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Ciências Humanas e suas Tecnologias: Enem

Pedro Menezes
Pedro Menezes
Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação

No Enem, a área de Ciências humanas e suas Tecnologias é formada pelas seguintes matérias:

  • História
  • Geografia
  • Sociologia
  • Filosofia

A prova é composta por 45 questões objetivas de múltipla escolha que valem 100 pontos. O número de questões de cada disciplina varia a cada ano.

Os temas são os mais variados e costuma haver destaque para aqueles que sugerem a comemoração de uma data redonda no ano da prova.

Geralmente, o Enem questiona algo fazendo uma relação entre esses temas em diferentes momentos históricos.

Aqui não vale a pena decorar. É preciso estudar e estar atualizado e dentro das notícias. Por isso, leia, informe-se, assista documentários.

Dentre os temas mais incidentes nas provas anteriores, podemos destacar:

História

Escravidão

Era Vargas

Ditadura militar

Transição da Idade Média para a Idade Moderna

Chegada da família real portuguesa

Questões de História que caíram no Enem

1. (Enem/2020) Sexto rei sumério (governante entre os séculos XVIII e XVII a.C.) e nascido em Babel, “Khammu-rabi” (pronúncia em babilônio) foi fundador do I Império Babilônico (correspondente ao atual Iraque), unificando amplamente o mundo mesopotâmico, unindo os semitas e os sumérios e levando a Babilônia ao máximo esplendor. O nome de Hamurabi permanece indissociavelmente ligado ao código jurídico tido como o mais remoto já descoberto: o Código de Hamurabi. O legislador babilônico consolidou a tradição jurídica, harmonizou os costumes e estendeu o direito e a lei a todos os súditos.
Disponível em: www.direitoshumanos.usp.br. Acesso em: 12 fev. 2013 (adaptado).

Nesse contexto de organização da vida social, as leis contidas no Código citado tinham o sentido de

A) assegurar garantias individuais aos cidadãos livres.
B) tipificar regras referentes aos atos dignos de punição.
C) conceder benefícios de indulto aos prisioneiros de guerra.
D) promover distribuição de terras aos desempregados urbanos.
E) conferir prerrogativas políticas aos descendentes de estrangeiros.

Alternativa correta: B) tipificar regras referentes aos atos dignos de punição.

A) ERRADA. O código assegurava a proporcionalidade e o padrão para a punição dos crimes cometidos.

B) CORRETA. O Código de Hamurabi foi um dos precursores dos códigos jurídicos. Criaram-se regras de proporcionalidade das punições em função dos crimes cometidos. Seu fundamento na Lei de Talião, conhecida como “olho por olho, dente por dente”, mostra um avanço em relação à política anterior que colocava ao encargo da vítima a vingança contra quem cometeu o crime.

C) ERRADA. O indulto aos prisioneiros de guerra não era objeto do Código de Hamurabi.

D) ERRADA. O código não previa a distribuição de terras.

E) ERRADA. Os descendentes de estrangeiros não possuíam prerrogativas políticas previstas no código.

2. (Enem/2017) Durante o Estado Novo, os encarregados da propaganda procuraram aperfeiçoar-se na arte da empolgação e envolvimento das “multidões” através das mensagens políticas. Nesse tipo de discurso, o significado das palavras importa pouco, pois, como declarou Goebbels, “não falamos para dizer alguma coisa, mas para obter determinado efeito”.
CAPELATO, M. H. Propaganda política e controle dos meios de comunicação. In: PANDOLFI, D. (Org.). Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: FGV, 1999.

O controle sobre os meios de comunicação foi uma marca do Estado Novo, sendo fundamental à propaganda política, na medida em que visava

A) conquistar o apoio popular na legitimação do novo governo.
B) ampliar o envolvimento das multidões nas decisões políticas.
C) aumentar a oferta de informações públicas para a sociedade civil.
D) estender a participação democrática dos meios de comunicação no Brasil.
E) alargar o entendimento da população sobre as intenções do novo governo.

Alternativa correta: A) conquistar o apoio popular na legitimação do novo governo.

A) CORRETA. A propaganda política era sempre ufanista e paternalista, sendo usada para cooptar o povo para o projeto nacionalista do governo.

B) ERRADA. As estratégias de comunicação política não contemplavam a participação popular como elemento pensante.

C) ERRADA. A comunicação do governo não visava esclarecer a população sobre suas decisões políticas, apenas fazer participar o povo sobre as conquistas alcançadas.

D) ERRADA. Sob o governo Vargas havia censura nos meios de comunicação.

E) ERRADA. Getúlio Vargas não tinha intenção que o povo se tornasse um objeto crítico das suas decisões, somente que este estivesse ali para aplaudi-lo.

3. (Enem/2016) Quando a Corte chegou ao Rio de Janeiro, a Colônia tinha acabado de passar por uma explosão populacional. Em pouco mais de cem anos, o número de habitantes aumentara dez vezes.
GOMES, L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma Corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2008 (adaptado).

A alteração demográfica destacada no período teve como causa a atividade

A) cafeeira, com a atração da imigração europeia.
B) industrial, com a intensificação do êxodo rural.
C) mineradora, com a ampliação do tráfico africano.
D) canavieira, com o aumento do apresamento indígena.
E) manufatureira, com a incorporação do trabalho assalariado.

Alternativa correta: C) mineradora, com a ampliação do tráfico africano.

A) ERRADA. O cultivo do café ainda não era estendido no Brasil.

B) ERRADA. Não havia industrialização no Brasil no começo século XVIII.

C) CORRETA. A mineração tornou-se a principal atividade econômica na Colônia, o que fez aumentar a importação de negros escravizados.

D) ERRADA. A produção canavieira já estava em decadência e a escravidão indígena foi definitivamente proibida no século XVIII.

E) ERRADA. Na colônia, o trabalho manufaturado era pontual e o que predominava era a mão de obra escrava.

Tem mais aqui para você se preparar:

Geografia

Geologia

Clima

Geografia urbana

Economia

Demografia

Geopolítica

Questões de Geografia que caíram no Enem

4. (Enem/2020) “Devo estar chegando perto do centro da Terra. Deixe ver: deve ter sido mais de seis mil quilômetros, por aí...” (como se vê, Alice tinha aprendido uma porção de coisas desse tipo na escola, e embora essa não fosse uma oportunidade lá muito boa de demonstrar conhecimentos, já que não havia ninguém por perto para escutá-la, em todo caso era bom praticar um pouco) “... sim, deve ser mais ou menos essa a distância... mas então qual seria a latitude ou longitude em que estou?” (Alice não tinha a menor ideia do que fosse latitude ou longitude, mas achou que eram palavras muito imponentes).
CARROLL, L. Aventuras de Alice: no País das Maravilhas, Através do espelho e outros textos. São Paulo: Summus, 1980.

O texto descreve uma confusão da personagem em relação

A) ao tipo de projeção cartográfica.
B) aos contornos dos fusos horários.
C) à localização do norte magnético.
D) aos referenciais de posição relativa.
E) às distorções das formas continentais.

Alternativa correta: D) aos referenciais de posição relativa.

A) ERRADA. O narrador afirma que Alice não conhecia o significado de latitude e longitude, não do tipo de projeção cartográfica.

B) ERRADA. Os contornos dos fusos horários, em alguns locais se apresentam de forma semelhante às linhas longitudenais, mas são elementos distintos.

C) ERRADA. A localização do norte magnético não foi referida por Alice.

D) CORRETA. Os conceitos de latitude e longitude, desconhecidos por Alice, são referenciais de posição relativa:

Latitude: coordenada geográfica que varia de 0º a 90º, partindo da Linha do Equador no sentido norte ou sul (linhas horizontais).
Longitude: coordenada geográfica que varia de 0º a 180º, partindo do Meridiano de Greenwich, no sentido leste ou oeste (linhas verticais).

E) ERRADA. Alice não faz nenhuma confusão relativa às distorções das formas continentais.

5. (Enem/2017) O terremoto de 8,8 na escala Richter que atingiu a costa oeste do Chile, em fevereiro, provocou mudanças significativas no mapa da região. Segundo uma análise preliminar, toda a cidade de Concepción se deslocou pelo menos três metros para o oeste. Buenos Aires moveu-se cerca de 2,5 centímetros para oeste, enquanto Santiago, mais próxima do local do evento, deslocou-se quase 30 centímetros para o oeste-sudoeste. As cidades de Valparaíso, no Chile, e Mendoza, na Argentina, também tiveram suas posições alteradas significativamente (13,4 centímetros e 8,8 centímetros, respectivamente).

Revista InfoGNSS, Curitiba, ano 6, n. 31, 2010.

No texto, destaca-se um tipo de evento geológico frequente em determinadas partes da superfície terrestre. Esses eventos estão concentrados em

A) áreas vulcânicas, onde o material magmático se eleva, formando cordilheiras.
B) faixas costeiras, onde o assoalho oceânico recebe sedimentos, provocando tsunamis.
C) estreitas faixas de intensidade sísmica, no contato das placas tectônicas, próximas a dobramentos modernos.
D) escudos cristalinos, onde as rochas são submetidas aos processos de intemperismo, com alterações bruscas de temperatura.
E) áreas de bacias sedimentares antigas, localizadas no centro das placas tectônicas, em regiões conhecidas como pontos quentes.

Alternativa correta C) estreitas faixas de intensidade sísmica, no contato das placas tectônicas, próximas a dobramentos modernos.

A) ERRADA. A formação de cordilheiras está associada à convergência das placas tectônicas. O encontro dessas placas produz um efeito de elevação do solo.

B) ERRADA. Os tsunamis são ondas gigantes que atingem as regiões litorâneas e que possuem como causa a atividade das placas tectônicas dentro do mar.

C) CORRETA. Essas faixas entre placas tectônicas possuem uma intensa atividade sísmica. Os dobramentos modernos e a formação de cordilheiras são efeitos da encontro (convergência) dessas placas tectônicas, bem como os terremotos.

A Cordilheira dos Andes, que se estende por toda a costa ocidental da América do Sul, é fruto da movimentação da Placa de Nazca em direção à Placa Sul-Americana.

D) ERRADA. Os escudos cristalinos são áreas de baixa atividade sísmica e não possuem elevadas altitudes. Esses escudos correspondem à camada mais antiga da superfície terrestre, o oposto dos dobramentos modernos que representam as camadas mais recentes.

E) ERRADA. As bacias sedimentares representam depressões causadas pelo movimento tectônico. Entretanto, distam da relação com os eventos ocorridos no texto.

Veja também: Geografia no Enem: assuntos que mais caem

6. (Enem/2017) A diversidade de atividades relacionadas ao setor terciário reforça a tendência mais geral de desindustrialização de muitos dos países desenvolvidos sem que estes, contudo, percam o comando da economia. Essa mudança implica nova divisão internacional do trabalho, que não é mais apoiada na clara segmentação setorial das atividades econômicas.
RIO, G. A. P. A espacialidade da economia. In: CASTRO, I. E.; GOMES, P. C. C.; CORRÊA, R. L. (Org.). Olhares geográficos: modos de ver e viver o espaço. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012 (adaptado).

Nesse contexto, o fenômeno descrito tem como um de seus resultados a

A) saturação do setor secundário.
B) ampliação dos direitos laborais.
C) bipolarização do poder geopolítico.
D) consolidação do domínio tecnológico.
E) primarização das exportações globais.

Alternativa correta D) consolidação do domínio tecnológico.

A) ERRADA. O setor secundário deixou de ser preponderante no atual cenário global.

B) ERRADA. Com a implantação do neoliberalismo, os direitos laborais diminuíram em todo o mundo.

C) ERRADA. O poder geopolítico, atualmente, é repartido em vários polos.

D) CORRETA. Com o acúmulo de tecnologia e conhecimento, os países industrializados mantêm a dianteira através de suas marcas e dos royalties.

E) ERRADA. Como o enunciado diz, a economia se espalhou em todo território global, e não há uma exclusividade das exportações.

Sociologia

Principais conceitos

Sociedade

Principais pensadores

Questões de Sociologia que caíram no Enem

7. (Enenm/2020) A sociedade como um sistema justo de cooperação social consiste em uma das ideias familiares fundamentais, que dá estrutura e organização à justiça como equidade. A cooperação social guia-se por regras e procedimentos publicamente reconhecidos e aceitos por aqueles que cooperam como sendo apropriados para regular a sua conduta. Diz-se que a cooperação é justa porque seus termos são tais que todos os participantes podem razoavelmente aceitar, desde que todos os demais também o aceitem.
FERES JR., J.; POGREBINSCHI, T. Teoria política contemporânea: uma introdução. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

No contexto do pensamento político, a ideia apresentada mostra-se consoante o(a)

A) ideal republicano de governo.
B) corrente tripartite dos poderes.
C) posicionamento crítico do socialismo.
D) legitimidade do absolutismo monárquico.
E) entendimento do contratualismo moderno.

Alternativa correta: E) entendimento do contratualismo moderno.

A) ERRADA. A sociedade, tema do texto, está para além da ideia de república.

B) ERRADA. A divisão dos poderes em executivo, legislativo e judiciário (tripartite) cumpre a função de regulação, fiscalização e descentralização do poder.

C) ERRADA. O posicionamento crítico do socialismo não compreende uma cooperação social como forma de promoção de uma justiça equitativa.

D) ERRADA. O poder monárquico absolutista não está em causa, no trecho não há menção sobre a centralização do poder.

E) CORRETA. O trecho refere "que todos os participantes podem razoavelmente aceitar, desde que todos os demais também o aceitem", essa aceitação mútua configura como a celebração de um pacto social, base do contratualismo.

8. (Enem/2017) A moralidade, Bentham exortava, não é uma questão de agradar a Deus, muito menos de fidelidade a regras abstratas. A moralidade é a tentativa de criar a maior quantidade de felicidade possível neste mundo. Ao decidir o que fazer, deveríamos, portanto, perguntar qual curso de conduta promoveria a maior quantidade de felicidade para todos aqueles que serão afetados.
RACHELS, J. Os elementos da filosofia moral. Barueri-SP: Manole, 2006.

Os parâmetros da ação indicados no texto estão em conformidade com uma

A) fundamentação científica de viés positivista.
B) convenção social de orientação normativa.
C) transgressão comportamental religiosa.
D) racionalidade de caráter pragmático.
E) inclinação de natureza passional.

Alternativa correta: D) racionalidade de caráter pragmático.

A) ERRADA. A visão positivista pressupõe a possibilidade de um método científico para a validade de um processo. O texto toma como valor fundamental a felicidade.

A felicidade não tende a ser um valor passível de quantificação através de um método, e sim do ponto de vista de oposição ao sofrimento.

Por isso, não podemos associar uma visão positivista à ideia de “maior quantidade de felicidade”.

B) ERRADA. A afirmação contida no texto não se trata de uma convenção social, mas de uma norma que deve partir do próprio indivíduo enquanto ser social.

C) ERRADA. Por se tratar de um período com forte influência iluminista, há uma cisão com a moralidade fundamentada teologicamente. A proposta é sustentada sem nenhuma relação com a religião.

D) CORRETA. Os ideais iluministas trazem consigo a racionalidade e a Razão como força revolucionária ou de negação à perspectiva medieval de submeter a razão à fé.

O pensador inglês Jeremy Bentham (1748-1832), como um defensor do utilitarismo, propõe que a racionalidade esteja ancorada em sua relação com a prática e a utilidade, reforçando o caráter pragmático da razão.

E) ERRADA. Apesar da felicidade remeter às emoções e poder ser compreendida em seu aspecto passional. A perspectiva assumida no texto possui um caráter unicamente racional. Não se trata de uma concepção baseada em inclinações ou fundamentadas na subjetividade, e sim como um universal racional.

Veja também: Sociologia no Enem: o que estudar

9. (Enem/2017) Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 27 abr. 2017.

A persistência das reivindicações relativas à aplicação desse preceito normativo tem em vista a vinculação histórica fundamental entre

A) etnia e miscigenação racial.
B) sociedade e igualdade jurídica.
C) espaço e sobrevivência cultural.
D) progresso e educação ambiental.
E) bem-estar e modernização econômica.

Alternativa correta: C) espaço e sobrevivência cultural.

A) ERRADA. O excerto da Constituição Federal não faz referência à miscigenação como um fator de proteção ou de vulnerabilidade às etnias indígenas.

B) ERRADA. É necessário perceber que uma visão de sociedade e igualdade jurídica dentro de uma perspectiva homogeneizante pode não levar em conta a pluralidade e atuar como um fator de exclusão de determinados grupos sociais, como os índios.

C) CORRETA. No trecho da Constituição, o direito ao território (espaço) é apresentado em seu vínculo (como necessário) para a sobrevivência cultural dos povos indígenas. A perda do direito ao território é compreendida como um risco para a “organização social, costumes, línguas, crenças e tradições” específicos dos distintos grupos.

D) ERRADA. A ideia de progresso e educação ambiental pode ou não estar relacionada ao respeito à diversidade cultural. No texto, não está em causa a regulamentação dessa vinculação.

E) ERRADA. Do mesmo modo, o que se apresenta na passagem extraída da Constituição não visa estabelecer-se como um preceito normativo à relação entre o bem-estar e a modernização econômica.

Filosofia

Filosofia Clássica - Medieval (ou Escolástica)

Filosofia Moderna e Contemporânea

Questões de Filosofia que caíram no Enem

10. (Enem/2020) Adão, ainda que supuséssemos que suas faculdades racionais fossem inteiramente perfeitas desde o início, não poderia ter inferido da fluidez e transparência da água que ela o sufocaria, nem da luminosidade e calor do fogo que este poderia consumi-lo. Nenhum objeto jamais revela, pelas qualidades que aparecem aos sentidos, nem as causas que o produziram, nem os efeitos que dele provirão; e tampouco nossa razão é capaz de extrair, sem auxílio da experiência, qualquer conclusão referente à existência efetiva de coisas ou questões de fato.
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Unesp, 2003.

Segundo o autor, qual é a origem do conhecimento humano?

A) A potência inata da mente.
B) A revelação da inspiração divina.
C) O estudo das tradições filosóficas.
D) A vivência dos fenômenos do mundo.
E) O desenvolvimento do raciocínio abstrato.

Alternativa correta: D) A vivência dos fenômenos do mundo.

A) ERRADA. A potência inata da mente não seria suficiente para que Adão pudesse conhecer tudo aquilo que o cerca.

B) ERRADA. Não está em causa a revelação da inspiração divina.

C) ERRADA. A origem do conhecimento não está no estudo das tradições filosóficas.

D) CORRETA. David Hume é um defensor do empirismo, corrente filosófica que afirma que o conhecimento tem origem na experiência.

No texto, ele faz uma crítica ao pensamento racionalista, afirma que Adão, o primeiro homem, por mais que possuísse uma razão perfeita, careceria da vivência dos fenômenos no mundo para construir os conhecimentos mais simples. Já que não haveria ninguém com uma experiência anterior para ensinar-lhe e devido ao fato da razão ser insuficiente para inferir esse tipo de conhecimento.

E) ERRADA. O desenvolvimento do raciocínio abstrato não basta para construir o conhecimento, é o que demonstra o texto.

11. (Enem/2017) Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é desejado no interesse desse fim; evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o sumo bem. Mas não terá o conhecimento, porventura, grande influência sobre essa vida? Se assim é, esforcemo-nos por determinar, ainda que em linhas gerais apenas, o que seja ele e de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém duvidará de que o seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode chamar a arte mestra. Ora, a política mostra ser dessa natureza, pois é ela que determina quais as ciências que devem ser estudadas num Estado, quais são as que cada cidadão deve aprender, e até que ponto; e vemos que até as faculdades tidas em maior apreço, como a estratégia, a economia e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora, como a política utiliza as demais ciências e, por outro lado, legisla sobre o que devemos e o que não devemos fazer, a finalidade dessa ciência deve abranger as das outras, de modo que essa finalidade será o bem humano.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991 (adaptado).

Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a organização da pólis pressupõe que

A) o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir seus interesses.
B) o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os portadores da verdade.
C) a política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade.
D) a educação visa formar a consciência de cada pessoa para agir corretamente.
E) a democracia protege as atividades políticas necessárias para o bem comum.

Alternativa correta: C) a política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade.

A) ERRADA. Para o filósofo, a natureza política dos seres humanos tende à definição dos interesses comuns.

B) ERRADA. Aristóteles afirma que o sumo bem é a felicidade (eudaimonia) e os seres humanos realizam-se através da vida política.

C) CORRETA. A questão trabalha com três conceitos centrais em Aristóteles:

  • O ser humano é um animal político (zoon politikon). A pólis é anterior ao indivíduo. Sendo assim, faz parte da natureza humana associar-se e viver em comunidade, isto é o que nos diferencia dos outros animais.
  • O ser humano naturalmente busca a felicidade. A felicidade é o Bem maior.

Sendo assim, a política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade. É a garantia da realização da natureza humana nas relações existentes na pólis e a organização de todos em direção à felicidade.

D) ERRADA. A filosofia aristotélica compreende o ser humano como essencialmente bom, não necessitando "formar a consciência para agir corretamente".

E) ERRADA. Aristóteles era um defensor da política, mas não necessariamente da democracia. Para o filósofo, existe uma série de fatores que compõem um bom governo e esses fatores variam de acordo com os contextos, alterando também a melhor forma de governo.

12. (Enem/2017) Uma questão de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades, sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva a censurarem. É sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir sua orientação.

BRÉHIER, E. História da Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977.

O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na

A) contemplação da tradição mítica.
B) sustentação do método dialético.
C) relativização do saber verdadeiro.
D) valorização da argumentação retórica.
E) investigação dos fundamentos da natureza.

Alternativa correta: B) sustentação do método dialético.

A) ERRADA. Sócrates busca abandonar os mitos e as opiniões para a construção do conhecimento verdadeiro.

B) CORRETA. Sócrates foi um defensor da ignorância como o princípio básico para o conhecimento. Daí a importância da sua frase "só sei que nada sei". Para ele, é preferível não saber a julgar saber.

Sendo assim, Sócrates construiu um método que, através do diálogo (método dialético), as falsas certezas e os pré-conceitos eram abandonados, o interlocutor assumia a sua ignorância. A partir daí, buscava o conhecimento verdadeiro.

C) ERRADA. Sócrates acreditava que existe um conhecimento verdadeiro e esse pode ser despertado através da razão. Teceu diversas críticas aos sofistas, por esses assumirem uma perspectiva de relativização do saber.

D) ERRADA. Os sofistas afirmavam que a verdade é um mero ponto de vista, estando baseada no argumento mais convincente. Para Sócrates, essa posição era contrária à essência do saber verdadeiro, próprio da alma humana.

E) ERRADA. O filósofo dá início ao período antropológico da filosofia grega. As questões relativas à vida humana viram o centro das atenções, deixando de lado a busca sobre os fundamentos da natureza, própria do período pré-socrático.

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Pedro Menezes
Pedro Menezes
Licenciado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Porto (FPCEUP).