Vícios de Linguagem

Márcia Fernandes
Revisão por Márcia Fernandes
Professora de Língua Portuguesa e Literatura

Vícios de linguagem são desvios gramaticais que ocorrem por descuido ou desconhecimento das normas nos diferentes níveis linguísticos: fonético, semântico, sintático ou morfológico.

Os vícios de linguagem são:

  • pleonasmo vicioso
  • solecismo
  • barbarismo
  • ambiguidade
  • eco
  • cacófato
  • hiato
  • colisão
  • plebeísmo
  • gerundismo

Pleonasmo vicioso

Pleonasmo vicioso, também chamado de redundância, é a repetição de uma informação desnecessária na frase.

EXEMPLO: Vamos entrar para dentro de casa. (entrar já supõe que seja para dentro)

Solecismo

Solecismo é o erro de sintaxe, muito comum nas linguagens orais.

Reúne os erros de concordância (singular e plural), regência verbal ou nominal e a utilização de termos no lugar de outros corretos gramaticalmente.

EXEMPLO: Vamos no Cinema. (Vamos ao cinema.)

Barbarismo

Barbarismo é o uso incorreto da palavra ou do enunciado. Ele ocorre nos níveis fonéticos (erros de pronúncia), morfológicos (irregularidade na palavra) e semânticos (significados) da língua. São classificados em:

  • Silabada: mudança do acento tônico de alguma sílaba da palavra, por exemplo: gratuíto em vez de gratuito.
  • Cacoépia: pronúncia incorreta de uma palavra, por exemplo: pobrema em vez de problema.
  • Cacografia: erros de ortografia, por exemplo: geito em vez de jeito.

Ambiguidade

Ambiguidade, também chamado de anfibologia, ocorre quando, num determinado enunciado, há duplicidade de sentidos, o que dificulta o entendimento do texto pelo ouvinte.

EXEMPLO: Roberto estava com Maria falando de sua mãe. (a mãe de quem?)

Eco

No eco, ocorrem rimas nos textos em prosa, porque há palavras com a mesma terminação. Os textos em prosa são os que não se estruturam como os poemas.

EXEMPLO: Certamente, realizamos o trabalho calmamente e alegremente.

Cacófato

O cacófato ou cacofonia ocorre a nível fonético da língua. Ele apresenta uma construção sintática onde surgem sons engraçados, desagradáveis ou mesmo que confundem o ouvinte.

EXEMPLO: Vi ela ontem pela manhã (viela); Eu amo ela (moela).

Hiato

O hiato é uma sequência de vogais sonoramente desagradável.

EXEMPLO: Pode escolher: ou eu ou ela!

Colisão

A colisão é uma sequência de consoantes sonoramente desagradável.

EXEMPLO: O cultivo coletivo das comunidades camponesas.

Plebeísmo

O plebeísmo é um vício de linguagem que consiste na utilização de termos coloquiais (gírias e palavras de baixo calão) ou de expressões informais.

EXEMPLO: Conseguiu falar com o cara? (indivíduo)

Gerundismo

O gerundismo é o uso exagerado do gerúndio. Isso acontece quando essa forma nominal é utilizada no lugar de uma conjugação mais adequada em termos gramaticais.

EXEMPLO: Vou estar te telefonando logo no início das promoções. (Telefonarei logo no início das promoções.)

Figuras de Linguagem x Vícios de Linguagem

Figuras de linguagem são recursos linguísticos utilizados a fim de oferecer mais expressividade ou ênfase ao discurso. Por esse motivo, são muito utilizadas nos textos poéticos.

Já os vícios de linguagem são desvios das construções da língua, os quais interferem na expressividade da linguagem.

Dessa maneira, se o erro for intencional, trata-se de uma figura de linguagem e não de um vício de linguagem.

Exercícios sobre vícios de linguagem

1. (URCA) Sobre os vícios de linguagem, relacione a segunda coluna com a primeira:

(A) barbarismo;
(B) solecismo;
(C) cacófato;
(D) redundância;
(E) ambiguidade.

( ) É admirável a fé de meu tio;
( ) Não teve dó: decapitou a cabeça do condenado;
( ) Faziam anos que não morriam pessoas;
( ) Coitado do burro do meu irmão! Morreu.
( ) Intervi na briga por que sou intimerato.

A sequência correta, é:

a) D – C – A – B – E;
b) B – E – D – A – C;
c) C – D – B – E – A;
d) A – B – E – C – D;
e) E – A – C – B – D;

Alternativa c: C – D – B – E – A

CACÓFATO: É admirável a fé de meu tio. (Som desagradável: fé de = fede)
REDUNDÂNCIA: Não teve dó: decapitou a cabeça do condenado. (decapitar = cortar a cabeça fora, por isso, bastava dizer "decapitou o condenado".)
SOLECISMO: Faziam anos que não morriam pessoas. (Há erro de sintaxe. Correção: Fazia anos que não morriam pessoas.)
AMBIGUIDADE: Coitado do burro do meu irmão! Morreu. (Há duplo sentido: não está claro se o irmão tem um animal ou se o irmão está sendo chamado de burro.)
BARBARISMO: Intervi na briga por que sou intimerato. (Há erro de pronúncia. O correto é intemerato (íntegro) em vez de intimerato.)

2. (FEI-SP) Identifique a alternativa em que ocorre um pleonasmo vicioso:

a) Ouvi com meus próprios ouvidos.
b) A casa, já não há quem a limpe.
c) Para abrir a embalagem, levante a alavanca para cima.
d) Bondade excessiva, não a tenho.
e) N.D.A.

Alternativa c: Para abrir a embalagem, levante a alavanca para cima.
Levantar para cima é uma informação desnecessária na frase.

Quanto à frase "Ouvi com meus próprios ouvidos." é um pleonasmo usado como figura de linguagem. Neste caso, o uso de palavras redundantes reforçam a comunicação de forma expressiva.

3. (UFOP-MG) Qual o vício de linguagem que se observa na frase: “Eu não vi ele faz muito tempo”.

a) solecismo
b) cacófato
c) arcaísmo
d) barbarismo
e) colisão

Alternativa a: solecismo

Há erro de sintaxe. Correção: Eu não o vi faz muito tempo.

Para praticar: Exercícios sobre vícios de linguagem (com gabarito explicado)

Leia também: Figuras de Linguagem

Para saber mais:

Referências Bibliográficas

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 48. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2010.

Márcia Fernandes
Revisão por Márcia Fernandes
Professora, produz conteúdos educativos desde 2015. Licenciada em Letras pela Universidade Católica de Santos (habilitação para Ensino Fundamental II e Ensino Médio) e formada no Curso de Magistério (habilitação para Educação Infantil e Ensino Fundamental I).
Daniela Diana
Edição por Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.