Vanguardas Europeias

Laura Aidar
Laura Aidar
Arte-educadora, fotógrafa e artista visual

As Vanguardas Europeias representam um conjunto de movimentos artístico-culturais que ocorreram em diversos locais da Europa a partir do início do século XX.

As vanguardas artísticas europeias que se destacaram foram: Expressionismo, Fauvismo, Cubismo, Futurismo, Dadaísmo, Surrealismo.

Juntos, esses movimentos influenciaram a arte moderna mundial desde pintura, escultura, arquitetura, literatura, cinema, teatro música, etc.

As vanguardas artísticas ultrapassaram o limite até então encontrado nas artes, propondo assim, novas formas de atuação estética ao questionar os padrões impostos.

No Brasil, elas influenciaram diretamente o movimento modernista, que teve início com a Semana de Arte Moderna de 1922.

A palavra vanguarda, do francês “avant-garde” significa a “guarda avançada”, o que pressupõe, nesse contexto, um movimento pioneiro das artes.

Contexto Histórico das Vanguardas Europeias

Com o advento da Revolução Industrial no século XIX e da Primeira Guerra Mundial no início do século XX, a sociedade passava por diversas transformações.

Destacam-se os avanços tecnológicos, progressos industriais, descobertas científicas, dentre outros.

Nesse sentido, a arte demostrou a necessidade de propor novas formas estéticas e de fruição artística, pautadas na realidade vigente.

Dessa forma, os movimentos artísticos europeus surgidos no fervor dos ideais da época foram diretamente contra os ideais da guerra.

Os artistas utilizavam da ironia e da capacidade de “chocar” o público, a fim de despertar outras maneiras de apreciar e refletir sobre a vida.

Por outro lado, um deles exaltou os avanços tecnológicos e o progresso, no caso o futurismo italiano.

Vanguardas Artísticas Europeias: Resumo

Confira abaixo cada uma das vanguardas artísticas europeias, suas principais características, artistas e obras:

Expressionismo

o grito, de Munch
O Grito (1893) de Edvard Munch

Surgido em Dresden, na Alemanha, em 1905, o expressionismo foi um movimento artístico que teve origem com o grupo Die Brücke - que em português significa "A ponte".

Ernst Kirchner, Erich Heckel e Karl Schidt-Rottluff foram os artistas que se uniram para criar esse coletivo calcado na expressão dos sentimentos e emoções.

Possuía um caráter deveras subjetivo, irracional, pessimista e trágico, justamente por enfatizar as mazelas e os problemas do ser humano.

Esse estilo de arte vem como uma oposição a outro movimento anterior, o impressionismo.

O artista norueguês Edvard Munch pode ser considerado a grande inspiração do Die Brücke e precursor do expressionismo. Sua obra mais importante é O Grito (1893), uma das mais emblemáticas do pintor.

Além dele, merece destaque o artista Van Gogh, que também influenciou profundamente o movimento.

Fauvismo

A dança, de Matisse
A dança (1910), de Matisse

O fauvismo foi um estilo de pintura baseado na intensidade cromática, simplificação das formas e utilização de cores puras, além de usá-las arbitrariamente, sem compromisso com as cores reais.

Por conta dessas características, durante o Salão de Outono, alguns pintores desse movimento foram chamados pelos críticos de fauves ("os feras" em português), como uma rejeição ao novo modo de pintar.

Alguns nomes importante do fauvismo são: André Derain, Maurice de Vlaminck, Othon Friesz e Henri Matisse, o mais conhecido.

Leia mais sobre o Fauvismo.

Cubismo

As damas d'Avignon, Pablo Picasso
Nova York, EUA - 25 de maio de 2018: Multidão de pessoas perto da pintura de Pablo Picasso "Les Demoiselles D'Avignon" no Museu de Arte Moderna de Nova York.Bumble Dee/Shutterstock.com

O cubismo foi um movimento artístico pautado na geometrização das formas.

Foi iniciado em 1907 pelo pintor espanhol Pablo Picasso, com a tela "Les Demoiselles d'Avignon" (As damas d'Avignon).

Outros representantes do movimento foram: Georges Braque, Juan Gris e Fernand Léger.

Essa corrente artística teve como inspiração o trabalho do artista Cézanne e ramificou-se em duas vertentes: o cubismo analítico e cubismo sintético.

Na primeira, a analítica, as formas e figuras foram tão desconstruídas e fragmentadas que tornaram-se irreconhecíveis. No cubismo sintético, os artistas voltaram à representação figurativa, mas não a uma abordagem realista dos temas.

No Brasil, o movimento cubista influenciou alguns artistas, como Tarsila do Amaral e Vicente do Rego Monteiro.


Futurismo

giacomo balla futurismo
Velocidade do Automóvel (1913) de Giacomo Balla

O movimento futurista foi encabeçado pelo poeta italiano Filippo Marinetti, que lançou um manifesto publicado em um jornal francês (Le Figaro) no dia 20 de fevereiro de 1909. No ano seguinte, diversos artistas lançam um Manifesto Futurista relacionado diretamente com a pintura.

Suas principais características eram a exaltação da tecnologia, das máquinas, da velocidade e do progresso. Um dos expoentes da pintura futurista foi o artista italiano Giacomo Balla. Outros representantes são: Umberto Boccioni, Carlo Carrà, Luigi Russolo e Gino Severini.

No Brasil, os ideais da Semana de Arte Moderna, que inauguraram o movimento modernista no país, sofreram influência do futurismo. Isso porque a rejeição ao passado, bem como o culto do futuro, propulsionaram as ideias modernistas.

Dadaísmo

a fonte de duchamp
A Fonte (1917), de Marcel Duchamp

O dadaísmo foi um movimento ilógico encabeçado por Tristan Tzara em 1916, que mais tarde ficou conhecido como o propulsor dos ideais surrealistas.

Além dele, outros líderes do movimento foram: o poeta alemão Hugo Ball e o pintor, escultor e poeta franco-alemão Hans Arp.

As principais características do dadaísmo são a espontaneidade da arte pautada na liberdade de expressão, no absurdo e irracionalidade.

Sem dúvida, o pintor e escultor francês Marcel Duchamp foi uma das figuras mais emblemáticas do movimento dadaísta com seus objetos prontos (ready-made) que se afastam de sua função original. A Fonte é uma das obras mais representativas desse momento.

Surrealismo

A persistência da memória, de Salvador Dalí
"A persistência da memória" (1931), de Salvador Dalí. Pintura a óleo. kumachenkova/Shutterstock.com

O surrealismo, liderado pelo artista André Breton, despontou em Paris em 1924.

Pautado no subconsciente, esse movimento era caracterizado por uma arte impulsiva, fantástica e onírica.

Alguns artistas que merecem destaque são Giorgio de Chirico, Max Ernst, Joan Miró, René Magritte e Salvador Dalí.

A literatura e as artes plásticas brasileiras sofreram grande influência dessa vanguarda. Merecem destaque: o escritor Oswald de Andrade e os artistas plásticos Tarsila do Amaral, Ismael Nery e Cícero Dias.

Vanguardas Europeias - Questões de Vestibular

1. (UFPE-PE) Os movimentos culturais do final do século XIX e das primeiras décadas do século XX dialogavam com as mudanças que ocorriam na sociedade, com a afirmação do modo de produção capitalista e com as novas formas de pensar e de sentir o mundo. Com o modernismo e as vanguardas artísticas, houve mudanças importantes, pois

a. ( ) o dadaísmo procurou radicalizar nas suas propostas, criticando os valores estabelecidos, com destaque para a obra de artistas como Marcel Duchamp.

b. ( ) o surrealismo trouxe a exploração do inconsciente, presente na pintura do espanhol Salvador Dali e na obra literária do francês André Breton.

c. ( ) com obras que causaram impacto, houve um rompimento frente aos modelos clássicos que adotavam regras e limites para o artista.

d. ( ) O cubismo foi o movimento que mais explorou o subjetivismo, demonstrando intensa preocupação com o sofrimento humano.

a) V – V – V – V
b) V – V – V – F
c) V – V – F – F
d) V – F – V – F

Alternativa b: V – V – V – F

O dadaísmo foi um movimento caracterizado pela "anti-arte" e o questionamento do que seria arte frente aos absurdos que ocorriam no mundo com a Primeira Guerra. Duchamp, inventor dos chamados ready-mades, foi um dos maiores expoentes desse movimento.

O surrealismo se preocupou com a exploração de temas insólitos, o universo onírico (dos sonhos), criando relações inclusive com a psicanálise, que também estava despontando na época.

As vanguardas foram movimentos que procuraram romper com as características da arte vigente, propondo novas formas de fazer e fruir a arte.

O cubismo não explorou o subjetivo e seu maior interesse não foi o sofrimento humano. Era uma vertente que trouxe novas formas de representação no campo pictórico, desfragmentando e geometrizando as figuras.

Confira também essa seleção de questões que separamos para você testar seus conhecimentos: Exercícios sobre Vanguardas Europeias.

2. (ESPM-SP) Verifique o texto:

Beiramarávamos em auto pelo espelho de aluguel arborizado das avenidas marinhas sem sol.
Losangos tênues de ouro bandeiranacionalizavam o verde dos montes interiores
.”

Esse fragmento da obra Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade, revela influência de uma corrente de vanguarda europeia do Modernismo. Marque-a:

a) Futurismo, pela exaltação à velocidade e à tecnologia automotiva.
b) Surrealismo, pois as imagens insólitas apresentadas parecem ter sido extraídas do sonho ou do inconsciente do narrador.
c) Cubismo, já que somente partes dos objetos e da paisagem são descritas, a imagem é fragmentária.
d) Expressionismo, pela caricaturização, pela deformação da imagem através do exagero.
e) Dadaísmo, pois o significado do texto é nenhum, já que as ideias estão misturadas ao acaso.

Alternativa e: Dadaísmo, pois o significado do texto é nenhum, já que as ideias estão misturadas ao acaso.

No movimento dadaísta, a intenção dos artistas era produzir um tipo de arte "sem sentido", uma "anti-arte", questionando os padrões e conceitos que levam a declarar o que é ou não arte. Ao analisarmos o texto de Oswald de Andrade, podemos perceber um jogo de palavras que não produzem um sentido explícito, o que o relaciona ao dadaísmo.

3. (UCP-PR) Movimento literário brasileiro que recebeu influências de vanguardas europeias, tais como o Futurismo e o Surrealismo:

a) Modernismo
b) Parnasianismo
c) Romantismo
d) Realismo
e) Simbolismo

Alternativa a: modernismo

O modernismo brasileiro foi uma corrente artística que buscou "beber na fonte" das vanguardas europeias, mas trazendo intensamente os elementos da cultura nacional, produzindo dessa forma uma arte genuinamente brasileira.

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Laura Aidar
Laura Aidar
Arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Licenciada em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formada em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.