Tenentismo: o que foi e o que defendia o movimento
O tenentismo foi um fenômeno sociopolítico brasileiro iniciado na década de 1920, quando um movimento político-militar ganhou força em quartéis distribuídos pelo território nacional e deu origem a uma série de rebeliões realizadas por jovens oficiais de baixa e média patentes do Exército Brasileiro.
Descontentes com a situação política brasileira, esses jovens buscaram abalar suas estruturas ao tentar derrubar as oligarquias rurais que dominavam o país e constituíam o pilar fundamental das tradições da Primeira República.
Vale destacar os movimentos tenentistas mais importantes:
- Revolta dos 18 do Forte de Copacabana (1922)
- Revoluções de 1924
- Coluna Prestes (1924-1927)
Causas e reivindicações do Tenentismo
A princípio, devemos destacar a influência das novas demandas que surgiram com a urbanização e a crítica à política das oligarquias agrárias dominantes. Nesse sentido, o movimento tenentista iniciou-se como uma reação militar à posse do presidente Artur Bernardes, em 1922.
O movimento tenentista possuía reivindicações muito claras e suas prerrogativas acabaram se consolidando, mesmo que tardiamente.
Apesar de defenderem reformas políticas e sociais, os líderes do tenentismo eram, na verdade, conservadores e autoritários. Em suma, eles pretendiam moralizar os processos e atos políticos brasileiros, marcados pelos atos de corrupção típicos do coronelismo.
Não obstante, eram a favor da liberdade dos meios de comunicação, do fim do “voto de cabresto”, o qual seria combatido pela instauração do voto secreto. Outro corolário era a defesa da educação pública. Por fim, vale citar que eram favoráveis ao sufrágio feminino.
Ademais, o tenentismo foi uma das manifestações da participação dos militares na política brasileira, presente em momentos significativos da história nacional.
Alguns desses momentos foram a Proclamação da República (1889), o movimento de 1930 que levou Getúlio Vargas ao poder e o Golpe Militar de 1964.
Desdobramentos do Tenentismo
Mesmo que não tenha conseguido produzir resultados pragmáticos, o movimento tenentista foi capaz de abalar os alicerces políticos do Brasil da Primeira República.
Sem dúvidas, o movimento mais notório dentro do tenentismo foi a Coluna Prestes (1924-1927). A Coluna Prestes foi grupo composto por civis e militares armados, sob a liderança de Luís Carlos Prestes, que percorreu mais de 24 mil quilômetros e atravessou 11 estados brasileiros.
Utilizando a tática militar de guerrilha, a Coluna tinha como objetivo propagar o ideário político dos tenentes e incentivar o surgimento de movimentos revolucionários antioligárquicos.
Já no final da década de 1920, ao aderir às ideias marxistas e ao Partido Comunista Brasileiro, Luís Carlos Prestes rompeu com o movimento tenentista.
Em outro extremo do movimento, o tenentismo viria participar do movimento que conduziu Getúlio Vargas ao poder. Primeiro, os tenentes tomaram parte da Aliança Liberal, que participou das eleições para a presidência da república em 1929.
Com a derrota nas urnas, participaram ativamente da Revolução de 1930 e, após a vitória e posse de Getúlio Vargas, os mesmos foram nomeados interventores nos estados. Com isso, passaram a integrar a vida política do país.
Enquanto movimento militar e político, o tenentismo manteve-se ativo até 1935. Entretanto, cabe lembrar que diversos nomes ligados ao movimento continuaram participando da vida política brasileira nas décadas seguintes.
Curiosidades sobre o Tenentismo
Com a Revolução de 1930, a maioria dos governos de estados brasileiros foram atribuídos aos tenentes, os quais eram nomeados interventores.
Quase todos os comandantes militares do golpe militar de 1964 foram ex-integrantes do movimento tenentista. São exemplos: Cordeiro de Farias, Ernesto Geisel, Eduardo Gomes, Castelo Branco, Juracy Magalhães, Juarez Távora e Emílio Garrastazu Médici.
Leia também:
- Revolta do Forte de Copacabana
- Revolta da Chibata
- Guerra do Contestado: causas e consequências
- Guerra de Canudos: o que foi, as causas e consequência da revolta
- Revolta da Vacina (1904)
Referências Bibliográficas
FORJAZ, Maria Cecília Spina. Tenentismo. Atlas Histórico do Brasil, FGV-CPDOC. Disponível em: https://atlas.fgv.br/verbetes/tenentismo (acesso em 26/04/2024).
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CASTRO, Ligia. Tenentismo: o que foi e o que defendia o movimento. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/tenentismo/. Acesso em: