Zygmunt Bauman

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

Zygmunt Bauman (1925-2017) foi um sociólogo e filósofo polonês e britânico.

Foi o autor do conceito modernidade líquida o qual expressa que estamos vivendo tempos de instabilidade e volatilidade.

Biografia

Zygmunt Bauman nasceu na Polônia, em 19 de novembro de 1925, numa família judia.

Eles fugiram para a União Soviética, em 1939, diante da invasão nazista sobre o país. Aliou-se ao exército e participou de duas batalhas. Após o término da Segunda Guerra seria oficial na divisão que combateria os nacionalistas ucranianos.

Zygmunt Bauman
Zygmunt Bauman era crítico com o excesso de informação e conexão que vivemos atualmente

Retornou à Polônia onde lecionou na Universidade de Varsóvia até ser perseguido e expulso do Partido Comunista. Neste momento, Bauman começava a distanciar-se das correntes mais ortodoxas do marxismo.

Por conta da censura às suas obras e do expurgo político ocorridos em 1968 resolve imigrar para Israel. Para isso, teve que renunciar à sua nacionalidade polonesa.

Em Israel, dá aulas na Universidade de Tel Aviv onde encontra resistência por conta das suas posições contra o sionismo. Bauman acusava certos grupos de judeus de usar o Holocausto como justificativa para cometer seus próprios crimes.

No entanto, foi na Universidade de Leeds, Inglaterra, que desenvolveu seus principais conceitos como o da "modernidade líquida". Esta ideia o tornaria um sociólogo e filósofo respeitado em todo mundo.

Suas concepções sobre a modernidade e sua crítica ao mundo capitalista encontraram eco nos movimentos anti-globalização e anti-capitalistas.

Casou-se com a escritora Janina Lewinson-Bauman (1926-2009) com quem teve três filhas. Faleceu no dia 9 de janeiro de 2017.

Modernidade Líquida

Para entender o conceito de modernidade líquida, precisamos recordar quais são as propriedades dos líquidos. Estes se caracterizam pela instabilidade, falta de coesão e de uma forma definida.

A modernidade líquida, portanto, se caracteriza por uma sociedade e um tempo onde tudo é volátil e adaptável. Se contrapõe à década anterior, a modernidade sólida, onde a sociedade era ordenada, coesa, estável e previsível.

Nada está fixo, parado ou inalterado na modernidade líquida. Ela é mutante e instável ou em outras palavras, caótica. Tudo pode ser adaptável seja a profissão, os relacionamentos, a religião, etc.

O que teria provocado esta mudança? Bauman aponta algumas razões:

  • As empresas são cada vez mais poderosas, mais ainda que os governos. As grandes transnacionais tem o poder de mudar leis, economia, o meio-ambiente, etc.
  • A velocidade das mudanças tecnológicas cada vez mais rápidas com a Internet.
  • A migração de pessoas que se deslocam rapidamente impactando de forma abrupta os lugares onde se instalam e geram impactos culturais e sócio-econômicos.

Amor Líquido

Se todos os aspectos da nossa vida se viram afetados pela sociedade de consumo e pela tecnologia, os relacionamentos também o foram.

Na chamada sociedade sólida, normalmente, o casamento durava para sempre. Escorados no ideal do amor romântico, criou-se a crença que o ser humano só era capaz de apaixonar-se uma única vez.

No entanto, com o advento das tecnologias, conectar-se com as pessoas é muito fácil. Por outro lado, desconectar-se dessas mesmas pessoas também é igualmente fácil.

Assim, as relações, ao invés de serem duradouras, passam a ser seriadas e constituem um acúmulo de experiências. O que contaria é a quantidade e a satisfação, tal como sucede nos produtos que consumimos.

Obras de Bauman

  • Modernidade e Holocausto
  • Em Busca da Política
  • Modernidade e Ambivalência
  • Globalização: as consequências humanas
  • Modernidade Líquida
  • Amor Líquido
  • Medo Líquido
  • Vida para o Consumo
  • Estranhos à nossa Porta

Frases de Bauman

  • “Como se pode lutar contra as adversidades do destino sozinho, sem a ajuda de amigos fiéis e dedicados, sem um companheiro de vida, pronto para compartilhar os altos e baixos?”
  • “A preocupação com a administração da vida parece distanciar o ser humano da reflexão moral”.
  • “Três décadas de orgia consumista resultaram em uma sensação de urgência sem fim”.
  • “O fim desta confiança engendra, por outro lado, um ambiente em que ‘ninguém assume o controle’, em que os assuntos do estado e seus sujeitos estão em queda livre, e prever com alguma certeza que caminho seguir, sem falar em controlar o curso dos acontecimentos, transcende a capacidade humana individual e coletiva”.
  • “A incapacidade de escolher entre atração e repulsão, entre esperanças e temores, redunda na incapacidade de agir”.
  • “Na era da informação, a invisibilidade é equivalente à morte”.
  • “A vida é muito maior que a soma de seus momentos”.
  • “Loucos são apenas os significados não compartilhados. A loucura não é loucura quando compartilhada”.
  • “Viver entre uma multidão de valores, normas e estilos de vida em competição, sem uma garantia firme e confiável de estarmos certos é perigoso e cobra um alto preço psicológico”.

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Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.