Reticências: quando usar e para quê serve (com exemplos)
As reticências, representadas pela sequência de três pontos (...), são um sinal gráfico que sinaliza, principalmente, interrupção no discurso, por exemplo:
- Quem fala o que quer...
- Eu... eu queria dizer uma coisa... mas, não sei... não sei se devo...
- Suspirando, disse: "Ah, se as coisas pudessem ser como antes..."
- A luz do farol... guia os navegantes perdidos...
- E as memórias... essas... carregamos para sempre!
1. Reticências na interrupção de ideias
Numa narração, um dos casos em que as reticências podem ser usadas acontece quando um personagem começa a falar sobre uma ideia e a interrompe.
Exemplo:
Quanto às tarefas... Fico cansado só de pensar em tudo o que preciso fazer... Talvez... amanhã me organize mais.
2. Reticências nas indecisões
As reticências são muito boas para mostrar a hesitação dos falantes de um discurso, a dúvida em tomar uma decisão, ou mesmo a timidez.
Exemplo:
Não sei se devo aceitar o convite... Quero ir, mas tenho os meus receios.
3. Reticências na transmissão de sentimentos
O sinal das reticências pode servir para sinalizar sentimentos facilmente perceptíveis na língua falada (emoção, alegria, ou tristeza).
Exemplo:
Tanto fiz por ele... sem ajuda... sozinha... consegui!
4. Reticências nas omissões
As reticências também costumam ser usadas quando a intenção do discurso é fazer com que o leitor imagine o desenrolar de uma ideia iniciada pelo narrador.
Exemplo:
Mas virão outros.
Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento…
Dorme, meu filho.(Trecho de Consolo na Praia, de Carlos Drummond de Andrade)
5. Reticências na interrupção de discursos
Em trechos de citações, ou seja, quando não se apresenta a frase completa do autor, podemos usar as reticências entre parênteses ou entre colchetes.
Exemplo:
“(...) a expansão do terrorismo que mata homens, mulheres e crianças, destrói patrimônio da humanidade, expulsa de suas comunidades seculares milhões de pessoas, mostram que a ONU está diante de um grande desafio.”
(Trecho do discurso da Presidente Dilma no septuagésimo aniversário da Organização das Nações Unidas, em 2015)
No exemplo acima, o discurso não está transcrito na íntegra, ou seja, algumas partes foram omitidas, ficando somente a parte escolhida pelo autor que produziu o texto. Veja o trecho completo:
“A multiplicação de conflitos regionais —alguns com alto potencial destrutivo—, assim como a expansão do terrorismo que mata homens, mulheres e crianças, destrói patrimônio da humanidade, expulsa de suas comunidades seculares milhões de pessoas, mostram que a ONU está diante de um grande desafio.”
6. Reticências para realçar discursos
E, finalmente, as reticências podem aparecer também como uma forma de destacar algo - uma palavra ou expressão - sendo utilizada antes delas.
Exemplo:
Aquele olhar é... encantador.
Letras maiúsculas ou minúsculas após as reticências
As letras maiúsculas podem ser usadas após as reticências quando a ideia que vem de seguida é uma ideia nova.
Por sua vez, se o discurso só apresenta uma pausa e a ideia prossegue, deveremos escrever com letra minúscula.
Exemplos:
Amanda sorriu... Resolveu perguntar sobre seu pai.
Amanda sorriu... perguntou sobre seu pai.
Leia também:
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- Ponto e Vírgula ( ; )
- Dois Pontos ( : )
- Ponto de Interrogação ( ? )
- Usos da Vírgula ( , )
- Uso do Travessão (—)
- Uso do Ponto final ( . )
- Uso dos Parênteses ( () )
- Uso das Aspas ( " " )
Para praticar: Exercícios de pontuação
Referências Bibliográficas
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 48. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2010.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
FERNANDES, Márcia. Reticências: quando usar e para quê serve (com exemplos). Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/uso-das-reticencias/. Acesso em: