Lógica Aristotélica
A lógica aristotélica tem como objetivo estudar a relação do pensamento com a verdade.
Podemos defini-la como uma ferramenta para analisar se os argumentos utilizados nas premissas levam a uma conclusão coerente.
Aristóteles resumiu suas conclusões sobre a lógica no livro Organum (instrumento).
Características da Lógica Aristotélica
- Instrumental;
- Formal;
- Propedêutica ou preliminar;
- Normativa;
- Doutrina da prova;
- Geral e atemporal.
Aristóteles define que o fundamento da lógica é a proposição. Essa usa a linguagem para expressar os juízos que são formulados pelo pensamento.
Proposição atribui um predicado (denominado P) a um sujeito (denominado S).
Veja também: O que é lógica?
Silogismo
Os juízos encadeados por esse segmento são expressados de maneira lógica por conexões de proposições, o que é denominado silogismo.
O silogismo é o ponto central da lógica aristotélica. Representa a teoria que permite a demonstração das provas a que estão ligados o pensamento científico e filosófico.
A lógica investiga o que faz um silogismo ser verdadeiro, os tipos de proposições de silogismo e os elementos que constituem uma proposição.
É marcado por três características principais: é mediato, é demonstrativo (dedutivo ou indutivo), é necessário. Três proposições o constituem: premissa maior, a premissa menor e a conclusão.
Exemplo:
O mais famoso exemplo de silogismo é:
Todos os homens são mortais.
Sócrates é homem,
Logo,
Sócrates é mortal.
Analisemos:
- Todos os homens são mortais - premissa universal afirmativa, pois inclui todos os seres humanos.
- Sócrates é homem - premissa particular afirmativa porque se refere apenas a um determinado homem, Sócrates.
- Sócrates é mortal - conclusão - premissa particular afirmativa.
Falácia
Da mesma forma, o silogismo pode ter argumentos verdadeiros, mas que levam a conclusões falsas.
Exemplo:
- Os sorvetes são feitos de água doce – premissa universal afirmativa
- O rio é feito de água doce – premissa universal afirmativa
- Portanto, o rio é um sorvete – conclusão = premissa universal afirmativa
Neste caso, estaríamos diante de uma falácia.
Proposição e as categorias
A proposição é integrada por elementos que são termos ou categorias. Estes podem ser definidos como os elementos para definir um objeto.
Há dez categorias ou termos:
- Substância;
- Quantidade;
- Qualidade;
- Relação;
- Lugar;
- Tempo;
- Posição;
- Posse;
- Ação;
- Paixão.
As categorias definem o objeto, pois elas refletem o que a percepção capta de maneira imediata e diretamente. Além disso, possuem duas propriedades lógicas, que são a extensão e a compreensão.
Extensão e Compreensão
A extensão é o conjunto de coisas designadas por um termo ou uma categoria.
Por sua vez, a compreensão representa o conjunto de propriedades que foi designada por esse termo ou essa categoria.
Pela lógica aristotélica, a extensão de um conjunto é inversamente proporcional à sua compreensão. Por isso, quanto maior for a extensão de um conjunto, menor será a compreensão dele.
E, ao contrário, quanto maior for a compreensão de um conjunto, menor será a extensão. Esse comportamento favorece a classificação das categorias em gênero, espécie e indivíduo.
Quando avaliamos a proposição, a categoria da substância é o sujeito (S). As demais categorias são os predicados (P) que foram atribuídos ao sujeito.
Podemos compreender a predicação ou atribuição pela designação do verbo ser, que é um verbo de ligação.
Exemplo:
O cão é bravo.
Proposição
Proposição é o enunciado por meio do discurso declarativo de tudo o que foi pensado, organizado, relacionado e reunido pelo juízo.
Representa, reúne ou separa pela demonstração verbal o que foi separado pelo juízo mentalmente.
A reunião de termos é feita pela afirmação: S é P (verdade). A separação ocorre pela negação: S não é P (falsidade).
Sob o prisma do sujeito (S), existem dois tipos de proposições: proposição existencial e proposição predicativa.
As proposições são declaradas conforme a qualidade e a quantidade e obedecem à divisão por afirmativas e negativas.
Sob o prisma da quantidade, as proposições se dividem em universais, particulares e singulares. Já sob o prisma da modalidade, se dividem em necessárias, não-necessárias ou impossíveis e possíveis.
Lógica Matemática
No século XVIII, o filósofo e matemático alemão Leibniz criou o cálculo infinitesimal, o qual constituía o passo para a encontrar uma lógica que, inspirada na linguagem matemática, chegasse à perfeição.
A matemática é considerada uma ciência de linguagem simbólica perfeita, porque se manifestando por meio de cálculos puros e organizados, é retratada por algoritmos de único sentido.
Já a lógica descreve as formas e é capaz de descrever as relações das proposições lançando mão de um simbolismo regulado criado especificamente para esse fim. Em suma, é servida por uma linguagem construída para ela, com base do modelo matemático.
A matemática passou a constituir um ramo da lógica a partir da mudança de pensamento no século XVIII. Até então, o pensamento grego prevalecia de que a matemática era uma ciência de verdade absoluta sem qualquer interferência humana.
Todo o modelo matemático conhecido, constituído por operações, o conjunto de regas, princípios, símbolos, figuras geométricas, a álgebra e a aritmética existiam por si, permanecendo independente da presença ou da ação do homem. Os filósofos consideravam a matemática uma ciência divina.
A transformação do pensamento no século XVIII remodelou o conceito da matemática, que passou a ser considerada como resultado do intelecto humano.
George Boole (1815-1864), matemático inglês, é considerado um dos fundadores da lógica matemática. Ele acreditava que a lógica deveria estar associada à matemática e não à metafísica, como era usual nesta época.
Teoria dos Conjuntos
Somente ao fim do século XIX, o matemático italiano Giuseppe Peano (1858-1932) divulgou seus trabalhos sobre a teoria dos conjuntos, abrindo um novo ramo na lógica: a lógica matemática.
Peano promoveu um estudo demonstrando que os números cardinais finitos podiam derivar de cinco axiomas ou proporções primitivas traduzidas em três termos não definíveis: zero, número e sucessor de.
A lógica matemática foi aperfeiçoada pelos estudos do filósofo e matemático Friedrich Ludwig Gottlob Frege (1848-1925) e pelos ingleses Bertrand Russell (1872-1970) e Alfred Whitehead (1861-1947).
Vídeo sobre Aristóteles
Veja também:
BEZERRA, Juliana. Lógica Aristotélica. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/logica-aristotelica/. Acesso em: