Enredo: o que é e quais os seus tipos (com exemplos)
Enredo é o conjunto dos fatos de uma história. Em torno dele se desenvolvem todos os acontecimentos de uma história.
A principal característica do enredo é o conflito, que cria a tensão na narrativa.
O enredo, também chamado de intriga, ação, trama ou história, apresenta as seguintes partes:
- exposição (introdução);
- complicação (desenvolvimento);
- clímax;
- desfecho (conclusão).
A exposição (introdução) apresenta os fatos iniciais da história, tais como os personagens, o tempo e o espaço.
A complicação (desenvolvimento) dá lugar ao desenvolvimento da história.
O clímax é o momento mais tenso da trama, o qual exige uma solução ou desfecho.
O desfecho (conclusão) encerra o enredo com a solução para o fim dos conflitos que aconteceram ao longo da história.
Tipos de enredo
O enredo pode ser linear, não-linear ou psicológico.
O enredo linear é aquele cujos fatos seguem uma ordem natural dos acontecimentos.
O enredo não-linear é aquele cujos fatos não seguem uma ordem natural dos acontecimentos. Neste caso, o enredo pode ser apresentado pelo seu desfecho ou ser revelado, aos poucos, ao longo da narrativa.
O enredo psicológico são fatos emocionais, interiores aos personagens, nem sempre correspondendo a ações dos personagens.
Exemplo de enredo linear
Qualidade e quantidade é uma fábula de Monteiro Lobato cujo enredo é apresentado de forma linear, ou seja, seguindo uma ordem natural dos acontecimentos:
"Meteu-se um mono a falar numa roda de sábios e tais asneiras disse que foi corrido a pontapés.
– Quê? Exclamou ele. Enxotam-me daqui? Negam-me talento? Pois hei de provar que sou um grande figurão e vocês não passam duns idiotas.
Enterrou o chapéu na cabeça e dirigiu-se à praça pública onde se apinhava copiosa multidão de beócios. Lá trepou em cima duma pipa e pôs-se a declamar.
Disse asneiras como nunca, tolices de duas arrobas, besteiras de dar com um pau. Mas como gesticulava e berrava furiosamente, o povo em delírio o aplaudiu com palmas e vivas – e acabou carregando-o em triunfo.
– Viram? – resmungou ele ao passar ao pé dos sábios. Reconheceram a minha força? Respondam-me agora: que vale a opinião de vocês diante desta vitória popular?
Um dos sábios retrucou serenamente:
A opinião da qualidade despreza a opinião da quantidade."
Exemplo de enredo não-linear
Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é um exemplo clássico de enredo não-linear, já que a narrativa tem início com a morte do protagonista, ou seja, não seguindo uma ordem natural dos acontecimentos.
Somente depois de revelar o fim da trama, o narrador passa a relatar a sua vida, da infância à idade adulta. Ao longo do tempo, entretanto, o leitor é convidado a voltar ao passado:
"Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo."
Exemplo de enredo psicológico
O Ovo e a Galinha, de Clarice Lispector, é um exemplo de enredo psicológico, porque os fatos narrados são emocionais, interiores aos personagens:
"De manhã na cozinha sobre a mesa vejo o ovo. Olho o ovo com um só olhar. Imediatamente percebo que não se pode estar vendo um ovo. Ver o ovo nunca se mantêm no presente: mal vejo um ovo e já se torna ter visto o ovo há três milênios. – No próprio instante de se ver o ovo ele é a lembrança de um ovo. – Só vê o ovo quem já o tiver visto. – Ao ver o ovo é tarde demais: ovo visto, ovo perdido. – Ver o ovo é a promessa de um dia chegar a ver o ovo. – Olhar curto e indivisível; se é que há pensamento; não há; há o ovo. – Olhar é o necessário instrumento que, depois de usado, jogarei fora. Ficarei com o ovo. – O ovo não tem um si-mesmo. Individualmente ele não existe."
Como fazer um enredo
- Escolha o conflito que será desenvolvido;
- Escolha o tipo de enredo que quer usar (linear, não-linear, psicológico);
- Escolha os personagens, o tempo e o espaço;
- Desenvolva o seu texto.
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Referências Bibliográficas
GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. 7. ed. São Paulo: Ática, 2001.
FERNANDES, Márcia. Enredo: o que é e quais os seus tipos (com exemplos). Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/enredo/. Acesso em: