Biblioteca de Alexandria

Ligia Lemos de Castro
Revisão por Ligia Lemos de Castro
Professora de História

A Biblioteca de Alexandria foi fundada no século III a.C., na cidade de Alexandria, que fazia parte do Império Macedônico

Esteve em funcionamento por aproximadamente seiscentos anos, sendo destruída, definitivamente, entre os anos de 250 a 270.

Criação da biblioteca de Alexandria

A cidade de Alexandria foi fundada em 331 a.C. por Alexandre, o Grande. O próprio rei macedônio escolheu sua localização, fez o traçado urbano e a batizou com seu nome.

A biblioteca teria sido ideia do rei Ptolomeu I (366 a.C. - 283 a.C.), sucessor de Alexandre e fundador da dinastia ptolomaica do Egito. Ele também é conhecido por criar o primeiro museu da história, assim chamado em homenagem às Musas.

Papiros em Alexandria
Como restaram poucos vestígios da biblioteca, só podemos imaginar como seria seu interior

Este museu foi concebido como um grande centro de estudos e produção de conhecimento, que contava com um instituto de pesquisa, laboratórios, zoológico, jardim botânico, observatório astronômico e locais de descanso. Por isso, muitos estudiosos o consideram como a primeira universidade que existiu. A Biblioteca de Alexandria fazia parte da instituição do museu.

No campo filosófico, a Escola de Alexandria pretendia rivalizar com a Escola de Atenas. Preocupavam-se em difundir o neoplatonismo e o aristotelismo.

Os reis do Egito apoiavam generosamente a biblioteca. Mandavam emissários para comprar manuscritos em todos os idiomas e os papiros que chegavam com os comerciantes ao porto de Alexandria eram copiados e devolvidos aos donos.

Durante o reinado de Cleópatra, estima-se que a biblioteca chegou a reunir cerca de 1 milhão de pergaminhos.

Destruição da biblioteca de Alexandria

O declínio e destruição da biblioteca foi um processo gradual, entre o século I a.C. e o século IV, que coincidiu com a própria decadência da cidade de Alexandria.

A Biblioteca de Alexandria sofreu um grande incêndio no ano de 48 a.C. quando o imperador romano Júlio César mandou atacar a cidade.

No século II, Alexandria também sofreu rebeliões populares que acabaram por destruir o seu patrimônio.

Também há registros sobre danos à biblioteca no ano de 215, durante o saque à cidade de Alexandria pelo imperador romano Caracala (188-217).

Incêndio de Alexandria
Gravura representando o incêndio que destruiu a biblioteca e parte da cidade de Alexandria

Igualmente, um terremoto no ano de 365 arrasou parte da construção. Nesta ocasião, 40.000 rolos foram transladados a uma biblioteca menor, no Templo de Serápis. Isto foi uma medida brilhante, pois parte do acervo que chegou aos nossos dias provém daí.

Quando o cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano, a biblioteca foi invadida e incendiada por cristãos que destruíram os livros que não estavam de acordo com sua fé.

Com seu fim, obras importantíssimas se perderam, como peças teatrais de Ésquilo, Eurípedes e Aristófane e o tratado de astronomia de Aristarco de Samos. Este estudioso afirmava que a Terra era mais um dos planetas em órbita, que as estrelas estavam muito distantes e se moviam lentamente, por exemplo.

Outra perda foram os escritos do dramaturgo Sófocles, pois de suas 123 obras, apenas sete chegaram à nossa época, como Édipo Rei.

Ruínas da biblioteca de Alexandria

Templo de Serapião
Estado atual das ruínas do antigo templo de Serápis com a Coluna de Pompeu ao fundo

Hoje em dia, não existem vestígios do complexo de edifícios onde estava a Biblioteca, o Museu e o instituto de pesquisa.

No entanto, é possível visitar as ruínas e alguns túneis do Templo de Serápis (Serapeu) onde foram guardados livros que pertenceram à biblioteca.

Estudiosos da biblioteca de Alexandria

Por reunir uma enorme quantidade de manuscritos, a biblioteca atraiu sábios de várias partes do mundo antigo que ensinaram e pesquisaram ali.

  • Euclides de Alexandria: sistematizou a geometria e foi autor de um tratado que dominou o ensino da matemática por mais de dois mil anos.
  • Dionísio de Trácia: definiu a gramática e estabeleceu um modo de estudar a linguagem distinguindo verbos, substantivos, etc.
  • Arquimedes: físico, matemático e inventor, foi o primeiro a descrever o uso da alavanca, criou fórmulas matemáticas para somas infinitas, além da "espiral de Arquimedes".
  • Hiparco: matemático e astrônomo grego, fez um mapa das constelações, mediu o brilho das estrelas e calculou a divisão do dia em 24 horas.
  • Ptolomeu: astrônomo que afirmou que a Terra era o centro do universo e também era estática.
  • Herófilo: considerado o primeiro anatomista, descreveu os vasos sanguíneos, a estrutura do cérebro, e o identificou como lugar da inteligência ao invés do coração. Seus tratados de anatomia se perderam nos incêndios, mas seus estudos nos chegaram através de Galeano.
  • Hipátia: filósofa, astrônoma e matemática, Hipátia de Alexandria foi uma estudiosa que ensinava e pesquisava fenômenos naturais. Nenhum dos livros que Hipácia escreveu chegou até os dias de hoje; entretanto, sobreviveram aqueles que ela fez com seu pai, o filósofo Téon de Alexandria.

Curiosidades

  • Alexandria foi a segunda maior cidade do Império Romano e em seu auge chegou a abrigar 500.000 habitantes.
  • Em 2002, o Egito inaugurou uma moderna biblioteca em Alexandria cuja arquitetura lembra o disco solar.

Aprofunde os seus estudos com:

Referências Bibliográficas

CABRAL, Rosimere Mendes. Bibliotecas de Alexandria construções políticas da memória. Dissertação (Mestrado em Memória Social). Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

Ligia Lemos de Castro
Revisão por Ligia Lemos de Castro
Professora de História formada pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Docência na Educação à Distância pela Universidade Federal de São Carlos. Leciona História para turmas do Ensino Fundamental II desde 2017.
Juliana Bezerra
Edição por Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.