Os 9 movimentos artísticos mais importantes do século XX

Laura Aidar
Laura Aidar
Arte-educadora, fotógrafa e artista visual

Os movimentos artísticos de maior destaque que ocorreram no século XX são: expressionismo, fauvismo, cubismo, abstracionismo, dadaísmo, surrealismo, op art e pop art, sendo o último a transição para a arte contemporânea.

Movimentos artísticos são correntes da arte em que um grupo de artistas compartilha das mesmas ideias, tanto esteticamente quanto ideologicamente, e se unem com objetivos comuns. De maneira geral, eles têm um tempo de duração, que pode variar de meses a décadas.

1. Expressionismo

O expressionismo surge com esse nome na Alemanha entre 1905 e 1906, com Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938), Erich Heckel (1883-1970) e Karl Schimidt-Rottluff (1884-1976). Eles criaram o grupo Die Brücke, que tem como tradução “A ponte”.

A ideia principal nessa vertente era ressaltar sentimentos conflitantes e difíceis como a dor, angústia, violência e depressão, que rondavam o período. Para isso, usavam cores intensas e formas humanas distorcidas, aproximando-se da caricatura, mas nesse caso sem o teor humorístico.

O movimento foi ainda uma reação ao impressionismo, que buscava trabalhar a luminosidade em cenas bucólicas, em que os personagens não exibiam grande carga emocional.

Os artistas precursores do expressionismo são Vincent van Gogh (1853-1890) e Edvard Munch (1863-1944), que no final do século XIX já trabalhavam o tema do sofrimento humano em suas telas usando cores intensas e forte carga dramática.

quadro O grito, de Munch
O grito (1893), de Munch

2. Fauvismo

O fauvismo foi um movimento que teve como características principais o uso de cores puras, muitas vezes usadas da maneira como saíam dos tubos de tinta; além de combinações espontâneas de cores, sem compromisso com a realidade.

Os fauvistas também retratavam as coisas e pessoas de maneira simples, reduzindo formas e apenas insinuando figuras.

O nome dado ao grupo veio depois de uma mostra realizada no Salão de Outono, em Paris, no começo do século, em 1905.

Os críticos de arte que foram a tal exposição se depararam com telas cheias de cores intensas e que traziam certa ousadia. Assim, eles não compreenderam os propósitos dos artistas e fizeram duras críticas, intitulando os jovens pintores de les fauves, que em português é traduzido como “os feras” ou “os bárbaros”.

quadro a dança. de Matisse
A dança (1909), de Matisse

O maior representante desse movimento foi Henri Matisse (1869-1954), mas houve outros fauvistas como André Derain (1880-1954), Maurice Vlaminck (1876-1958) e Othon Friesz (1879-1949).

Vale ressaltar que esses artistas muito contribuíram para o uso das cores puras e formas simples no design.

3. Cubismo

O cubismo foi um movimento no qual o maior interesse era em retratar a realidade de maneira fragmentada, ou seja, separando partes de uma imagem e compondo novamente.

A intenção era apresentar uma cena exibindo todos os ângulos dela, como se a forma estivesse “aberta” na superfície da tela.

Obviamente as imagens que resultavam não tinham nenhuma fidelidade com o mundo real, e acabavam por apresentar muitas formas geométricas como cubos e cilindros, daí o nome “cubismo”.

Os idealizadores de tal corrente foram Pablo Picasso (1881-1973) e Georges Braque (1882-1963), sendo Picasso o primeiro a criar uma composição cubista, o quadro Les Demoiselles d’Avignon, em 1907.

Quadro As damas de Avignon, de Picasso
Nova York, EUA - 25 de maio de 2018: Multidão de pessoas perto da pintura de Pablo Picasso "Les Demoiselles D'Avignon" no Museu de Arte Moderna de Nova York. Fotografia. Bumble Dee/Shutterstock.com

Os dois desenvolveram o estilo em duas correntes, o cubismo analítico, que trabalhavam com cores neutras e sombrias, a fim de destacar as formas desconstruídas; e o cubismo sintético, quando se decide retornar à representação de figuras mais facilmente reconhecíveis.

4. Abstracionismo ou arte abstrata

Na arte abstrata, ou abstracionismo, os artistas libertam-se do compromisso com o figurativismo, ou seja, passam a criar imagens onde não há a representação de qualquer figura reconhecível.

O primeiro pintor considerado abstrato foi Wassily Kandinsky (1866-1944), um russo que era entusiasta da música e resolveu utilizá-la como inspiração de suas telas.

A finalidade dele era transmitir a “atmosfera musical”, levando o observador a entrar em contato com formas, cores e linhas.

primeira aquarela abstrata kandinsky
Primeira aquarela abstrata, de Wassily Kandinsky

Outros artistas de destaque do movimento são Vladimir Tatlin (1885-1956), responsável pela vertente do construtivismo; Piet Mondrian (1872-1974) com seu neoplasticismo e Kazimir Malevich, com o suprematismo.

5. Futurismo

O futurismo se iniciou por meio de um manifesto literário. Em 1909, o escritor italiano Filippo Tommaso Marinetti elabora o Manifesto Futurista, no qual expõe as bases ideológicas do movimento, pautadas sobretudo na revolução tecnológica, na velocidade e dinamismo.

Foi uma vertente artística alinhada a ideias fascistas, que estavam em alta naquele período na Itália. Tanto que alguns dos intelectuais futuristas entraram para o partido fascista em dado momento, o que contribuiu para o declínio do movimento.

quadro futurista
O Dinamismo de um Automóvel (1913), de Russolo

Em 1910 artistas das artes plásticas lançam um manifesto direcionado às artes, que foi assinado por Umberto Boccioni, Carlo Carrà, Luigi Russolo, Giacomo Balla e Gino Severini.

As obras produzidas exibiam cenas que exaltavam as máquinas, velocidade e movimento.

6. Dadaísmo

Já o dadaísmo foi um movimento que buscou subverter a lógica da arte como uma maneira de evidenciar os tempos insanos que viviam.

O contexto era o da Primeira Guerra Mundial (1914-18) e alguns intelectuais se refugiaram na Suíça.

Lá eles fundaram o movimento Dadá, nome escolhido pelo húngaro Tristan Tzara ao abrir aleatoriamente um dicionário francês e escolher a palavra “dadá”, que significa “cavalinho”.

Os dadaístas procuravam transmitir todo o caráter irracional e absurdo do momento, para isso usaram como recurso o “automatismo psíquico”, uma maneira de criar baseada na espontaneidade e acaso.

Outras características marcantes dadaístas são a ironia, a desordem e a crítica ao sistema vigente.

roda de bicicleta, de Duchamp
Roda de bicicleta (1913), de Duchamp

Citamos como artistas do movimento Hugo Ball (1886-1927), Hans Arp (1886-1966) e o Marcel Duchamp (1887-1968), este último o de maior reconhecimento.

7. Surrealismo

Em 1924, como decorrência do dadaísmo, surge o movimento surrealista na França. A ideia do grupo era transpor para as telas imagens do inconsciente, elaborando cenas que ultrapassavam a realidade.

Os conceitos psicanalíticos de Sigmund Freud despontavam na época e foram de grande inspiração para os surrealistas.

Eles queriam libertar-se do racionalismo e permitir o escoamento da imaginação, do ilógico e dos simbolismos presentes no universo do sonhos.

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A persistência da memória (1931), do pintor espanhol Salvador Dali. Pintura a óleo. Kumachenkova/Shutterstock.com

Nomes importantes da vertente são: Salvador Dalí (1904-1989), o que teve maior reconhecimento, Marc CHagall (1887-1985) e Joan Miró (1893-1983).

8. Op art

A op art é um movimento que ocorreu na década de 60. Seu nome vem do inglês “optical art”, significando “arte óptica”.

As obras dessa vertente tinham como objetivo criar composições abstratas e geométricas que, dependendo do ângulo em que são vistas, criam ilusões de tremores e outras formas oscilantes.

A exposição mais importante desse movimento ocorreu em Nova York em 1965 e foi intitulada como The Responsive Eye, traduzido como “O olho responsivo”, que sugere que é o próprio olho do espectador que responde à obra, interpretando-a e enxergando diferentes composições.

Os principais artistas da op art foram Victor Vasarely (1908-1997) e Alexander Calder (1898-1976).

quadro de victor vasarely, op art
Triond (1973), de Victor Vasarely

9. Pop Art

Pop art é o nome dado a um movimento que ocorreu nos anos 60 nos EUA, inicialmente. Mais tarde, estendeu-se a outros lugares.

A ideia da pop art era criar um tipo de arte que estivesse mais conectada com a vida cotidiana e prática das pessoas. Para isso, foi usado como inspiração e base criativa a cultura de massas, presente nas histórias em quadrinhos, publicidade, cinema e tv.

Havia uma intenção crítica na pop art, exibindo como a vida de todos estava imersa em uma cultura industrial, que uniformiza as coisas e até mesmo pessoas, como celebridades. Entretanto, o movimento acabou se alimentando da própria cultura que buscava criticar.

As principais características dessa vertente foram a produção em série de imagens, o uso da serigrafia, referência em estrelas do cinema e cores intensas.

Vale ressaltar que esse movimento contribuiu para impulsionar uma nova fase no meio artístico, a arte contemporânea.

pop art de Andy Warhol
Um retrato de Marilyn Monroe por Andy Warhol. Stafford, Reino Unido, 11 de maio de 2022. Fotografia.
Mundissima/Shutterstock.com

Andy Warhol (1930-1987) foi o maior expoente da pop art, houve também Roy Lichtenstein (1923-1997) e Richard Hamilton (1922-2011), que tiveram destaque.

Contexto dos movimentos da arte moderna

Esse tipo de mobilização artística foi a marca cultural da primeira metade do século XX, quando o mundo passava por profundas transformações sociais e econômicas, além de intensos conflitos como a primeira e segunda guerra.

Assim, os artistas, a princípio na Europa, se organizaram coletivamente a fim de refletir sobre os acontecimentos, materializando suas ideias através da arte, no que ficou conhecido como vanguardas europeias.

As primeiras vertentes da arte consideradas movimentos foram o impressionismo e pós-impressionismo, ocorridas ainda no século XIX. Foram elas que deram as bases para que, no século seguinte, despontassem os movimentos da arte moderna.

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Referências Bibliográficas

PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo: Ed. Ática, 2010.

GOMBRICH, Ernst Hans. A história da arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

Laura Aidar
Laura Aidar
Arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Licenciada em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formada em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.