooperativas, onde os trabalhadores têm participação na empresa, ou pelo controle estatal, onde o governo administra esses recursos em nome do povo.
Distribuição igualitária da riqueza
No socialismo, busca-se distribuir a riqueza de forma mais justa. Isso significa que a diferença entre os mais ricos e os mais pobres deve ser reduzida, com todos tendo acesso aos bens essenciais, como saúde, educação, moradia e alimentação.
Bem-estar social
O socialismo reforça o bem-estar de toda a população. Os serviços essenciais, como saúde, educação, transporte e moradia, devem ser acessíveis a todos, independentemente de sua condição econômica.
Eliminação da exploração
A ideologia socialista visa eliminar a exploração dos trabalhadores. Isso significa que, em vez de os donos de empresas lucrarem às custas dos trabalhadores (pagando-lhes salários baixos e ficando com a maior parte dos lucros), os lucros seriam distribuídos de forma mais equitativa entre todos os que contribuem para a produção.
Planejamento econômico centralizado
Em vez de deixar que o mercado decida o que é produzido e como os recursos são distribuídos, como acontece no capitalismo, o socialismo propõe um planejamento econômico centralizado. Neste caso, o governo, ou uma entidade designada pela sociedade, decide o que deve ser produzido com base nas necessidades da população.
História de como o socialismo se desenvolveu
O socialismo surge entre os séculos XVIII e XIX como forma de repensar o sistema vigente, neste caso, o capitalismo.
Para tanto, um dos primeiros estudiosos a pensar o socialismo foi Henri de Saint Simon (1760 – 1825), filósofo e economista francês. Para ele, a sociedade, que naquela altura era industrial, estava sob o comando de um governo essencialmente feudal.
Henri de Saint Simon propõe a criação de um novo regime político-econômico, no qual a classe industrial tomaria o poder de forma pacífica. Haveria o fim dos conflitos entre classes e uma administração ordenada e harmoniosa da sociedade, encaminhada por empresários e por cientistas, em que os homens repartissem os mesmos interesses e recebessem adequadamente pelo seu trabalho. Tudo isso, pautado no progresso industrial e científico.
Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895) são, talvez, os mais famosos defensores do socialismo. Publicaram o “Manifesto Comunista” em 1848. O texto apresenta:
- os princípios do que constitui o socialismo científico;
- elementos do pensamento comunista;
- conceito de luta de classes;
- crítica ao modo de produção capitalista;
- crítica aos três tipos de socialismo (utópico, reacionário, conservador);
- a aplicação do método materialismo;
- noções iniciais que formarão o conceito de mais-valia;
- a revolução socialista.
Por isso o socialismo científico, muitas vezes é conhecido pelo nome de Marxismo, por estar associado ao Karl Marx.
- Karl Marx e Friedrich Engels: esses dois pensadores são, talvez, os mais famosos defensores do socialismo. Eles acreditavam que a história da humanidade é uma história de lutas de classes, onde os ricos (burguesia) exploram os pobres (proletariado). Eles previram que, eventualmente, os trabalhadores se revoltariam e tomariam o controle dos meios de produção, criando uma sociedade socialista. Suas ideias são conhecidas como marxismo.
- Revolução Russa de 1917: um dos eventos mais importantes na história do socialismo foi a Revolução Russa, onde os bolcheviques, liderados por Vladimir Lenin, tomaram o poder e estabeleceram o primeiro estado socialista do mundo. Esse evento levou à criação da União Soviética, que se tornou um exemplo de estado socialista.
- Socialismo democrático: com o tempo, diferentes formas de socialismo surgiram. O socialismo democrático é uma dessas formas, que busca implementar ideias socialistas por meio de processos democráticos, como eleições, em vez de revoluções violentas.
O que é o socialismo utópico
O socialismo utópico, desenvolvido no século XIX, é fundamentado na mudança da consciência dos indivíduos das classes dominantes.
Entre eles, há quem acreditasse que era possível reformar a sociedade, a ponto de se colocar fim no individualismo e de se estabelecer uma harmonia social, de modo pacífico e com ajuda da burguesia (classe dominante). Foi considerado um modelo idealizado e, por isso, leva o nome de “utópico”.
Um dos grandes representantes desta corrente foi o filósofo e economista francês Claude-Henri de Rouvroy, mais conhecido por Conde de Saint-Simon (1760 – 1825).
Outros que junto com ele defendem este modelo são: Charles Fourier (1772 – 1837), Pierre Leroux (1798 – 1871), Louis Blanc (1811 – 1882) e Robert Owen (1771 – 1858).
Karl Marx criticava esse tipo de modelo. Para ele, o socialismo utópico apresentava os ideais de uma sociedade mais justa e igualitária, mas não explorava as ferramentas nem o método para que os objetivos fossem atingidos.
O que é o socialismo científico
O socialismo científico ou socialismo marxista foi um sistema de pensamento no qual o método estava pautado na análise crítica e científica do sistema capitalista.
Diferentemente do socialismo utópico, essa corrente teórica não acreditava que a igualdade social fosse atingida somente por meio de uma reforma social pacífica.
Seus teóricos se baseiam no materialismo histórico-dialético para analisar a sociedade. Sua análise procura explicar a existência de diferentes grupos sociais e o princípio de sua desigualdade dentro da realidade capitalista. Daí o termo "científico" associado a essa corrente.
O socialismo científico foi criado por Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895) no século XIX.
Para os marxistas, o sistema capitalista se baseia na exploração da classe trabalhadora pela classe burguesa, em virtude desta deter os meios de produção. Por isso, a proposta desta corrente está fundamentada na luta de classes, na revolução da classe proletária, no materialismo dialético e o materialismo histórico e na doutrina da mais-valia.
Para o pensamento marxista, os trabalhadores precisavam tomar consciência dos fundamentos do sistema capitalista. Uma vez que estivessem conscientes do mecanismo de sua exploração, eles se transformariam.
Modificariam a forma como se relacionavam com o trabalho e com a sociedade. Com isso, eles se uniriam e promoveriam a revolução proletária.
O intuito com essa revolução é a transformação integral da sociedade, visando superar o sistema capitalista, a partir da eliminação da propriedade privada burguesa e da abolição da exploração entre pessoas.
No limite, toda essa transformação retiraria a necessidade de um Estado controlador e a sociedade seria encaminhada para o comunismo.
Principais diferenças entre o socialismo e o capitalismo
O capitalismo é o sistema econômico dominante na maioria dos países hoje. No capitalismo, a propriedade privada dos meios de produção é incentivada e o mercado decide o que é produzido e como os recursos são distribuídos, com base na oferta e na procura. Isso pode levar a grandes desigualdades, onde algumas poucas pessoas acumulam enormes riquezas enquanto outras vivem em pobreza.
No socialismo, o foco está em reduzir essas desigualdades e garantir que todos tenham acesso aos recursos necessários para viver uma vida digna. O objetivo não é eliminar a riqueza, mas sim distribuí-la de forma mais justa.
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Principais críticas ao socialismo
- Ineficácia econômica: críticos argumentam que o planejamento centralizado e a falta de competição (resultante da inexistência de mercado) podem levar à ineficiências na produção e na distribuição de bens. Isso resultaria em um problema na questão da igualdade buscada.
- Falta de liberdade individual: em alguns países socialistas, como a antiga União Soviética, a falta de propriedade privada e o controle estatal, em favor do estabelecimento supremo da igualdade, resultaram em repressão política e falta de liberdades individuais.
- Dificuldade de implementação: muitos argumentam que, na prática, é muito difícil implementar o socialismo sem acabar em autoritarismo ou ditaduras.
Países socialistas
1. China
A China se define como uma república socialista sob a liderança do Partido Comunista Chinês (partido único). Embora, a partir da década de 1970, tenha introduzido reformas econômicas e adotado elementos de uma economia de mercado, o Estado ainda mantém um controle significativo sobre setores estratégicos da economia.
2. Cuba
Cuba é um dos exemplos mais conhecidos de um país socialista. O Partido Comunista de Cuba é o único partido político do país. O país está passando por um processo de reforma econômica, tendo autorizado recentemente (2021) a entrada de empresas privadas no país. Ainda assim, o governo controla a maior parte da economia. A educação e a saúde são gratuitas e universais.
3. Vietnã
O Vietnã, como a China, também é governado por um partido comunista. Desde as reformas econômicas conhecidas como "Đổi Mới" (renovação), iniciadas na década de 1980, o país tem adotado uma economia mista e orientada para mercado externo.
Segundo Souza (2019, p. 31), as cooperativas e a iniciativa privada participam ativamente na produção de mercadorias, mas o Partido Comunista continua a ter um papel central no governo e na economia.
4. Laos
Laos é uma república socialista sob o comando do Partido Popular Revolucionário do Laos. O país introduziu uma reforma gradativa de mercado, a partir de 1986, o que promoveu uma abertura em sua economia.
5. Coreia do Norte
A Coreia do Norte se identifica como um estado socialista e segue a ideologia Juche, uma variante do marxismo-leninismo adaptada ao contexto norte-coreano. O governo controla rigorosamente toda a economia e a sociedade.
Mapa mental do socialismo
Para praticar: Questões sobre Socialismo
Aprofunde os seus estudos com:
- Diferenças entre Capitalismo e Socialismo
- Diferenças entre Comunismo e Socialismo
- Comunismo
- Marxismo
- Capitalismo
Referências Bibliográficas
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