Monarquia Constitucional

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

A Monarquia Constitucional ou Monarquia Parlamentar, é uma forma de governo na qual o rei é o Chefe de Estado de forma hereditária ou eletiva, mas seus poderes são limitados pela constituição.

Enquanto na monarquia absolutista o rei não tinha que prestar conta ao parlamento, na monarquia constitucional, o rei é o chefe de Estado, porém suas funções estão descritas na Constituição.

Por sua vez, o primeiro-ministro é o responsável por chefiar o governo, também conforme a constituição.

Países Monárquicos Constitucionais

  • Antígua e Barbuda, Andorra, Austrália
  • Bahamas, Bahrein, Barbados, Bélgica, Belize, Butão
  • Camboja, Canadá
  • Dinamarca
  • Emirados Árabes Unidos, Espanha
  • Granada
  • Ilhas Salomão
  • Jamaica, Japão, Jordânia
  • Kuwait
  • Liechtenstein, Luxemburgo
  • Malásia, Marrocos, Mônaco
  • Noruega, Nova Zelândia
  • Países Baixos, Papua-Nova Guiné
  • Reino Unido
  • Santa Lúcia, São Cristóvão e Nevis, São Vicente e Granadinas, Suécia
  • Tailândia, Tonga, Tuvalu

Resumo

Segundo Montesquieu (1689-1755), a separação dos três poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário - era um mecanismo importante para evitar o abuso do poder num regime monárquico. Através dessa ideia, surgem as bases do constitucionalismo.

O filósofo não concordava com o absolutismo da monarquia. Em sua obra "O Espírito das Leis" (1748), ele critica essa forma de governo e defende a separação dos poderes:

Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas, e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos. (MONTESQUIEU, 1982 [1748], p.187).

Além de Montesquieu, outros filósofos iluministas foram referência para a criação da monarquia constitucional, tais como John Locke (1632-1704) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778).

O descontentamento com a monarquia absolutista impulsionou a origem de um governo cujo poder dos monarcas seria limitado.

Exemplos de Monarquia Constitucional

Com o crescimento da burguesia e as revoluções burguesas, o poder do monarca se viu limitado. Assim, vários países continuaram a ter um soberano como Chefe de Estado, mas para os assuntos práticos, a administração era entregue ao primeiro-ministro.

Vejamos alguns exemplos:

França

A França foi o país onde as revoluções burguesas e suas ideias irradiaram para toda Europa, através dos acontecimentos da Revolução Francesa.

O fim da monarquia absolutista decorreu na primeira fase da revolução francesa, quando em 1791 foi promulgada estabelecida da Assembleia Nacional Constituinte no processo revolucionário.

Durante um curto período de tempo, o rei Luís XVI (1754-1793) foi um monarca parlamentar. No entanto, suas intervenções não eram ouvidas e ele preferiu fugir de Paris, atraindo a ira dos revolucionários que o acabaram assassinando.

Posteriormente, quando a monarquia foi restaurada na França, os soberanos respeitaram esta mudança. O país continuou a ser uma monarquia parlamentar até o rei Napoleão III ser derrotado na Guerra Franco-Prussiana.

Inglaterra

rainha Elizabeth II, ao lado do príncipe Philip
Uma das obrigações do soberano britânico é a abertura anual do Parlamento. A rainha Elizabeth II, ao lado do príncipe Philip, lê o discurso.

A mudança foi influenciada pela Inglaterra em 1688, quando o fim do absolutismo inglês fez surgir a monarquia constitucional inglesa.

Porém, somente no século XIX, durante o reinado da Rainha Vitória, se construíram as bases para a monarquia britânica, tal qual a conhecemos hoje.

Atualmente, a função do soberano reside em mediar as crises do governo e não deve expressar suas opiniões em público.

Espanha

A primeira tentativa de uma monarquia constitucional na Espanha aconteceu em 1812, durante a época das invasões napoleônicas.

No entanto, quando o rei Fernando VII (1784-1833) volta do seu exílio, rechaça a Carta Magna. Somente sua filha e herdeira, Isabel II (1830-1904), voltará a reinar com uma Constituição.

Atualmente, a monarquia espanhola é organizada através da Constituição de 1978.

Portugal

Constituição portuguesa
Representação alegórica da Constituição portuguesa, com o general Gomes Freire ao centro, prometendo defender a pátria

Em Portugal, a monarquia constitucional foi implantada em 1820, com a aprovação da primeira constituição portuguesa, após a Revolução Liberal de 1820, no Porto.

Os reis portugueses ainda tinham grande influência no parlamento devido ao poder moderador, mas não podiam decretar leis sem a aprovação parlamentar.

A monarquia constitucional portuguesa durou de 1820 a 1910, quando o golpe republicano derrubou a monarquia e levou o rei Dom Manuel II ao exílio.

Brasil

A monarquia constitucional brasileira teve início em 1822 e terminou em 1889 com o golpe republicano.

Uma das características da Carta Magna no Brasil era a existência de quatro poderes: executivo, legislativo, judiciário e moderador.

O Poder Moderador permitia ao rei nomear os ministros de Estado e dissolver a assembleia dos deputados, entre outras atribuições.

Japão

No Japão, a instauração da monarquia constitucional decorreu na Era Meji, entre 1868 e 1912. A Constituição de 1890 dotava o Imperador de grande poder político, mas este deveria ser partilhado com o povo, através do parlamento.

Após a derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial, esta Carta Magna foi substituída por outra, promulgada em 1947.

Desta forma, os poderes do Imperador passaram a ser somente simbólicos e o monarca foi considerado o símbolo de unidade do povo japonês.

Itália

Na Itália, esse governo teve início ao fim da unificação dos reinos que formavam a península, em 1871.

O rei Vitor Manuel II (1820-1878), do Reino da Sardenha e um dos líderes da unificação, governou a partir da constituição que já existia nos seus domínios desde 1848.

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Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.