Crise na Venezuela
A Crise da Venezuela é um fenômeno econômico, social e político que vem acontecendo no país desde 2012.
Nos últimos dois anos, entretanto, a situação se agravou quando milhares de venezuelanos começaram a deixar o país devido à escassez de alimentos e recursos energéticos.
Em 5 de janeiro, o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, foi impedido pela polícia de entrar no Parlamento e assim disputar a reeleição ao cargo.
Em seu lugar, o deputado Luís Parra foi escolhido com o apoio dos parlamentares chavistas.
Situação Atual da Venezuela
A Venezuela vive uma situação única no mundo, pois é um país que possui um presidente eleito, Nicolás Maduro e outro, auto-proclamado, o deputado e presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó.
No final de abril de 2019, Guaidó libertou da prisão domiciliária o político opositor Leopoldo López. Este se refugiou na embaixada do Chile e posteriormente, na da Espanha.
Em seguida, apelou as Forças Armadas venezuelanas que se juntasse a sua causa e assim, derrubassem a Nicolás Maduro. Também convocou todos os opositores de Maduro para uma grande manifestação contra o governo no dia 1º de maio de 2019.
Apesar de encontrar respaldo na comunidade internacional, Guaidó não conseguiu convencer os militares. A alta hierarquia das Forças Armadas reforçaram sua lealdade a Maduro e este começou a prender vários colaboradores ligados a Guaidó, como o vice-presidente do Parlamento, Édgar Zambrano.
A Crise Venezuelana em 2019
No dia 10 de janeiro de 2019, Nicolás Maduro deveria ter jurado o cargo de presidente da Venezuela diante da Assembleia Nacional.
Maduro, contudo, se recusou a fazê-lo, pois a dita Assembleia não lhe havia reconhecido como vencedor das eleições presidenciais de maio de 2018.
Os legisladores alegaram que o pleito havia sido fraudulento. Assim, sem ter realizado o juramento, os deputados reconheceram ao deputado Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, como presidente do país.
Por isso, em 23 de janeiro de 2019, Juan Guaidó, se auto-proclamou presidente da Venezuela e jurou o cargo diante de milhares de opositores de Maduro. Seu objetivo como presidente interino é convocar eleições o mais rápido possível.
No dia seguinte, todos os países do continente americano, exceto México e Uruguai, haviam reconhecido Guaidó como mandatário do país caribenho.
A União Europeia e países do Oriente Médio também o fizeram em poucos dias. Já a China não aceitou que Juan Guaidó seja o presidente da Venezuela.
Por sua parte, Nicolás Maduro reagiu rapidamente apoiando-se nas Forças Armadas e nos seus partidários. Respondeu aos Estados Unidos dizendo que não permitiria intervenções em seus assuntos internos e que se acontecesse alguma invasão, Venezuela seria um “novo Vietnã”.
Ajuda Humanitária e Apagão
Em fevereiro de 2019 uma ajuda humanitária com alimentos e remédios se concentrou na fronteira entre Colômbia e Venezuela. O presidente Nicolás Maduro alegou que não precisava deste auxílio e recusou deixar o comboio entrar no seu país.
Houve vários choques entre manifestantes e forças da ordem. O próprio Guaidó foi até a fronteira e dali seguiu para uma série de visitas aos países latino-americanos, inclusive o Brasil, que haviam reconhecido como presidente interino da Venezuela.
Para piorar o clima de tensão, em 7 de março de 2019, o país sofreu uma falha no abastecimento de energia elétrica que o deixou as escuras por três dias.
Maduro culpou aos Estados Unidos de promover um ataque contra as centrais elétricas venezuelanas, enquanto alguns meios de comunicação apontam que pode ter sido um colapso da própria estrutura elétrica.
Economia e Crise da Venezuela
Atualmente, a Venezuela é o país que tem o maior nível de inflação no mundo. Em 2017 foi registrada a taxa de inflação acumulado ao longo do ano foi de 2 610%. Para se ter uma ideia, em 3 de outubro de 2018, 1 real vale 15,76 bolívares venezuelanos.
A economia do país depende, basicamente, da venda do petróleo e quando o preço do produto começou a cair, o PIB da Venezuela sofreu uma grande queda. Observe o gráfico abaixo:
Sem o dinheiro do petróleo, o governo não tem como subsidiar as importações de primeira necessidade como trigo e arroz. Desta maneira, a população enfrenta uma grave crise de abastecimento de produtos básicos.
Com a erosão social, os índices de violência, que já eram altos, dispararam nos últimos dois anos. Agora, o país é considerado o segundo mais violento do mundo. A taxa de homicídios, em 2015, era de 57,2 a cada 100 mil habitantes.
A mortalidade infantil, que tinha diminuído na década passada, voltou a crescer 30%.
Política e a Crise da Venezuela
O atual presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (1962), enfrenta a crise sem contar com a bonança econômica do seu antecessor Hugo Chávez (1954-2013).
Por isso, o presidente Maduro se apoia nas Forças Armadas para manter-se no poder. Em junho 2017, Maduro ordenou o Exército realizar exercícios militares na Amazônia a fim de mostrar sua força.
Maduro também não possui o carisma do seu antecessor e assim vê sua popularidade cair dentro e fora do país. Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai e estrela da esquerda latino-americana, o qualificou de "louco".
No meio deste cenário convulso, contudo, o presidente Maduro tem acumulado poder. Em 2017, a Corte Suprema da Venezuela decidiu:
- conceder a Maduro o poder Legislativo;
- acabar com a imunidade parlamentar, permitindo ao presidente processar deputados.
Em julho de 2017, o presidente elegeu uma Assembleia Constituinte, onde não há, praticamente, participação da oposição. Os protestos foram massivos e deixaram quinze mortos.
Também o Partido Socialista Unificado saiu vitorioso nas eleições regionais e municipais de 2017. Em maio de 2018, a oposição recusou a participar da votação para presidente e Nicolás Maduro, mais uma vez, foi eleito presidente da Venezuela.
Origem da Crise da Venezuela
Para entender a crise da Venezuela é preciso voltar à primeira década do século XXI.
Com o preço do petróleo nas alturas, o país, que é um dos grandes produtores do “ouro negro”, enriqueceu consideravelmente.
A Venezuela foi governada por um dos líderes latino-americanos mais carismáticos dos últimos tempos: Hugo Chávez. Foi eleito pela primeira vez em 1998 e saiu reforçado após uma tentativa de golpe em 2002.
O militar usava sua retórica antiamericana e anti-imperialista para conseguir apoio no continente latino-americano. Foi assim que encontrou apoio do Equador, Bolívia, Nicarágua e Cuba para relançar o socialismo na América Latina através da ALBA (Aliança Bolivariana para América).
Chávez implantou o “socialismo do século XXI” que consistia em centralizar e estatizar setores estratégicos da economia.
Parte dos lucros da indústria petroleira foi usado para financiar programas sociais aos mais desfavorecidos. Estes responderam com fidelidade reelegendo Hugo Chávez de maneira ininterrupta. Todos os índices sociais como mortalidade infantil ou expectativa de vida tiveram uma sensível melhora neste período.
Por outro lado, o presidente venezuelano promoveu uma verdadeira caça às bruxas aos opositores. Muitos foram demitidos e tiveram suas propriedades confiscadas apenas por não se enquadrar na ideologia do governo chavista.
Da mesma maneira, Chávez promove o culto a sua personalidade recorrendo à figura de Simón Bolívar (1783-1830), o Libertador, herói da independência do país. Assim, começa o culto a personalidade de Chávez, ideologia que leva o nome de chavismo.
Em 2012, este sistema começa a ruir quando o presidente anuncia que está gravemente enfermo. No ano seguinte, Chávez falece e o vice-presidente, Maduro, não tem o mesmo carisma que seu antecessor.
A morte de Chávez coincide com a queda dos preços de petróleo e vários programas sociais têm que ser abandonados. A oposição política aproveita o momento para ir às ruas e exigir eleições sem fraude.
O Brasil e a Crise da Venezuela
Após anos de instabilidade no país vizinho, o Brasil sente a crise na Venezuela chegar às suas fronteiras. Milhares de cidadãos daquele país entram no território brasileiro como refugiados em busca de uma vida melhor e colapsaram os serviços públicos das cidades fronteiriças.
O estado de Roraima pediu ajuda ao Supremo Tribunal Federal, em agosto de 2018, para que pudesse fazer frente aos venezuelanos que não tinham onde ficar. Igualmente, solicitou o fechamento temporário da fronteira Brasil e Venezuela.
Ao contrário do que acontecia nos governos anteriores, o presidente Michel Temer (1940) não reconheceu a vitória do presidente Nicolás Maduro nas eleições de maio de 2018.
Por sua vez, o presidente Donald Trump decretou sanções econômicas ao país.
Acesse também:
BEZERRA, Juliana. Crise na Venezuela. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/crise-na-venezuela/. Acesso em: