História do trabalho: definição, significado e tipos de trabalho
Trabalho é o conjunto de atividades desenvolvidas com um determinado objetivo final. Essas atividades podem ser realizadas em grupo ou de maneira individual.
Cada sociedade possui uma forma diferente dar significado ao trabalho. Algumas consideram-no bom, enquanto outras não. Isso porque essa noção parte de características históricas, políticas, sociais e econômicas de cada sociedade.
Ao longo da história a humanidade desenvolveu diferentes modos de trabalho, entre eles o primitivo, escravo, feudal, capitalista e socialista.
Origem da palavra trabalho
A palavra trabalho deriva do latim, tripalium, que significa “três paus”. O termo era utilizado para nomear um instrumento de tortura, formado de três estacas de madeira cruzadas.
O trabalho é essencial para a humanidade, desde a pré-história. Nesse período, ferramentas foram desenvolvidas para que o ser humano pudesse desenvolver suas atividades.
O modo como a sociedade entende o trabalho é influenciado pelos contextos políticos, culturais e econômicos da história de cada povo. Abaixo listaremos as diferentes formas de trabalho desenvolvidas no decorrer da história
Trabalho primitivo
O trabalho primitivo surgiu nas comunidades primitivas com o desenvolvimento das primeiras ferramentas, construídas de ossos, pedras e madeira.
O trabalho primitivo buscava resolver as necessidades do ser humano com relação a sua sobrevivência: caça, pesca, construções e agricultura
Havia pouca divisão do trabalho e os indivíduos estavam em posições de poder iguais.
Além disso, ocorria também a divisão sexual do trabalho. Enquanto os homens ficavam responsáveis por sair em busca de caça, as mulheres ficavam responsáveis por proteger os acampamentos e cuidar das crianças e os mais velhos.
Trabalho escravo
Com o desenvolvimento da sociedade e o crescimento dos grupos de convivência, as relações de poder começam a imperar. Nesse contexto, surgiu o trabalho escravo.
O escravo é considerado uma propriedade privada de seu senhor.
Os serviços manuais exaustivos eram dados aos escravos, por ser considerado desonroso para os homens livres.
Aristóteles, na Grécia Antiga, defendia a escravidão. Segundo ele, para conseguir cultura era necessário possuir dinheiro e ter tempo disponível, o chamado ócio. Portanto, a escravidão era necessária para que os cidadãos possuidores de bens pudessem pensar, ler, refletir e participar da política.
Na Europa, o trabalho escravo se desenvolveu no período antigo e se manteve até o fim do Império Romano, com as ocupações bárbaras e o início do feudalismo.
No Brasil, a escravidão foi presente no processo de colonização e se manteve durante o Império, até o dia 13 de maio de 1888, de maneira legal.
Inicialmente o trabalho escravo foi realizado por indígenas nativos e depois, por povos africanos.
Trabalho feudal
Durante a Idade Média, a escravização começou a perder força e a servidão ocupou esse lugar. A Igreja Católica ganhou grande destaque, fortalecendo um discurso contrário a escravização do cristão pelo cristão.
Havia muitos pontos de semelhança entre a servidão e a escravidão, principalmente relacionados ao modo como o servo era tratado pelo seu senhor.
A principal questão que difere ambos é a posse. Na servidão, o servo não é considerado uma propriedade privada, enquanto na escravidão, o escravo é uma coisa, um objeto, que pode ser vendido, trocado ou negociado.
O servo possui algumas obrigações para com o seu senhor, tais como proteção militar e a realização de trabalhos em suas propriedades.
Também na Idade Média surgem as corporações, que eram espécies de associações de trabalhadores que buscavam proteger suas profissões, controlando a qualidade e o preço dos produtos a serem vendidos. Existiam três tipos de trabalhadores nesse momento:
- Aprendizes: jovens trabalhadores submetidos ao mestre.
- Companheiros: possuíam a formação após passar pela fase anterior, mas ainda não podiam ser mestres.
- Mestres: tinham autorização para ter seu próprio negócio, para quem trabalhariam aprendizes e companheiros
Trabalho capitalista
O capitalismo é um sistema volátil, que se modifica conforme o contexto em que está presente. Portanto, da mesma forma, o trabalho dentro do modelo capitalista possui características diversas a partir das questões sociais, políticas e econômicas de dada época ou sociedade
O capitalismo começou a se moldar no fim da Idade Média, com o comércio europeu com o oriente, que ganhou força a partir das Cruzadas
Aos poucos, a Europa intensificou o comércio marítimo, nas chamadas Grandes Navegações. Assim, produtos eram comprados no Oriente e trazidos para o Ocidente para serem comercializados a taxas de lucro altíssimas. Países como Espanha, Inglaterra e Portugal se beneficiaram muito desse modelo de comércio.
Com o crescimento da importância política e econômica da burguesia, a Europa começou a ver o surgimento de grandes indústrias, no período da chamada Revolução Industrial.
A Revolução Industrial marcou a transição do modo de produção artesanal para a maquinofatura, através de uma atividade industrial mecanizada.
Com ela, ocorreu uma maior divisão social do trabalho. Ou seja, cada vez mais um produto precisa passar por "mais mãos" antes de ser finalizado.
Ocorrida inicialmente na Inglaterra, a Revolução Industrial definiu uma dicotomia entre os detentores dos meios de produção (burguesia) e aqueles que vendiam sua mão de obra (proletariados).
Os proletariados não eram detentores dos meios de produção, trabalhavam a salários baixos, não possuíam direitos trabalhistas, realizavam longas jornadas de trabalho e viviam em condições precárias.
Em resposta a essas condições, ocorreram movimentos de destruição de máquinas e outros protestos contra a exploração das indústrias contra os proletários.
Ela também marcou o início do Direito Social ou do Trabalho.
Trabalho socialista
Nesse contexto de Revoluções Industriais, alguns críticos ao capitalismo, como Karl Marx, desenvolveram pesquisas com o intuito de pensar modelos econômicos alternativos para serem aplicados, que fossem menos nocivos à classe trabalhadora.
Assim, no século XX, a maior expressão dessas ideias é ratificada na URSS, com a implantação de um sistema socialista de governo.
O trabalho, dentro do modelo socialista, busca a quebra da luta de classes e da dominação das indústrias pela classe burguesa. Essas deveriam ser comandadas pelo proletariado.
Nesse contexto, as ideias marxistas defendiam a existência de uma sociedade sem classes sociais.
Essa transição aconteceria por etapas, considerando que uma mudança drástica no modo de produção não deveria e nem poderia acontecer de forma brusca e rápida
No trabalho socialista, o lucro, que no capitalismo é destinado às mãos dos (detentores de capital, dinheiro), deveria ser redistribuído de maneira igualitária e justa a todos os trabalhadores.
O trabalho também deveria ser realizado em um tempo menor, possibilitando que o trabalhador pudesse dedicar-se a outras atividades em sua vida que não apenas o seu emprego.
Leia mais: Alienação do trabalho
O modo como as diferentes sociedades entendem o trabalho
Conforme vimos, a noção que cada sociedade possui quanto ao significado que produz sobre o trabalho. Durante a antiguidade, foi associado a algo ruim, um sacrifício. Gregos e romanos o viam como algo degradante.
No cristianismo, o trabalho era uma punição. Podemos analisar essa visão a partir da narrativa bíblica de Adão e Eva que, como punição por comerem o fruto proibido, foram obrigados a sobreviver através do suor de seu próprio rosto
Já nas sociedades capitalistas, principalmente com as Revoluções Industriais, o trabalho passa a ser visto como algo positivo, que engrandece o ser humano.
Aqui, o trabalho é visto como uma atividade que ocupa quase todo o espaço de vida do indivíduo. Assim sendo, a existência de um indivíduo está atrelada ao seu cargo. Seu sucesso pessoal está diretamente relacionado ao profissional.
Portanto, podemos notar que a ideologia existente sobre o trabalho modifica o modo como ele é visto em cada momento da história.
Leia mais:
Referências Bibliográficas
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