Paródia e Paráfrase
A Paródia e a Paráfrase representam dois tipos de intertextualidade, ou seja, são recursos que estabelecem diálogos entre diferentes textos, criando um novo baseado num texto-fonte (referência).
Muitas vezes, a paródia e a paráfrase são consideradas termos sinônimos, no entanto, cada uma apresenta sua singularidade. Ambas são recursos utilizados na literatura, artes, plásticas, música, cinema, escultura, dentre outros.
O termo paródia, derivado do grego parodès, significa “canto ou poesia semelhante à outra”. Trata-se de uma releitura cômica, geralmente envolvida por um caráter humorístico e irônico que altera o sentido original, criando assim, um novo.
O termo paráfrase, do grego paraphrasis, significa a “reprodução de uma sentença”. Diferente da paródia, ela faz referência a um ou mais textos sem que a ideia original seja alterada.
Exemplo de paródia e paráfrase nas artes plásticas
Para entender melhor paródia e paráfrase, observe os exemplos abaixo de Mona Lisa, a obra mais emblemática do artista de Leonardo da Vinci.
Segundo os exemplos acima, podemos perceber melhor a diferença entre a paródia e a paráfrase, na medida que na segunda imagem, observamos o tom humorístico e crítico envolvido. Assim, fica claro que a ideia original foi alterada e por isso, trata-se de uma paródia.
Por sua vez, a terceira imagem é uma obra do Museu Madame Tussauds, em Amsterdã, o qual não altera o sentido original do retrato. Neste caso, baseada numa das obras de artes mais conhecidas do mundo, esse exemplo é uma paráfrase, que não apresenta o caráter cômico ou irônico observado na paródia.
Exemplo de paráfrase na música
A intertextualidade pode ocorrer em diferentes tipos de textos, por exemplo, entre um texto visual (pintura, escultura) e um texto sonoro e escrito (música, literatura).
Assim, como exemplo de Intertextualidade (paráfrase) da obra Mona Lisa na Música temos a canção de Jorge Vercillo:
Mona Lisa (Letra da Música)
Paralisa com seu olhar
Monalisa
“É incrível
Nada desvia o destino
Hoje tudo faz sentido
E ainda há tanto a aprender
E a vida tão generosa comigo
Veio de amigo a amigo
Me apresentar a você
Paralisa com seu olhar
Monalisa
Seu quase rir ilumina
Tudo ao redor, minha vida
Ai de mim, me conduza
Junto a você ou me usa
Pro seu prazer, me fascina
Deusa com ar de menina
Não se prenda
A sentimentos antigos
Tudo que se foi vivido
Me preparou pra você
Não se ofenda
Com meus amores de antes
Todos tornaram-se ponte
Pra que eu chegasse a você”
Exemplo de paródia e paráfrase na literatura
A paródia é um recurso muito utilizado na literatura. A Canção do Exílio de Gonçalves Dias é um dos exemplos mais notórios, visto que muitos literatos fizeram uma paródia do poema, por exemplo, Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes.
Texto Original
"Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.” (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”)
Paródia da Canção do Exílio
"Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza. (...)
Eu morro sufocado em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas são mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!” ("Canção do Exílio", Murilo Mendes)
Paráfrase da Canção do Exílio
"Um sabiá
na palmeira, longe.
Estas aves cantam
um outro canto. (...)
Onde tudo é belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)" (“Nova Canção do Exílio”, Carlos Drummond de Andrade)
Saiba mais sobre o tema:
DIANA, Daniela. Paródia e Paráfrase. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/parodia-e-parafrase/. Acesso em: