Resenha: o que é e quais os seus tipos (com exemplos)

Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora de Língua Portuguesa e Literatura

Resenha é um gênero textual que consiste na descrição de um texto ou de um filme, no qual quem escreve pode expressar a sua opinião.

As resenhas são textos lidos por pessoas que desejam obter informações sobre um conteúdo, como o que ele aborda ou se é bem avaliado pela crítica.

Elas podem influenciar a decisão do leitor em escolher entre ler um livro ou outro, assim como do espectador em assistir a um filme específico, portanto, as resenhas ajudam as pessoas a decidirem se consomem ou não determinado conteúdo cultural.

A resenha não é um resumo. Resumo é um texto que tentar reduzir, ao máximo, o que está escrito numa obra. O resumo é uma apresentação fiel do texto, portanto, não pode ser opinativo.

As características da resenha são:

  • as resenhas são textos descritivos, ou seja, o resenhista descreve o texto com suas palavras, oferecendo um apanhado da obra;
  • as resenhas podem ser opinativas;
  • as resenhas são breves.

Os tipos de resenha são: descritivas e críticas.

Resenha descritiva

Nesse tipo de resenha, o resenhista dá a conhecer ao leitor um pouco sobre o autor e sua obra. O assunto abordado no livro, por exemplo, o que é feito de forma bastante breve, ou seja, sem detalhar personagens e acontecimentos.

A resenha descritiva é informativa, pois consiste em uma forma de expor algo relativo a um conteúdo, sem relatar a sua história e fazer julgamentos.

Exemplo de resenha descritiva

Obra original: BONADIO, Maria Claudia. Moda e publicidade no Brasil nos anos 1960. São Paulo, SP: nVersos, 2014. 272 p.

Resenha de: Figueiredo, Joana Bosak de. Doutora em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Porto Alegre/Brasil). Professora na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Porto Alegre/Brasil).

O livro Moda e Publicidade, de Maria Claudia Bonadio, é composto por uma introdução e mais seis capítulos, com prefácio de Roberto Duailibi, que comparece enfatizando o papel fundador de Livio Rangan, responsável pela campanha publicitária da Rhodia, empresa química francesa, na Standard Agência de Publicidade.

(...)

Na Introdução: "os homens da Praça Roosevelt" mostra-se o entorno da praça como epicentro da publicidade e da cultura em São Paulo: bares, restaurantes, boates e cinemas que tiveram ligação direta com a explosão cultural da época, por “abrigar expoentes da Bossa Nova de São Paulo”, além de grandes músicos do jazz internacional, com apresentações de Dizzie Gillespie, por exemplo. Havia também o Cine Bijú, com filmes de vanguarda, importantes divulgadores de figurinos/moda nos anos 1960. Neste ambiente está a Standard Propaganda, com Livio Rangan, diretor de Publicidade e uma equipe de peso: Alceu Penna, Roberto Duailibi, Otto Stupakoff e Cyro del Nero; ilustradores, artistas, comunicadores que transformaram visualidades e conceitos publicitários em atitude, roupas, produtos.

(...)

Em capítulos curtos e dinâmicos, repletos de ilustrações e citações de época, recortes de jornais e revistas, que enriquecem o trabalho, vão-se apresentando, a partir de então, a introdução do fio sintético na vida das pessoas, paulatinamente e massivamente. Ao final dos anos 1960, a situação de consumo desse tipo de têxteis já havia mudado significativamente, atingindo cada vez mais diversas camadas da população, com um apelo imenso da publicidade, a exemplo da feita por Rangan, para a Rhodia.

(...)

Finalmente, Maria Claudia percebe na relação com a música um canal fundamental da existência de uma estética da época, em que convivem o Tropicalismo, o rock, a Jovem Guarda como modelos de juventude nacional, criando música, posturas e comportamentos brasileiros que beberam nas fontes internacionais.

Isso, de certa forma, insere a Rhodia sem alardear sua origem: é francesa no que interessa, mas assimila certa brasilidade ao apostar suas fichas na cultura em que se afirma.

Por tudo isso e ainda mais, trata-se de bibliografia indispensável para pensar a moda brasileira e a moda no Brasil, fruto de intensa pesquisa às fontes, importante repertório de imagens e reflexões cruciais para a formação de um momento fundador da identidade nacional.

Resenha crítica

Nesse tipo de resenha, além de expor informações sobre um conteúdo, o autor dá a sua opinião de forma crítica, influenciando o comportamento dos leitores.

Sem detalhar um livro ou um filme, por exemplo, o autor da resenha crítica informa o leitor sobre o enredo, mas não conta a sua história. O resenhista expressa sua opinião sobre o texto ou livro, comentando sobre o conteúdo e o estilo utilizado.

Exemplo de resenha crítica

Obra original: BOAVENTURA, Maria Eugênia (org.). 22 por 22: a semana de arte moderna: vista pelos seus contemporâneos. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2008. 463 p.

Resenha de: Djalma Cavalcante. Doutor e Mestre em Filosofia pela UFPR; Especialista em Filosofia da Educação e em Estética e Filosofia da Arte pela UFPR. Filósofo e Historiador.

O livro 22 por 22 – A semana de Arte Moderna vista pelos seus contemporâneos, recentemente publicado pela Edusp e organizado por Maria Eugenia Boaventura, apresenta duas qualidades essenciais: nos fornece um conjunto de importantes fontes primárias sobre o evento e, na sua “Introdução”, propõe uma série de temas, cuja discussão está absolutamente em aberto. Esperamos que pesquisadores aproveitem a sugestão e mergulhem neles, nos presenteando com um conhecimento sempre mais aprofundado do caráter abrangente desse momento fundamental de nossa história literária.

(...)

Infelizmente, no Brasil, a publicação de transcrições ou fac-símiles de fontes primárias de pesquisa (documentos, artigos de jornais ou revistas da época) é rara, direi mesmo raríssima. Sendo um livro que reúne transcrições das “polêmicas divulgadas na imprensa no decorrer do ano de 1922…”, o 22 por 22 já assume a estatura de uma obra de grande importância. Não bastasse isso, os artigos transcritos foram organizados por Maria Eugenia de foram bastante competente e didática. Eles foram sistematizados em quatro grupos: dois no corpo principal do livro e dois no “Apêndice”.

(...)

O aprofundamento de pesquisas e estudos a respeito desse assunto poderá nos conduzir a uma avaliação mais bem acabada sobre a real dimensão dessa rebelião estética. Por exemplo poderemos entender com mais profundidade a existência de preconceitos recíprocos entre os “passadistas” e os “futuristas”.

Outra sugestão implícita no texto da organizadora é que a ponderação efetiva acerca do sentido em que a palavra “futurismo” era empregada por ambos os lados da polêmica poderá abrir caminhos para um entendimento mais real dos verdadeiros vínculos existentes entre as propostas dos jovens brasileiros, particularmente paulistas, e as diversas correntes de renovação estética que grassavam na Europa.

Ainda uma outra questão, mencionada pela professora da Unicamp, é a de se realizar uma avaliação do verdadeiro papel de Graça Aranha não só na Semana, mas no próprio Modernismo brasileiro (aliás, em relação a isso momento é extremamente oportuno, pois, em 2002, estaremos comemorando o centenário da publicação de Canaã, a obra-prima de Graça Aranha). Como nos é sugerido na “Introdução”, através do estudo do papel do escritor carioca poderemos compreender com mais exatidão o envolvimento de setores da elite paulistana na Semana.

A leitura atenta da “Introdução” nos propõe ainda uma série de outras interrogações e indícios para a realização de novas pesquisas. O mesmo acontece com a leitura do corpo principal do livro.

Sugerir caminhos é a contribuição fundamental que a organizadora desse trabalho tão importante nos dá.

Aos apaixonados pela pesquisa que fornece novas luzes a um tema tão polêmico como o é o da Semana de Arte Moderna, 22 por 22 é leitura obrigatória.

Estrutura da resenha

Como qualquer gênero textual, a resenha tem um padrão que permite que ela seja identificada dessa forma:

1. Bibliografia da obra resenhada, de acordo com as normas da ABNT;

2. Identificação do resenhista, que pode conter apenas o seu nome, ou ser mais completo e contemplar também profissão/título;

3. Texto da resenha contínuo, ou seja, sem quebras de subtítulos. Esse texto deve ser organizado em introdução, desenvolvimento e conclusão, o que pode ser feito da seguinte forma:

3.1. Introdução da resenha - informações sobre o autor da obra, tais como formação, local e tempo onde viveu e outras obras que escreveu, bem como informação acerca do tema e do gênero da obra, como é feita a sua abordagem e qual a intenção do autor.

3.2. Desenvolvimento da resenha - informar como a obra é organizada em termos de texto e de imagem, a que leitor ou espectador ela se destina.

3.3. Conclusão da resenha - informar se o tema é fácil de entender, se a obra é interessante e se destaca dentro do seu gênero, comparar com outras obras do mesmo autor.

As 5 características essenciais de uma resenha

1. Concisão

A concisão é a característica mais marcante do gênero textual resenha. Afinal, trata-se de um texto breve, sem detalhes, em que o resenhista pretende apenas informar do que se trata um texto.

Nas resenhas críticas, o resenhista não apenas informa sobre um conteúdo, mas também expressa sua opinião sobre ele.

2. Objetividade

A objetividade é outro aspecto muito importante. Focar o ponto-chave do conteúdo que está sendo resenhado pode garantir o sucesso de uma resenha, principalmente se o resenhista pretende convencer seus leitores.

3. Argumentação

As resenhas críticas têm o objetivo de convencer o leitor a escolher uma obra específica. Para isso, o resenhista precisa saber argumentar de forma coesa e coerente. A coesão e coerência são fundamentais para construir um texto eficaz que expõe ideias e busca persuadir o leitor.

4. Recomendação

As resenhas servem para recomendar, ou não, uma obra. Em qualquer um dos tipos, elas têm como objetivo informar, por isso, muitas pessoas as leem quando procuram um livro ou um filme, tal como se estivessem pedindo uma indicação a alguém.

5. Estrutura

A resenha se caracteriza por conter a identificação da obra resenhada e do autor. O texto pode ser apenas informativo ou conter opiniões so autor da resenha também. A resenha é escrita de forma contínua, sem a utilização de subtítulos.

Diferença entre resenha e resumo

A diferença entre resumo e resenha é que o resumo descreve os acontecimentos de um texto ou filme de forma breve, ou seja, sem detalhes. A resenha, por sua vez, relata sobre o assunto de que o texto ou filme aborda, sem descrever os acontecimentos.

Isso quer dizer que o resumo é uma apresentação breve e fiel ao texto. Assim, quem o escreve não acrescenta nada novo, bem como não opina acerca do seu conteúdo.

A resenha não se resume a descrever o conteúdo de forma resumida. Seu objetivo é apresentar a proposta do texto ao leitor com a intenção de influenciar a sua escolha.

Exemplo de trecho de RESENHA de Vidas Secas, de Graciliano Ramos:

A obra revela a maestria do seu autor ao tratar de problemas sociais, neste caso, a seca do nordeste. Inspirada na própria experiência de Graciliano Ramos, Vidas Secas se tornou uma obra emblemática que convida o leitor a se deliciar numa leitura de palavras simples, cuja maior parte dos capítulos podem ser lidos fora da sua sequência.

Exemplo de trecho de RESUMO de Vidas Secas, de Graciliano Ramos:

A obra consiste numa crítica social sobre a seca do nordeste. Vidas Secas retrata as dificuldades de uma família de retirantes: Fabiano e sua esposa Sinhá Vitória, os dois filhos do casal e a cadela Baleia, estimada por todos como se fosse um membro da família.

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Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora, produz conteúdos educativos desde 2015. Licenciada em Letras pela Universidade Católica de Santos (habilitação para Ensino Fundamental II e Ensino Médio) e formada no Curso de Magistério (habilitação para Educação Infantil e Ensino Fundamental I).