Vida e Obra de Graciliano Ramos
Graciliano Ramos (1892-1953) foi um escritor e jornalista brasileiro pertencente à segunda fase do modernismo, denominada de fase de consolidação (1930-1945).
Segundo ele:
“Os modernistas brasileiros, confundindo o ambiente literário do país com a Academia, traçaram linhas divisórias rígidas (mas arbitrárias) entre o bom e o mau. E, querendo destruir tudo o que ficara para trás, condenaram, por ignorância ou safadeza, muita coisa que merecia ser salva.”
Biografia
Filho de Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferro Ramos, Graciliano Ramos de Oliveira nasceu no município alagoano de Quebrângulo, dia 27 de outubro de 1892. Família de classe média, Graciliano era o primogênito de 16 filhos.
Viveu em diversas cidades do nordeste brasileiro: Viçosa (AL), Palmeira dos Índios (AL), Maceió (AL) e Buíque (PE).
Teve uma infância difícil assinalada por dificuldades na relação com seus pais, bastante rígidos e frios.
Estudou no Internato em Viçosa e, em 1904, publicou no jornal da escola “O Dilúculo” sua primeira obra: o conto “O Pequeno Pedinte”.
No ano seguinte, passou a viver em Maceió onde se matricula no Colégio Interno Quinze de Março. Ali, ele estabelece uma relação de identificação com a língua e a literatura.
Quando terminou o segundo grau, em 1914, seguiu para o Rio de Janeiro. Na cidade maravilhosa ele trabalhou como revisor dos jornais “Correio da Manhã”, “O Século” e “A Tarde”.
No ano seguinte, casou-se com Maria Augusta Barros que faleceu pouco tempo depois. Com ela, teve quatro filhos.
Também atuou na carreira política, sendo eleito prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, em 1928, cargo que ocupou até 1930.
A partir de 1930 assume a direção da Imprensa Oficial e da Instrução Pública do Estado em Maceió. Em 1936, casou-se com Heloísa Leite de Medeiros, com quem teve quatro filhos: Ricardo, Roberto, Clara e Luísa.
Foi filiado ao partido comunista sendo preso sob acusação. Apesar de possuir uma personalidade muita ácida, o próprio escritor ressaltou:
“Em qualquer lugar, estou bem. Dei-me bem na cadeia. Tenho até saudades da Colônia Correcional. Deixei lá bons amigos.”
Graciliano faleceu no Rio de Janeiro, dia 20 de março de 1953, vítima de câncer no pulmão.
Obras
Graciliano escreveu romances, contos, crônicas, literatura infanto-juvenil e segundo ele:
“Qualquer romance é social. Mesmo a literatura ‘torre de marfim’ é trabalho social, porque só o fato de procurar afastar os outros problemas é luta social”.
Algumas obras que se destacaram:
- Caetés (1933)
- Vidas Secas (1938)
- São Bernardo (1934)
- Angústia (1936)
- A Terra dos Meninos Pelados (1939)
- Brandão Entre o Mar e o Amor (1942)
- Histórias de Alexandre (1944)
- Infância (1945)
- Histórias incompletas (1946)
- Insônia (1947)
Algumas de suas obras que foram publicadas postumamente:
- Memórias do Cárcere (1953)
- Viagem (1954)
- Linhas Tortas (1962)
- Viventes das Alagoas (1962)
- Alexandre e outros Heróis (1962)
- Cartas (1980)
- O Estribo de Prata (1984)
- Cartas a Heloísa (1992)
Vidas Secas
Publicado em 1938, o romance documental “Vidas Secas” é sua obra mais emblemática. Nele, Graciliano retrata a vida de uma família de retirantes com sua cachorra e papagaio.
Nesse romance, o escritor traça a figura do sertanejo, explorando temas como a miséria e a seca do nordeste.
Frases de Graciliano
- “Nunca pude sair de mim mesmo. Só posso escrever o que sou. E, se as personagens se comportam de modos diferentes, é porque não sou um só.”
- “A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso. A palavra foi feita para dizer.”
- “Quem escreve deve ter todo o cuidado para a coisa não sair molhada. Da página que foi escrita não deve pingar nenhuma palavra, a não ser as desnecessárias. É como pano lavado que se estira no varal.”
- “Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício. Acho medonho alguém viver sem paixões.”
- “Certos lugares que me davam prazer tornaram-se odiosos. Passo diante de uma livraria, olho com desgosto as vitrinas, tenho a impressão de que se acham ali pessoas, exibindo títulos e preços nos rostos, vendendo-se. É uma espécie de prostituição.”
- “Escolher marido por dinheiro. Que miséria! Não há pior espécie de prostituição.”
- “Ateu! Não é verdade. Tenho passado a vida a criar deuses que morrem logo, ídolos que depois derrubo. Uma estrela no céu, algumas mulheres na terra.”
Curiosidades
- Graciliano não chegou a fazer nenhum curso superior.
- Algumas de suas obras forma adaptadas para cinema, tal qual Vidas Secas, São Bernardo e Memórias do Cárcere.
- Na publicação de sua obra “Angústia” (1936), Graciliano estava encarcerado, de forma que o original foi entregue por Heloísa, sua esposa, à editora José Olympio responsável pela publicação.
Leia também:
DIANA, Daniela. Vida e Obra de Graciliano Ramos. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/vida-e-obra-de-graciliano-ramos/. Acesso em: