Movimento Antropofágico
O Movimento Antropofágico foi uma corrente de vanguarda que marcou a primeira fase modernista no Brasil.
Liderado por Oswald de Andrade (1890-1954) e Tarsila do Amaral (1886-1973), a finalidade principal era de estruturar uma cultura de caráter nacional.
Características do Movimento
A proposta do movimento era a de assimilar outras culturas, mas não copiar. A marca símbolo do Movimento Antropofágico é o quadro Abaporu (1928) de Tarsila do Amaral, o qual foi dado de presente ao marido, Oswald de Andrade.
A divulgação do movimento era realizado na Revista de Antropofagia, publicada em São Paulo. Já o primeiro número trazia o Manifesto Antropofágico.
Essa revista foi editada em duas fases:
- primeira fase: editada entre maio de 1928 e fevereiro de 1929;
- segunda fase: editada entre 17 de março a 1º de agosto de 1929.
Manifesto Antropofágico
O Manifesto Antropofágico ou Manifesto Antropófogo, que deu origem ao movimento, foi publicado por Oswald de Andrade em 1º de maio de 1928 na Revista de Antropofagia:
"Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. Tupi, or not tupi that is the question. Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos. Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago." (trecho do manifesto)
O termo antropofágico foi utilizado como associação ao ato deruminar, assimilar e deglutir. A ideia, portanto, era de transfigurar a cultura, principalmente a europeia, conferindo assim, o caráter nacional.
Note que esse é o período mais radical do Modernismo que também foi influenciado por outros grupos:
- Pau-Brasil (1924-1925);
- Verde-amarelismo ou Escola da Anta (1916-1929);
- Manifesto Regionalista (1928-1929).
Influências
A ideia do movimento teve início na Europa, quando Oswald de Andrade assiste ao Manifesto Futurista, do italiano Felippo Tomaso Marinetti.
Oswald estava em Paris quando Marinetti anuncia o compromisso da literatura com a nova civilização técnica, marcada sobretudo, pelo combate o academismo.
Assim, a permanência na Europa influenciou diretamente Oswald no período marcado pela decadência do Parnasianismo e do Simbolismo.
Os ideais modernistas ganham força e juntamente com Menotti del Picchia (1892-1988) e Mário de Andrade (1893-1945) eles passam a escrever para os jornais brasileiros. Apoiados nos ideais do Futurismo, eles rompem com o tradicionalismo e o conservadorismo.
Em resumo, estavam prontos os ingredientes para a Semana de Arte Moderna, que ocorreu em 1922 na cidade de São Paulo. Note que esse evento ofereceu uma nova roupagem para a identidade cultural brasileira e influenciou a arte continuamente.
Curiosidade
Além da literatura, as ideias do movimento antropofágico influenciaram também as artes plásticas. Merecem destaques a pintora Anita Malfatti (1889-1964) e o escultor Victor Brecheret (1894-1955).
Saiba mais sobre: Modernismo no Brasil.
DIANA, Daniela. Movimento Antropofágico. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/movimento-antropofagico/. Acesso em: